45 § O fugaz milionário

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< Capítulo anterior: 44§ Julgar Eva

Tiago tentou perceber, junto de Ricardo, quem realmente é Eva. Contudo, não podia adivinhar que o caçula também tinha algumas questões acerca do seu próprio passado...

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— Tiago —

	O namorado de Ricardo interrompe a nossa conversa, trazendo uma toalha de mesa na mão

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O namorado de Ricardo interrompe a nossa conversa, trazendo uma toalha de mesa na mão.

— Hora de almoçar! — diz ele, com o seu tom sempre festivo e duas oitavas acima do adequado para os meus tímpanos.

— Vamos a isso! — digo eu prontamente, desejoso de me esquivar à questão de Ricardo.

No entanto, após o companheiro de Ricardo estender a toalha e regressar à cozinha em busca dos talheres, pratos e demais peças cerimonialistas para a refeição, o meu irmão caçula aproxima-se de mim.

— Não penses que eu não percebi que mais uma vez fugiste à resposta. — sussurra-me ele ao ouvido — Esse é o teu grande problema, Tiago: tu não confias em ninguém! Culpas toda a gente à tua volta, quando na realidade o problema podes ser tu! Jamais saberei o que te fizeram no passado e estás no teu direito em não contar. Mas talvez já seja tempo de aprenderes a confiar um pouco mais nas pessoas à tua volta e permitires que elas façam parte da tua vida.

Eva regressa à sala, juntamente com o namorado de Ricardo. Embora só se tenham conhecido há pouco mais de uma hora, os dois já trocam sorrisos, como se fossem amigos de longa data. 

As palavras duras e aguçadas de Ricardo ecoam-me na mente, em conjunto com a acusação semelhante de Eva, mais cedo no barracão. 

Sei que têm alguma razão no que dizem, porém sou incapaz de confiar nas pessoas. Especialmente no que diz respeito a um assunto tão delicado quanto o que envolve a minha relação com Bruno. Nem sequer ao tio de Ricardo, que me socorreu naquela tarde infernal de verão do incêndio e me trouxe para aqui, tive a coragem de lhe revelar toda a verdade acerca do que se passou naquele fatídico dia.

O clima do almoço é algo tenso. Ricardo vai falando com o namorado e ambos procuram incluir Eva nas conversas. Ela mostra-se sempre prestável, como se fosse a dona da casa e já conhecesse os cantos àquela cozinha como ninguém. 

Posso perceber que Eva continua melindrada comigo e que Ricardo já captou perfeitamente o clima tóxico entre nós. No entanto, tudo isto só me impele a fechar-me ainda mais no meu silêncio, no meu mundo de suspeitas.

Depois do almoço, Ricardo decide ir dar um passeio pela ilha com o namorado. Ambos têm agora uma obsessão por manterem a elegância, que por vezes chega a ser aborrecida. 

Cozinhar para eles passou a ser uma ditadura, onde quase tudo o que seja saboroso e suculento é proibido. Basicamente alimentam-se de saladas, vegetais cozidos, doses minúsculas de arroz, batata ou qualquer outro hidrato de carbono. Entre as refeições parecem aves que vão consumindo sementes disto e daquilo para enganarem a fome e o organismo. 

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora