22 § O diagnóstico

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< Capítulo anterior: 21§ Depois de mim

Bruno ficou inquieto com o estado de saúde de Érica. No final acabou por escutar a notícia que esperava há anos. No entanto, para além de Érica ainda existe outra mulher na vida dele e que está naquele hospital: Eva, a esposa.

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— Eva —

Já se passaram quase duas semanas desde que tive alta do hospital

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Já se passaram quase duas semanas desde que tive alta do hospital. Foram penosas as quase quarenta e oito horas que tive de permanecer lá, e não têm sido menos custosos os dias desde aí. 

O médico aconselhou-me repouso absoluto em casa, até que tivesse consigo todos os resultados das análises e exames que me mandou fazer. Há uns dias pediu-me que fosse de novo ao hospital e mandou-me fazer mais alguns exames complementares.

— O que tenho, Doutor?

— Ainda não temos certeza, Eva! É para isso que servem estes exames que lhe estou a pedir.

Após sair do consultório, Bruno insistiu em falar com o médico a sós. Será que se quis mostrar o marido preocupado perante o clínico? Ou foi uma tentativa sua de averiguar se ficaria viúvo em breve e eu não passava já duma mulher moribunda? 

Seja lá o que for que se tenha passado, Bruno abandonou de seguida o hospital, nem sequer esperando que eu terminasse de fazer tudo o que me fora solicitado.

Nos primeiros dias eu tinha ficado na cama totalmente contrariada. Porém ao ver as atitudes do meu marido e da minha sogra, passei a acatar à risca as indicações de repouso. 

Agora trata-se de uma pequena vingança minha, até mesmo pirraça. Um protesto à face de reprovação com que Bruno me olha todos os dias. A ele pouco lhe importa o meu estado de saúde ou o meu bem estar.

Nem o mediatismo que a reportagem acerca da minha visita à instituição de mulheres vítimas de assédio no trabalho está a ter, consegue aplacar a falta de compaixão de Bruno. 

Em abono da verdade e para ser justa, ele ofereceu-me um par de brincos deslumbrantes duma marca caríssima, no dia em que a reportagem foi selecionada para reportagem do ano. 

Foi um gesto bonito, mas bastante efémero, como têm sido ultimamente todos os nossos bons momentos. Ficou aquela sensação de um presente para agradecer a um empregado pelo bom trabalho, ao invés duma prenda para a esposa que tem estado sempre na frente da linha de batalha por ele.

Não obstante todas essas contrariedades, sinto-me orgulhosa com o impacto que a história daquela rapariga está a ter na comunicação social. Não é usual este tipo de temas captarem a atenção dos jornalistas e da sociedade por tanto tempo. 

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora