47 § O regresso da accionista

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< Capítulo anterior: 46§ Data incerta

Kika e Bruno não chegaram a um acordo acerca da data de casamento e das condições que o mesmo terá. Na reunião de acionistas Bruno recebeu uma visitante que não esperava...

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— Bruno —


Conduzo a reunião com algum nervosismo, diferente do habitual. A cada momento temo que a minha mãe a interrompa e levante alguma objeção que justifique a sua presença ali. Afinal, ela é uma das sócias maioritárias, tal como eu. 

Com o falecimento do meu pai, ela herdou metade de todos os seus bens, sendo a restante metade dividida por mim e por Tiago, que desaparecera sem deixar rasto. Ao fim de algum tempo, eu acabei por assumir, de forma não oficial, a sua parte. 

Nos primeiros anos, gastara ainda bastante dinheiro com investigadores privados, perícias e tudo o que pudesse aportar algo de fidedigno acerca de qual fora o desfecho do meu irmão. 

Precisava duma confirmação oficial da sua morte, para que pudesse herdar por direito a sua parte. Contudo, nunca foi possível confirmar o óbito dele, já que o corpo, ou algum indício dele nunca foi encontrado. 

De resto, o mesmo acontecera com diversas pessoas que tinham perecido durante o incêndio, ficando num tal estado que era impossível a sua identificação. 

Assim, acabara por me conformar em levar adiante a empresa, tornando o caráter provisório da gestão das ações do meu irmão, em algo definitivo. Não iria passar o resto da minha vida a conduzir a empresa duma forma condicionada, derivado ao paradeiro incerto dele.

Vou percorrendo slide a slide da apresentação, tendo um cuidado redobrado em passar a mensagem de forma clara e confiante. 

A dada altura o marido de Carolina intervém, como não poderia deixar de ser, com uma questão inócua e sem acrescentar qualquer valor. Ele é do tipo de indivíduos que acham que por colocarem questões vão parecer mais interessados e serem notados. 

Se não fosse em consideração há amizade que havia entre os nossos pais, já há muito tempo que teria forçado a compra da sua posição minoritária na empresa. 

Outro fator que também me levou a protelar essa ação foi a amizade que nascera entre Eva e Carolina. Na altura eu concluira que não valia pena criar mais esse foco de tensão desnecessária. 

Assim como o marido de Carolina, os demais sócios tinham também posições modestas no elencamento da painel accionista. Muitos deles tinham adquirido participação na empresa derivado de necessidades de financiamento que a empresa necessitara ao longo destes anos. 

Fosse por anos menos bem conseguidos ao nível do negócio do papel ou da madeira, fosse por motivos de expansão da companhia, em determinados momentos eu tomara a decisão de recorrer ao investimento particular para fazer face a essas injeções de capital.

— Estou agora disponível para responder a qualquer questão tenham acerca da apresentação. — digo ao grupo restrito de accionistas, após concluir a explicação do último slide.

Todos olham uns para os outros na expectativa de que alguém tome a iniciativa, mas ninguém intervém. Quando me preparo para dar por terminada a reunião, gelo ao ser interrompido pela voz da minha mãe.

— Efetivamente eu tenho uma questão que creio que não ficou respondida! — começa por dizer. — Gostaria de entender qual será o impacto para o grupo, decorrente dos rumores que todos aqui nesta sala já deverão ter ouvido, acerca do teu divórcio de Eva?

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora