62 § Assombrado

1.6K 168 105
                                    

---------

< Capítulo anterior: 61§ Gratidão

Tiago surpreendeu Eva com uma celebração da sua recuperação que foi selada com uma pulseira e muito mais...

---------


— Tiago —

Recosto-me finalmente no sofá, relaxando um pouco com o som da água do chuveiro, que vem da casa de banho, onde Eva está a tomar um duche

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Recosto-me finalmente no sofá, relaxando um pouco com o som da água do chuveiro, que vem da casa de banho, onde Eva está a tomar um duche. 

Foi uma loucura, uma doce travessura de adolescentes, termos feito amor ali, junto ao mar. Felizmente, nesta altura do ano, é bastante improvável haver algum transeunte a passear pelo areal, ao pôr do sol. Afinal não há turistas ainda e as pessoas da vila têm outras praias maiores onde ir, ou estão ocupadas a confeccionarem o jantar. Aliás, se não fosse pela escola de surf, esta praia seria um tesouro escondido.

O bom desta vez foi que depois de nos amarmos, Eva não se escondeu de mim, não passou a agir repentinamente de forma evasiva. 

É verdade que quando o ímpeto do desejo e da paixão abrandou, e ela caiu em si, sentiu-se um pouco constrangida de nos termos exposto assim tanto, ali em plena praia.

Compreendo o seu ligeiro desconforto, dado ela não estar a par da dinâmica desta praia. Assim, enquanto ela regressou ao interior da casa, eu encarreguei-me de apagar cada uma das velas e recolhê-las com os seus respectivos recipientes de vidro. 

Após isso, encaminhei Brigite de regresso ao barracão e ainda estive uns minutos com ela a preparar a sua refeição.

Olho para o lado e avisto o meu tablet abandonado na outra ponta do sofá. Apresso-me a pegá-lo, com o intuito de ler na diagonal as principais notícias do dia. 

A presença de Eva como hóspede desta casa implicou que eu fosse forçado a partilhar tudo com ela, inclusive o tablet. Confesso que este conceito de partilha e, mais no geral, o de ter outras pessoas a mexer nos meus objetos, ainda é algo que me incomoda. No entanto estou mais do que disposto a aprender a fazê-lo.

Quando ligo o ecrã do tablet, gelo ao me deparar com a página que Eva deve ter deixado aberta. O meu corpo contrai-se, como se tenha visto uma assombração.

— Quem é esta mulher e porque estavas a consultar o perfil dela nas redes sociais? — questiono Eva, assim que ela aparece na sala, ainda enrolada na toalha de banho.

Mais de vinte anos haviam passado desde que eu vira aquelas mesmas feições, aquele mesmo rosto, aquele mesmo ar angélico e inocente que escondia algo de extremamente perverso. Cada pelo do meu corpo estava arrepiado perante aquele retrato tão vívido e nítido de Clara. 

Embora a pouca racionalidade que ainda me restava naquele instante, perante tamanho choque, me dissesse que era impossível ser Clara na foto; que por mais maquiavélica que ela fosse, era inverossímil ela ter encontrado a poção da juventude, de modo a preservar aquele ar de trintinha; o meu corpo não parava de emitir-me sinais de alarme, indicando que algo de muito terrível estava a acontecer. Algo que eu ignorara até ao momento.

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora