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< Capítulo anterior: 56§ Cicatrizes da alma
Foram revelados mais pormenores sobre o dia do incêndio vinte anos atrás, bem como das famílias de Clara e Bruno. Surgiram as primeiras contradições entre as versões de Kika e Clara.
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— Érica —
— Espero que a água não esteja demasiado fria para si e para o bebé.
Sou sobressaltada pela voz da mãe de Bruno. Não sei como ela entrou em casa e como surge assim do nada, nas minhas costas, enquanto relaxo na piscina. Apresso-me a sair da água e cumprimentá-la.
— Como está, mãe? — questiono-lhe, tentando beijá-la. Porém, ao invés disso, recebo um aperto de mão gélido.
— Pode tratar-me antes por dona Isabel. Não estou acostumada a esse tipo de proximidades. Não é nada pessoal contra si, acredite! Mas mesmo com Eva, apesar de duas décadas de convivência imposta, sempre nos tratamos pelo nome.
— Como prefira, dona Isabel! — digo-lhe, engolindo em seco o seu comentário. — Foi o Bruno que a deixou a entrar?
— Na verdade foi um dos motoristas que se apercebeu de que a porta tinha ficado entreaberta e alertou-me para isso, ao cruzar-se comigo esta manhã. Vim só averiguar se estava tudo em ordem. — explica-me ela.
Bruno devia ter saído para o trabalho há uma meia hora. Acedera sem grandes argumentações ao meu pedido de ficar aqui em casa, sob a condição de não me expor demasiado fora dela.
Ele queria evitar as fofocas dos empregados e, especialmente, poupar um mal-estar desnecessário com dona Isabel. Como se eu me reduzisse a isso mesmo, um mal-estar desnecessário!
Eu optara por tolerar o comentário desde que ele não me insistisse com o tema do contrato, o que felizmente não o fizera.
O ambiente ao pequeno-almoço fora bastante descontraído. Tinhamo-lo tomado aqui no jardim, bem ao lado da piscina. Quando vira esta água tão translúcida e a sua frescura invejável, fora-me impossível resistir ao seu chamamento para dar um mergulho nela.
Assim, a primeira coisa que fizera, após ouvir o carro de Bruno descer a rampa, fora encontrar um biquíni nas coisas de Eva e, munida de toalha e bronzeador, vir para aqui.
Se dona Isabel tivesse chegado uns minutos mais cedo, teria presenciado uma adolescente pouco racional a fazer palermices na água.
Enxugo-me e bebo um gole da bebida que trouxe para a beira da piscina.
— Posso beber um pouco? Estou com alguma sede. — pede-me a mãe de Bruno.
Vejo-a levar um pouco do conteúdo do copo à boca e senti-lo no paladar, um pouco a medo.
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A Esposa Perfeita
Genel KurguTudo o que nasce do fogo, termina em cinzas! Eva é uma esposa troféu, tendo vivido mais de vinte anos rodeada de todos os luxos e comodidades provenientes desse casamento. Ela sempre foi exímia em interpretar o papel que era requerido dela: a mulh...