Capítulo 29

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Mallu

-Amor, já está na hora... acorda vai. -Deposito um selinho em seus lábios.

-Vou ficar mal acostumado. -Liam diz abrindo levemente seus olhos. -Bom dia amor da minha vida.

-Bom dia, meu anjo. -Digo sorrindo.

Acabo me lembrando de Pieter, o qual nunca mais tive notícias. Olho pelo que eu passei e hoje assumo que vivi um relacionamento abusivo. Hoje eu vejo como é o amor. O que eu e ele tivemos, poderia ser tudo, menos amor.

-Vou fazer o café, vai tomar banho logo. -Digo e saio do quarto.

Antes, eu achava que o amor era algo pesado, algo que eu nunca gostaria de sentir. Mas agora... eu vejo que estava enganada. O amor é tão leve que te faz querer ficar. Te faz querer sentir.

Vou em direção a cozinha e rapidamente faço o café da manhã. Eu não sou a pessoa mais indicada para estar em uma cozinha, mas eu tento.

Coloco o café, o suco, o bolo, que eu havia comprado, os ovos mexidos e o pão em cima da mesa. Me sentei em uma cadeira e coloquei uma certa quantidade de suco em meu copo.

-Está bem para ir à aula? -Liam pergunta se sentando ao meu lado.

-Sim... Estou bem. -Digo segurando em sua mão.

-Não acha que deveria descansar mais?

-Já faz três dias, Liam! Eu estou bem, amor. -Digo sorrindo e ele assente.

Após acabarmos o café da manhã, Liam me levou até a escola, que não demorou muito para chegarmos.

Assim que entro no prédio da escola, a primeira pessoa que vejo é Julie, que presumo estar me esperando.

-Bom dia. -Digo assim que me aproximo.

-Bom seria se eu estivesse dormindo. -Julie diz prendendo seus cabelos morenos, em um coque no alto da cabeça.

-Temos o que agora?

-Matemática. -Ela revira os olhos. Julie odiava matemática.

-Vamos! -Digo animada puxando a mesma.

As aulas fluiram bem, como sempre. Ao final da nossa última aula, chamo Julie para me acompanhar até em casa.

Aproveitei que iria andando para admirar a beleza de Gettysburg na primavera. As árvores estavam lindas, a cidade ficava colorida, animada. Eu amava esse clima.

-O apartamento é lindo! -Jul diz após entrarmos no mesmo.

-Já mandamos pintar o quarto do bebê. -A puxo, mostrando onde seria o quarto da sementinha.

-Vai ficar lindo... e o nome? Já escolheram? -Ela pergunta se sentando no sofá.

-Ainda não... Pensamos em Nicolas, Noah e Bernardo.

-Gostei de Bernardo, o que significa?

-Forte como um urso, e é isso que o meu bebê é... forte. -Digo alisando minha barriga.

-Você podia falar para o Liam me apresentar um amigo dele... -Ela diz.

-Sou pombo correio não! -Jogo a almofada nela.

-Que amiga chata!

-Aí... -Resmungo ao sentir uma leve pontada no pé da barriga. -Aí!

-O que foi? -Julie vem até mim, me colocando sentada no sofá. -O que está sentindo? Quer até eu ligue para a ambulância?

-Calma... -Digo respirando fundo, sentindo o incômodo ir embora. -Não foi nada... deve ser fome.

-Quer sair para comer? É melhor pedir... -Ela sugere.

-Pode ser... vou querer um hambúrguer com milkshake de chocolate. -Digo e ela assente se levantando. -Pede enquanto eu vou tomar um banho.

Vou para o banheiro e me despido. Vejo meu reflexo pelo espelho, e pela primeira vez em muito tempo, não sinto nojo do meu corpo ou desprezo.
Mas sinto orgulho. Orgulho por estar carregando uma criança dentro de mim. Por estar carregando o meu filho. Meu.

Passo as mãos pela minha barriga mediana e sorrio. Meu menino estava crescendo e apesar do problema que havia em seu coração, eu sabia que ele iria sobreviver. Porque ele era forte como um urso. O meu Bernardo.

Ao sair do banho, encontro Julie sentada no sofá. Ela assistia algum filme, que creio que seja de romance, pois a mesma estava chorando. Julie não chorava com facilidade, mas os filmes de romance, ganhavam uma exceção.

-Assistindo o que? -Pergunto, me sentando ao seu lado.

-Como eu era antes de você.

-O livro é melhor... para de chorar Julie!

-Ele morreu... que egoísta! Deixou a menina sofrendo e preferiu fazer a eutanásia. -Ela diz em meio ao choro.

-Egoísta seria ela, se quisesse que ele continuasse sofrendo só para ficar com ele.... -Suspiro. -Algo que eu não entendo... a proibição da eutanásia. A pessoa tem o direito de querer morrer.

Fomos interrompidas pela companhia tocando, indicando que nosso pedido já havia chegado.

O resto do dia foi resumido em ficarmos assistindo filme. Pelo fim da tarde, Julie foi embora. E não demorou muito para Liam chegar.

-Boa noite, amor. -Ele diz me dando um selinho.

-Boa noite, meu anjo. -O abraço.

-Boa noite, filho. -Ele deixa um beijo em minha barriga. -Vou tomar banho e iremos jantar fora, então se arruma e fique mais linda do que você já é.

Eram frase simples como essa, que qualquer mulher amava ouvir. Levantava nossa auto-estima.

Me arrumei o mais rápido possível. Vesti um vestido longo preto, já que era uma das minhas únicas peças que serviam. Coloquei uma sandália baixa para finalizar. Não sou muito fã de maquiagem, ou melhor, eu não sei me maquear, então fiz algo simples. Deixei meus cabelos soltos com suas leve ondas naturais.

-Você está linda! -Liam diz me dando um selinho. -Mais linda a cada dia... ainda mais carregando meu filho.

Liam era assim, fazia questão de me elogiar umas trezentas vezes ao dia, e eu amava isso nele.

-Onde vamos? -Pergunto após entrarmos no carro.

-Jantar... reservei um restaurante ótimo. -Ele diz segurando em minha mão.

Como Gettysburg, era uma cidade pequena, não havia trânsito, principalmente nesse horário. Então, logo chegamos ao local.
O restaurante era simplesmente incrível, tanto por fora, tanto por dentro. Tudo tinha um toque rústico, aperfeiçoando mais o lugar.

-Liam? Quanto tempo! -A recepcionista o cumprimenta. Eu não sei o por que, mas não gostei dessa mulher.

-Lívia... Como vai? -Meu namorado diz e percebo que ele estava sem graça pelo tom da sua voz. -É... nós temos reserva.

-No nome de sempre? -A mulher pergunta.

-No nome de sempre.

-Quem é? Alguma amiga? -A mulher pergunta enquanto olhava para o tablet. Que intimidade era essa? Eles já se conheciam...

-Minha namorada, Mallu. -Liam diz e percebo o orgulho em sua voz ao dizer tais palavras.

-Ah sim... -O sorriso da mulher desaparece. -Venham comigo.

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