40 § Uma última viagem

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< Capítulo anterior: 39§ O barracão misterioso

À medida que Eva tenta descobrir um pouco mais sobre Bruno por conta própria, depara-se com um barracão trancado que converte-se numa perigosa obsessão para ela...

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— Eva —

Subitamente oiço o barulho da moto de Tiago aproximar-se

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Subitamente oiço o barulho da moto de Tiago aproximar-se. Fico sem saber o que fazer, com o cadeado na mão, a corrente no chão e a porta do barracão já ligeiramente arredada. A indecisão e o pavor imobilizam-me e de repente já não há volta atrás!

— O que procuras aí? — pergunta-me, descendo da mota, visivelmente incomodado.

Respiro ofegante, num misto de pavor e apreensão. Fui apanhada!

— Então, Eva? Não me vais contar o que espiavas aqui?

— Não estou a espiar coisa nenhuma! — resmungo, algo indignada com aquela teimosia de Tiago. — Procurava apenas um aspirador!

Tiago solta um riso desdenhoso, dando a entender que não acredita numa palavra sequer minha.

— Entra então! — indaga ele a princípio, convertendo de seguida o tom numa ordem. — Vamos, Eva! Procura duma vez o que queres! Não te vou impedir.

Fico retraída e algo temerosa pela minha segurança. Tiago entre-abre a porta que pouco deixa ver do que está no interior. O barracão não tem janelas, pelo que o único que consigo ver emergir de dentro é a penumbra.

— Isto tudo foi um erro! Nunca deveriam ter-me trazido para aqui. — reclamo, exasperada com o modo como tenho sido tratada nos últimos dias. — Eu não devia ter ficado nem mais um minuto a partir do momento que constatei que a casa estava habitada. Quero ir embora!

Viro-lhe as costas e caminho decidida em direção à casa. Por momentos receio que ele me agarre pelo braço e me obrigue a entrar dentro do malogrado barracão. 

Imagino ele a trancar-me lá dentro, meses a fio, dando-me pouco mais do que o suficiente para me alimentar e sobreviver. Talvez amordaçada e presa a um pilar de madeira qualquer, esperando que ele me sirva a refeição diária de pão e água.

Pego na minha mala, mais uma vez, que felizmente continua praticamente feita. Arremesso para dentro os poucos objetos pessoais que retirei e rezo para que ele me deixe ir embora. Quando chego à rua ele está novamente em cima da mota.

— Sobe! Eu mesmo vou-te levar à cidade, para garantir que vais mesmo embora!

Tiago quase me obriga a subir na sua Harley-Davidson. A minha resistência inicial de pouco vale, quando ele me retira veemente a mala e a coloca entre ele e o guiador. A sua postura de espera e praticamente de demanda não me deixa outra alternativa senão aceitar a boleia.

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora