Capítulo 5

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Mallu

Dois meses depois...

-Poderíamos ir naquela boate nova que abriu no centro... -Liam sugere.

-Então está marcado! Amanhã? -Julie diz e todos confirmam, menos eu.

-Você vai sim! -Lia diz me olhando.

-Gente, é que...

-Não tem essa não. Você vai e pronto! -Isabella diz.

Estávamos na praça de alimentação do shopping da cidade.
Havia se passado dois meses desde o dia da lanchonete, e nunca mais tive nenhum tipo de contato com Pieter.
Eu havia me aproximado do pessoal e confesso que eles tem sido meu refúgio em meio ao caos da minha vida.

-Tudo bem! -Me dou por rendida. -Tenho que ir.

-Eu te acompanho. -Liam diz e eu concordo.

-Eu não estou muito animada para essa festa. -Digo.

-Por que?

-Não sei... só não estou. -Dou de ombros.

-Você está bem? -Ele pergunta e eu fico confusa. -Eu tenho percebido seu mal estar costantemente, tonturas e palidez... Mallu, você está emagrecendo muito rápido, fora que eu não te vejo mais comendo.

-Eu estou bem, Liam. -Digo e ele me olha desconfiado. -É sério! Estou fazendo uma dieta mais rigorosa...

-Mallu? -Me viro e praticamente, dou de cara com um fantasma. Ou melhor, eu praticamente viro uma fantasma, de tão branca que devo ter ficado.

-Pieter? -Me surpreendo.

-Cara, se for para ofender é melhor nem se aproximar! -Liam diz me dando a mão.

-Amor... Me perdoa! Eu mudei! Mudei por você! Me da mais uma chance, Mallu! Eu amo você, meu amor! -Pieter diz e abraça minha cintura, enterrando a cabeça em meu pescoço. Me arrepio por completa.
Não vou mentir, eu senti saudades.

-Pieter... -Eu simplesmente congelei, não conseguia falar nada.

-Eu amo você, Mallu! Me da mais uma chance, meu amor... -Ele diz.

-Sai de perto, maluco! -Liam o empurra para longe de mim e passa um braço pela minha cintura. -Quem ama não machuca! Você não merecia a garota que teve e agora perdeu essa pessoa incrível! Mas se tu ama ela mesmo, como diz amar, deixa ela viver. Longe de você!

Liam me puxa para voltarmos a caminhar.
Dessa vez, fomos calados até chegarmos na minha casa, eu agradeço por isso. Eu precisava pensar.

-Mallu... -Liam me chama.

Eu não conseguia falar nada. E ele não me cobrou nenhuma explicação sobre o que havia acabado de acontecer. Liam sabia de que as vezes eu precisava de espaço, e respeitava isso.
Ele simplesmente me abraçou. Ele me abraçou e eu senti uma enorme vontade de chorar. E assim fiz.

-Chora... vai se sentir mais leve depois. -Ele diz afagando meus cabelos.

Eu devo ter ficado pelo menos vinte minutos naquele abraço enquanto chorava. E Liam ficou ali comigo, sem falar nada, seu abraço já me confortava.
Depois de estar mais calma, me sentei em um degrau da entrada da minha casa e pedi para que  Liam se sentasse ao meu lado.

-Então... -Começo.

-Não precisa contar se não quiser, Mallu... Não vou te cobrar nada. -Ele diz e eu sorrio. Esse menino era maravilhoso, meu Deus!

-Tudo bem... eu quero. -Digo e ele confirma. -Eu sempre gostei do Pieter... era aquela paixão de escola sabe... mas eu sabia que não era correspondido. Pelo contrário, Pieter sempre fez bullying comigo. Quando eu completei quinze anos, eu emagreci, e comecei a me arrumar mais, e foi aí que começou meu relacionamento com Pieter. Nunca foram flores, já houve traição da parte dele, mas eu o perdoei, porque o amor é isso né, perdoar... Ele sempre deixou claro o quão feia eu era e que a qualquer momento, eu poderia ser substituída por uma menina mais bonita e mais interessante.
Eu sempre fiz de tudo por ele, exatamente tudo. Mas não fui o suficiente... Ele teve que ir procurar em outra o que não achou em mim. E aquilo que você viu... eu realmente não sei o que foi.

-Mallu...

-Não quero que tenha pena de mim, Liam. Até porque ele tem razão! -O interrompo. -Olha para mim, Liam! Olha o quão feia e desinteressante eu sou. Facilmente substituída. Existem milhares de meninas muito mais bonitas do que eu, quem olharia para mim?

-Eu! -Ele diz e me surpreendo. -Mallu, você é linda! Uma das meninas mais incríveis que já conheci. Você é linda tanto por fora tanto por dentro... e agora, eu só confirmo o que já achava, você é uma pessoa extremamente forte! Aguentou e aguenta muita coisa sorrindo, coisa que eu não aguentaria nem chorando... Você é maravilhosa, Mallu. Nunca duvide do seu brilho.

-Liam...

Ele me interrompe colando nossos lábios em um beijo.
Nossas línguas dançam em perfeita sincronia, e nossas bocas se encaixam perfeitamente, parecendo que foram feitas uma para a outra.
Ele encerra o beijo com selinhos e antes que eu me afaste, ele cola nossas testas sorrindo. Me arrancando um sorriso também.

-Você é incrível, Mallu! -Ele sussurra.

Nos afastamos ao ouvir um pigarreio.

-Ryan... Não sabia que estava em casa. -Digo envergonhada.

-Estou esperando sua mãe para sairmos... -Ele diz olhando atentamente para Liam.

-Esse é o Liam, um amigo. -Apresento. -Liam... Esse é o Ryan, namorado da minha mãe.

-Como vai? -Ryan diz ainda de cara fechada.

-Bem... Já vou indo Mallu. -Liam diz.

-Até amanhã...

-Cuidado... qualquer coisa me liga. -Ele sussurra para que só eu ouça.

-Pode deixar. -Ele da um beijo em minha testa e vai embora.

Entro para dentro de casa e vou direto para o banheiro tomar banho.
Me despido e olho no espelho meu reflexo. Eu havia emagrecido e estava extremamente feliz por isso.
Consequentemente, meu rosto havia afinado também.

Entro debaixo do chuveiro e deixo que a água lave tudo.
Aproveito para pensar em tudo que estava acontecendo, em especial, Liam.
Por um momento eu me sentia feliz por saber que ele estava ao meu lado, e ao ouvi-lo me elogiar, foi algo mágico... saber que alguém me via daquela forma me deixava feliz.
E isso faz com que eu duvide se ainda tenho sentimento por Pieter.

Saio do banho e percebo que esqueci minhas roupas no quarto.
Me enrolo na toalha e saio do banheiro, dando de cara com Ryan no corredor. Coro de vergonha.

-Eu... esqueci minhas roupas. -Explico.

-Tudo bem... -Ele diz fitando meu corpo por completo. -Você é muito linda, Mallu. -Diz se aproximando. -Me deixa exitado. -Passa os dedos por meu rosto. -Tão lindinha... e podendo ser toda minha...

O que ele estava falando? Ou melhor, o que eles estava fazendo?
Por que eu não conseguia me mover? Por que eu não conseguia gritar? Ele estava me assediando.

Ryan se aproximou e retirou minha toalha com força, a jogando no chão. As lágrima já rolavam por todo meu rosto. Minhas garganta estava seca. E eu estava com medo. Muito medo.

-Olha só... tão branquinha. -Ele diz passando a mão pelo meu corpo. Era visível o volume em suas calças. -Prometo que você vai gostar... e até vai pedir mais.

Não. Não. Não.

Isso não podia estar acontecendo... Não podia.
Dentro da minha própria casa. Isso não podia estar acontecendo. Não podia.

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