52 § Lutas que quase matam

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< Capítulo anterior: 51§ O bar de todas as emoções

Eva e Tiago foram obrigados a uma proximidade que provoca algum desconforto entre ambos. Eva fica surpreendida com o local de trabalho de Tiago e não pode deixar de se aperceber da forma inusitada com que ele a espia por vezes...

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— Tiago —

Dirijo-me com Soraia nos braços para uma parte mais recolhida do bar

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Dirijo-me com Soraia nos braços para uma parte mais recolhida do bar. A zona é geralmente ocupada por clientes que preferem um ambiente mais calmo. 

Um sítio que concilie a capacidade de se manter uma conversa, enquanto bebem um copo, com a possibilidade de escutarem, como som ambiente, a música e a diversão que ocorrem quer em cima do balcão quer na pista de dança.

— Abram espaço! Esta rapariga está a passar mal! — ordeno aos clientes aí presentes, os quais não hesitam em acatar as minhas ordens.

Recosto Soraia num dos sofás. Ela já trabalha como dançarina no bar há vários meses. Conhecia-a pela primeira vez quando Ricardo me trouxe a este bar. 

A ida dele para a minha casa, após ter sido expulso pela sua família, veio provocar uma pequena revolução na minha vida e obrigar-me a abrir horizontes. Agora a história parece voltar a repetir-se com Eva. 

Pelos vistos, apesar do meu mau feitio, as pessoas tendem a interpretar a minha casa como um bom lugar para campo de refugiados!

Os gerentes do bar juntam-se de imediato à minha volta. Ele ainda dá instruções assertivas para os demais funcionários, com o intuito de minimizar o impacto deste episódio. Ela, com o seu jeito habitual de dondoca, estende-me uma garrafa de água, certamente convicta de que aquilo pode ajudar em algo.

— Chame a ambulância! — digo-lhe com veemência, recusando a inútil garrafa de água.

— Que exagero! — contesta-me ela, renitente em obedecer às minhas instruções.

— Faz o que o Tiago está-te a dizer! — reitera o marido e também gerente do espaço. — Não é tempo de pensarmos na imagem do negócio!

Esta noite, assim que vi Soraia, constatei que algo não estava bem. As pupilas dilatadas, os olhos envidraçados, semelhantes aos duma gata... 

Conhecia perfeitamente esses sinais, ou não fôsse eu frequentador da vida noturna já há vários anos, primeiro como cliente, agora como segurança de muitos destes estabelecimentos.

Impossibilitado de falar com ela, uma vez que estava no topo do balcão a dançar, ainda tinha tentado alertar os meus patrões. Ambos haviam persistido em desvalorizar a situação, considerando que era "normal" o consumo de algumas substâncias pelos clientes. 

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora