Capítulo 53

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Mallu

Termino de guardar minhas últimas peças de roupa na mala e a deixo no canto do quarto.

-Pela manhã de hoje, o fugitivo Ryan Lodge, foi encontrado morto, na beira de um rio. O mesmo estava sendo procurado pelos seguintes crimes: Assédio, tentativa de assassinato, abuso sexual e agressão contra mulher. -Desligo a televisão, me impedindo de continuar a escutar a repórter.

Ryan estava morto.

Morto.

O homem que acabou com a minha vida estava morto e eu estava feliz. Como eu podia estar feliz com a morte de alguém?

Eu só conseguia pensar em como minha mãe estava. Na hipótese de Liam já saber da notícia. Como ele está, afinal?

Será que está feliz com a notícia, assim como eu? Ou continua bom o suficiente ao ponto de não desejar mal a ninguém?
Mas agora não importa, eu iria tirar todas as minhas dúvidas amanhã. Sim, eu iria voltar para a minha cidade natal.

Eu mal pudia acreditar que, depois de três anos longe, eu estava voltando para Gettysburg. Eu estava voltando para a minha cidade.

Me deito na cama que começo a pensar em como a minha vida seria daqui para frente.
Sabe aquele momento que você, na maioria das vezes à noite, tem com você mesma? Que você se sente vulnerável e só quer ficar sozinha no seu canto? Era como eu estava naquele momento. Mas eu sabia que seria somente isso. Um momento. No dia seguinte eu iria me levantar e colocaria um sorriso no rosto, como se nada enstivesse acontecendo. Sempre era assim.

Narradora

Mallu, assim como cada um de nós, carregava marcas profundas dentro de si. E a cada dia, lutava contra um monstro diferente em seu interior. Cada cicatriz que carregava, não só em sua pele, mas como em seu interior, Mallu teve a ajuda de uma pessoa em especial para ajudar a curar cada uma.
Liam a ajudou, fez com que ela não se sentisse sozinha a cada dia que se passava.

E agora, mesmo estando com um homem diferente em sua cama a cada noite, Mallu ainda se sentia sozinha. Ela sentia um vazio dentro de si, e mesmo não admitindo, sabia que só uma pessoa preencheria. Uma pessoa especificamente.

A alguns quilômetros dali, Liam também estava na mesma situação. Desde que sua amada foi embora, o mesmo fazia de tudo para tirar a loira da cabeça.

Ambos sofriam, mas estavam dispostos a esquecer um ao outro. Mas mesmo depois de três anos, o coração de ambos, ainda se pertenciam, mas de acordo com eles, não podiam ficar juntos.

Um pouco mais tarde, ainda com os pensamentos no amado, Mallu foi até dia bolsa e pegou a carta que o moreno havia mandado à alguns anos. Sim, ela havia guardado a carta até os dias de hoje. E novamente, repondeu aquelas palavras mentalmente.

"Eu também te amo, e um dia, voltarei para você"

Já Liam se sentou no sofá, de seu enorme apartamento, onde morava agora, e ficou olhando a foto da loira, onde a mesma estava com seu filho nos braços.

-Estou indo. -Sara, uma mulher que Liam estava saindo, diz se aproximando dele.

-Você já conhece o caminho para a saída. -Ele diz sem dar muita importância, e voltando sua atenção para a foto.

Um pouco mais tarde, já cansado, Liam pegou a aliança que a loira havia deixando no dia em que foi embora, e se deitou na cama. Ele podia jurar que ainda sentia o toque e o cheiro da loira, para onde que quer fosse.

Em Rock Hill, Mallu estava relembrando de cada momento que passou ao lado dele. Durante essas lembranças, a loira acabou deixando algumas lágrimas caírem. E mesmo a quilômetros de distância, uma lágrima insistiu em rolar pelo rosto de Liam.

Ele lamentava que deveria ter ido até aquele aeroporto naquele dia, pensava que deveria ter lutado mais por quem amava.
E ela, lamentava por ser quem é. Lamentava por fazer mal a todos a sua volta, e consequentemente, ter deixado Liam, mesmo sendo pelo seu próprio bem.

Naquela noite, ambos estavam separados, porém estavam conectados pelo mais perfeito sentimento. O amor.

A cada lágrima que escorria pelo rosto da loira, escorria pelo rosto do moreno também. Eles estavam separados, mesmo querendo estar juntos.

A história dos dois, nos fazia duvidar se tudo realmente um dia teria um "final feliz". Porque naquele momento, todos acreditavam ser o final dos dois.

E seria mesmo o final? Aliás, quando é exatamente nosso final? Ou melhor, nós temos um final?

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