41 § Ondas que curam

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< Capítulo anterior: 40§ Uma última viagem

Após mais um desentendimento, Eva decide ir embora e Tiago obriga-a a apanhar a sua boleia. Mas o desfecho da viagem acaba por ser inesperado...

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— Tiago —

Estou completamente ensopado quando estaciono a mota em frente ao barracão

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Estou completamente ensopado quando estaciono a mota em frente ao barracão. Ajudo Eva a descer da mesma. Ainda continuo reticente acerca de se fiz a coisa certa. Será que não estou a cometer um enorme erro ao decidir dar-lhe abrigo? Se calhar não devia ter vacilado no último instante.

Transporto a mala dela de volta a casa e percepciono o seu olhar de soslaio para o barracão. Ao notar que estou a vê-la, ela tenta disfarçar. Mas é claro que continua intrigada com o que está dentro dele.

Ao entrar em casa deparo-me com tudo fora de lugar. Não, não é que a casa tenha sido assaltada ou que uma ventania tenha entrado pela janela e emaranhado as coisas! Aquilo é obra de Eva!

— Podes ficar aqui no sofá! — digo-lhe de rompante, derivado da minha irritação com o facto dela ter estado a remexer em todas as minhas coisas. — Vou tentar encontrar alguns lençóis e cobertores para fazeres a cama! Isto se ainda conseguir descobrir onde eles estão.

A tez dela também se contorce. Provavelmente estaria à espera que eu fosse mais cavalheiresco e lhe cedesse o meu quarto. Bom, se ela tivesse feito menos fitas nas últimas horas, talvez eu estivesse mais receptivo a esse tipo de considerações.

"Definitivamente isto não vai correr bem!" — penso eu com os meus botões ao procurar a roupa de cama, que estava seguro de tê-la guardado na prateleira de cima deste armário.

Depois de abrir e fechar algumas portas e gavetas, lá as encontro. Inspiro e expiro profundamente, esforçando-me por recuperar alguma cordialidade. Acho que doravante vou ter de reforçar as minhas sessões de meditação para que a situação não se descontrole.

— Obrigado! — diz-me ela, quando lhe entrego em mão as cobertas ainda dobradas.

Perante a dificuldade de Eva em abrir o sofá, ajudo-a a convertê-lo em cama. Durante o processo é inevitável não apreciar a blusa molhada de Eva, que está colada a cada contorno do seu peito. 

Desde que Eva interrompeu o meu sossego, ainda não tinha parado um minuto para olhá-la como mulher. Nem mesmo no momento em que a resgatei do mar, praticamente despida, tive cabeça para me fixar nela com outros olhos senão os de a tentar reanimar.

À parte disso, Eva continua a ser uma intrusa, a esposa do meu irmão, uma mulher em quem não posso confiar, uma provável inimiga.

— Boa noite, Eva! — digo-lhe, mentalizando-me de que devo evitar proximidades com ela. Ao fim de vinte anos de casamento, certamente que ela saberá como ajeitar uma cama.

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora