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< Capítulo anterior: 77§ Sentimentos contraditórios
O reencontro entre Eva e Tiago não foi pacífico, fruto de todas as consequências que advieram da entrevista de Eva. Mas a maior está à espera deles em casa...
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— Tiago—
Perante a minha inação em esboçar qualquer gesto, a minha mãe contorna a sala, como que inventariando cada item, cada roupa, cada móvel.
— Pelo que vejo, pouco ou nada mudou por aqui, desde a última vez que vim até este lugar. — prossegue ela, perante o meu silêncio. — Terá sido há quê? Uns trinta anos? Mais?
Pára finalmente em frente a mim, como que me desafiando a olhá-la olhos nos olhos.
— Para ser sincera praticamente já nem me lembrava mais deste lugar. — insiste ela. — Melhor dizendo, optei por devotá-lo ao meu esquecimento. Sempre achei estas vilas pescatórias tão deprimentes.
Dona Isabel e os seus julgamentos pre-concebidos. Para ela o mundo é como um supermercado: tudo está etiquetado e nas suas devidas prateleiras e corredores. Ninguém pode fugir à sua catalogação inicial, derive ela da família onde nasceu ou do lugar onde foi criado. Lanço um olhar recriminatório a Eva, por me ter colocado nesta situação. Agora estou nas mãos da minha mãe e, ao contrário da maior parte da humanidade, isto não é um bom presságio.
— Não a culpes! — diz-me a minha mãe, fazendo jus ao seu hábito tão irritante quanto preciso de ler-me os pensamentos e adivinhar o que vai na minha cabeça. — O principal motivo de te ter achado foi isto!
A minha mãe ergue o pulso de Eva, exibindo a pulseira que lhe ofereci. Eva está pálida, e é fácil perceber que não cabe em si todo o sentimento de culpa e de remorso por este desfecho.
— Lembras-te de como te entretias a fazê-las, já em criança, do teu jeito singular? — prossegue dona Isabel, com o seu monólogo. — Nunca percebi donde veio este teu passatempo, talvez porque os passatempos não tenham uma explicação. Personalizavas cada uma para o seu dono, fazendo-a com as cores que na tua cabeça se aplicavam àquela pessoa.
A minha mãe usa agora uma bengala, e é evidente o efeito da idade nas curvas mais acentuadas do seu rosto. Conserva porém uma aparência agradável, fruto da sua aplicação disciplinada de cosméticos na proporção adequada para atenuar as rugas e imperfeições. Durante estes anos ainda vi algumas fotos suas em revistas ou jornais, as quais se foram tornando mais raras com o passar do tempo e a ascenção de Bruno e Eva como as caras do grupo Medeiros. Ela abre a sua mala de ombro e procura algo no seu interior, não tardando em encontrar.
— Esta foi a que fizeste para mim. — mostra-me a pulseira em cores preto e branco, religiosamente guardada e preservada, apesar de já ter várias décadas. — Lembras-te da explicação que me deste acerca dela? Que o preto e o branco representavam a maneira como eu via a tudo na vida, que para mim só haviam duas formas: o certo e o errado.
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A Esposa Perfeita
General FictionTudo o que nasce do fogo, termina em cinzas! Eva é uma esposa troféu, tendo vivido mais de vinte anos rodeada de todos os luxos e comodidades provenientes desse casamento. Ela sempre foi exímia em interpretar o papel que era requerido dela: a mulh...