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< Capítulo anterior: 38§ Bipolaridades
A convivência entre Eva e Tiago continua longe de ser pacífica, tanto mais quanto Bruno continua a fazer sentir a sua presença através dum constante assédio de chamadas e mensagens.
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— Eva —
— Sabes que podes ir à tua vida! Já sou crescida e não tenho medo de ficar sozinha em casa. — digo a Tiago, já não suportando a forma errática com que ele deambula pela casa. Ele bem tenta disfarçar que está ocupado, mas dá para perceber que na realidade está a vigiar-me.
Tiago simplesmente ignora-me, o que já começa a tornar-se um hábito. Por mais que tente fazer conversa, raramente obtenho alguma resposta significativa. "Sim!", "Não!", "Pois", "Hãhã!" são as interações mais elucidativas que escuto de Tiago.
Divido o meu tempo entre o meu quarto e o alpendre da casa, evitando demasiada exposição ao sol, dado a minha doença. Obviamente que não falo dela a Tiago, uma vez que não temos qualquer proximidade e parece que tal não acontecerá num futuro próximo. Também não há forma dele saber, uma vez que é um assunto que quis manter privado, evitando de o comentar com quem quer que fosse.
Não suporto a idéia de ter mais gente a olhar para mim com uma compaixão forçada ou então com a pressa de se desenvencilharem do fardo em que me tornei. Já me bastam Carolina e Bruno para isso! Espero que não tenham contado a muita gente acerca da minha condição. Tendo em conta como a família Medeiros é tão reservada acerca dos seus assuntos pessoais, aposto que nem os motoristas se inteiraram do sucedido e assim posso estar descansada em relação a Tiago.
Almoçámos no mais completo silêncio, apenas sendo interrompidos pelas ocasionais sinalizações de mensagens recebidas no meu telemóvel. Tiago sempre lançava-me o seu olhar suspeito, a cada mensagem que recebia, a cada chamada que me recusava a atender. Mas não se atrevera a fazer qualquer comentário.
Respiro de alívio quando, a meio da tarde, vejo Tiago com um capacete no braço, sair de casa. Espreito discretamente pela janela, enquanto ele tira uma moto do barracão anexo à casa.
É uma Harley-Davidson! Sempre tive um fascínio por essas motas em específico. Cresci com essa referência, uma das poucas que chegava ao meu país, acerca do que poderia ser o mundo ocidental, desenvolvido e, acima de tudo, livre.
Toda a informação e meios de comunicação eram bastante controlados pelo governo. Nem eu, nem as minhas amigas, nem a minha família sentíamos falta do que não conhecíamos. Afinal tínhamos nascido e vivido todas as nossas vidas até àquele ponto, ali, naquele país.
Contudo, uma vez por outra haviam sinais que traziam uma lufada de ar fresco, que eram algo completamente disruptivo, quase transgressor. A primeira vez que vira alguém circular com uma Harley-Davidson, na pequena cidade onde ía ao liceu ficara maravilhada com aquela imagem de liberdade, imune às regras restritas a que era submetida em casa e na escola.
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A Esposa Perfeita
General FictionTudo o que nasce do fogo, termina em cinzas! Eva é uma esposa troféu, tendo vivido mais de vinte anos rodeada de todos os luxos e comodidades provenientes desse casamento. Ela sempre foi exímia em interpretar o papel que era requerido dela: a mulh...