Leiam o capítulo com a música, por favor. Boa leitura!❤
Mallu
Logo pego no sono, mas por pouco tempo... mal sabia eu o que estava por vir. Que aquela, seria a última vez que eu dormiria tranquilamente.
Ouço a porta do meu quarto ser aberta, me despertando. Mesmo com receio, olho para o local onde havia feito barulho e me surpreendo com o que vejo.
-Seu aniversário ainda não acabou, e agora é a minha vez de te dar um presente. -Ryan diz subindo em cima de mim.
-O que você está... não encosta em mim, por favor. -Peço tentando o tirar de cima de mim. Tentativa falha, já que ele deveria ter o dobro do meu peso.
-Você quer... vai até pedir por mais. -Ele retira sua camiseta e amarra minhas mãos. Ryan tira minhas roupas brutalmente, distribuindo beijos pelo meu corpo.
Fecho meus olhos na expectativa de acordar daquele pesadelo, porém eu sabia que era real. Bem real.
Escuto o barulho do seu zíper sendo aberto e ecoar pelo local.-Relaxa... Eu sei que você vai gostar tanto quanto sua mãe gosta. -Ele diz e eu sinto uma dor insuportável me invadir.
Eu sentia ele me rasgar. Era uma dor que eu não estava mais suportando.Eu tentei gritar, mas ele colocou a mão na minha boca, me impedindo que eu fizesse tal ação. Ryan fazia movimentos bruscos e apertava meus seios.
O que eu fiz? O que eu fiz para merecer isso?-Abre os olhos, Mallu... eu sei que você está gostando. -Ele diz misturado com gemido.
Eu chorava, tentava me debater, mas nada o fazia sair de cima de mim. E eu só podia rezar... rezar para aquele pesadelo acabar logo. Uma tortura que pareceu levar horas.
Quando eu finalmente senti que ele havia chegado ao seu clímax, Ryan sai de dentro de mim, me dando um certo alivio.-Se você contar isso para alguém, eu acabo com você e com a vadia da sua mãe! -Ele sussurra em meu ouvido, retirando sua camisa que amarrava minhas mãos.
Eu não conseguia me mover. Nem falar. Nem se quer eu conseguia mais chorar. Eu simplesmente congelei. E fiquei ali sentindo uma dor insuportável. Uma dor que ia além do físico. Era na alma.
Levanto ainda fraca pegando minhas roupas que estavam no chão. Coloco tudo dentro de um saco de lixo, junto com a roupa de cama suja de sangue. Deixo tudo dentro do guarda roupa para jogar fora pela manhã.
Vou rapidamente até o banheiro, olhando meu reflexo através do espelho.
Eu poderia ter feito mais, eu poderia ter impedido... mas não fiz. Eu estava tão suja quanto ele.Sento atrás da porta e choro. Choro por ter sido tocada à força. Choro por ter traído a minha mãe, por ter traído Pieter... Choro por ter me traido. E o pior de tudo... Eu não poderia contar para ninguém.
Pego uma lâmina em cima da pia e começo a fazer cortes em meu pulso, na tentativa de aliviar o nojo que eu sentia de mim mesma.
Ao ver a quantidade de sangue que saía do meu pulso, paro o que estava fazendo e entro no banho.Tudo o que eu mais queria, era que água lavasse a sujeira que eu sentia carregar. O nojo que eu sentia de mim mesma por ter passado por aquela situação. Dentro da minha própria casa.
Eu tomei banho. Mas não consegui que minha dor fosse embora junto com a água.Naquela noite, eu não consegui pregar meus olhos. Toda vez que eu estava a fechar meus olhos, a cena daquele monstro em cima de mim e da dor insuportável que eu senti, invadiam minha mente.
E lá se foram semanas tentando parecer o mais normal possível, para que ninguém descobrisse o segredo que eu carregava comigo.
-Você está bem? -Julie pergunta.
-Sim... Agora é aula de que? -Pergunto.
Se passaram duas semanas desde aquela data. Desde o pior dia da minha vida. Desde que eu morri por dentro pela primeira vez.
-Biologia... vamos? -Ela diz e eu concordo.
Essa noite eu não dormi exatamente nada. Mas não foi porque as lembranças me atormentavam, antes fosse... Mas porque essa noite, tudo havia sido pior.
Desde aquela noite, os abusos se tornaram frequentes, e as minhas crises de choro também.Esses dias minha mãe conseguiu uma vaga para enfermeira no hospital da cidade. O que a tornou mais ausente em casa, motivo para que Ryan pudesse fazer o que quisesse comigo.
Essa noite ele havia chegado bêbado em casa, e me obrigou a fazer coisas horríveis. Coisas nojentas.
Eu não conseguia mais me olhar no espelho e não sentir nojo de mim mesma.-Vou passar na casa de Pieter. -Digo após as aulas acabarem. Estávamos saindo do Colégio.
-Amiga... eu sei que você não caiu coisa nenhuma! Me conta o que aconteceu realmente aquele dia. -Jul pede.
Digamos que meu relacionamento com Pieter não anda um dos melhores.
Desde aquela noite, eu não consigo mais em hipótese alguma, sentir algum homem me tocando. Eu simplesmente saio de mim.Da última vez que Pieter tentou fazer sexo comigo, eu gritei, chorei, briguei... resumindo, chamaram a polícia porque os vizinhos acharam que Pieter estava me matando. Desde então a gente só briga.
E a nossa última briga, resultou dele me empurrando da escada. Bati a cabeça, levando pontos no local e torci o pulso.-Você sabe o que aconteceu! -Abro o jogo. -Nós brigamos feio naquela noite, ele estava nervoso e...
-E...? -Ela faz um gesto para que eu continuasse.
-E ele me empurrou da escada. -Digo.
-Isso é crime! Ele pode pegar de um a dois anos de prisão por violência doméstica! -Julie diz.
-Não, Jul... os pais dele são ricos. Muito ricos! Ele sairia fácil.
-Mallu...
-Eu vou acabar tudo que tenho com ele! Não está dando mais certo e, vai ser melhor assim! -Digo e ela concorda.
Eu não vou terminar com Pieter porque eu quero, mas porque Ryan me ameaçou. Ele tem um ciúmes doentio de mim, e disse que se qualquer outro homem me encostar, ele me mata e mata todo mundo que eu amo.
Eu não tamo por mim, não mesmo. Até porque eu já havia morrido a muito tempo. Mas eu temia por aqueles que eu amava.-Eu tenho que ir... até depois! -Me despeço e Jul e caminho até o apartamento de Pieter.
-Mallu? O que faz aqui? -Ele diz aparentemente nervoso.
-Nós precisamos conversar.
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A Cor dos Teus Olhos
Teen FictionAqui vocês irão ver a história de Mallu. Uma jovem que vive um relacionamento extremamente abusivo, mas que se nega a acreditar que é abusada psicológicamente pela pessoa que mais ama na vida. "-Ele está te matando aos poucos, você não vê? Se olha...