Capítulo 38

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Mallu

-Você vai me levar ao hospital hoje? -Pergunto terminando de me vestir.

-Vou... -Liam concorda.

Já haviam se passado algumas semanas desde o dia que eu tive alta do hospital. E essa tem sido a minha rotina todos os dias: Ir ao hospital e depois voltar para casa.

-Vou aproveitar para pegar o exame. -Digo e ele confirma.

Nesse tempo que se passou, o homem, que é meu suposto pai, veio para a cidade e fizemos o teste de paternidade, o qual sairia hoje. Eu ainda não o vi e não pretendo, a não ser que o teste dê positivo.

Assim que chego ao hospital, sigo o caminho que eu já conhecia bem. Faço todos os procedimentos para entrar, assim como Liam.

Assim que entrei, me surpreendi com o que vi. Meu menino estava lá, sem nenhum aparelho e aparentemente bem.

-Bom dia! -A doutora Victória diz, sorridente como sempre. -Adivinhem só? O Bê apresentou uma melhora surpreendente! E achamos que chegou a hora da mamãe o pegar no colo...

A semanas a minha maior vontade era pegar meu pequeno no colo. Mas agora, o meu maior sentimento era medo. E se eu o deixar cair? Se ele não gostar de mim?

-Pega primeiro, amor. -Digo e Liam concorda, pegando nosso filho no colo.

Ele era a criança mais lindo que já vi... tão pequenino, tão frágil... Mas ao mesmo tempo, forte como um urso.

-Olha que lindo, mamãe! -Liam se aproxima com ele no colo.

-Ele é a sua cara! -A doutora diz.

-Bê... -Sorrio passando a mão em seu rostinho. -Ele é lindo!

-Sua vez... -Liam tenta passar o bebê para o meu colo mas me afasto.

-Eu posso deixa-lo cair e ele é tão... pequeno. -Suspiro. -É melhor não.

-Você precisa amamenta-lo... -Olho para Victória. -Sente-se aqui.

Me sento em uma poltrona e observo Liam se aproximando.  Aos poucos, ele vai passando Bernardo para meu colo.

-Segura a cabeça dele com cuidado. -A doutora diz e assim faço.

-Ele é lindo... -Digo emocionada.

-Tem os seus olhos. -Liam diz sorrindo.

-Pronta para amamenta-lo? -Ela pergunta e eu concordo.

Victoria me ajuda a deitar o Bernardo em meu colo e coloco meu seio para fora, logo ele pega jeito e começa a sugar o leite que havia ali.

-Ai... -Murmuro sentindo Bê morder o bico do meu seio. Aquilo era dolorido e estava me incomodando. -Isso dói.

-É assim mesmo... É porque é a primeira vez, logo você se acostuma. -A doutora diz.

E realmente, depois que me acostumei com a sensação, passou a ficar bom. E o sentimento de orgulho me invadiu... eu finalmente estava com meu filho nos braços.

-Quando ele vai poder ir para casa? -Pergunto de olhos fechados, enquanto inalava o cheiro daquele ser minúsculo em meus braços.

-A cirurgia dele está marcada para amanhã.

-Fica calma... vai dar tudo certo. -Liam diz beijando o topo de minha cabeça, parecendo que tinha adivinhado meus pensamentos, e eu concordo.

.  .  .

-Prazer, me chamo Dennilson mas podem me chamar de Dennis. -O homem a minha frente me cumprimenta.

-Mallu. -Digo sorrindo.

A alguns minutos nós havíamos chegado para buscar o exame e ao chegarmos, encontramos ele aqui.

Ele era alto, seus cabelos eram loiros e seus olhos azuis. E realmente, tinha certa semelhança comigo.

Leio o papel palavra por palavra. Mas meus olhos voam rapidamente até o final da folha, onde um "Positivo" se destacava.

Positivo.

Ele era o meu pai...

-E então? -Ele pergunta.

-Positivo... -Murmuro com os olhos marejados.

-Eu já sabia... -Ele diz com um sorriso no rosto. -Mas não tivemos oportunidade de conversar.

-Você me abandonou! -Digo limpando minhas lágrimas e indo para fora do local.

Por muitas vezes eu quis encontra-lo. Perdi as contas de quantas vezes sonhei com o nosso encontro. Quantas vezes eu planejei de quando encontra-lo, correr para um abraço.

Mas agora tudo pareceu um choque. Eu estava diante da pessoa que me rejeitou durante toda a minha vida. A pessoa que me abandonou...

Eu já passei noites em claro chorando enquanto sentia a dor da rejeição queimar dentro e mim. E agora a pessoa responsável por isto estava bem na minha frente.

-Mallu! -Olho para trás e vejo o mesmo parado. -Precisamos conversar.

-Conversar o que? Isso foi total erro! -Me altero.

-Me ouve... por favor!

-Você sabe o quanto eu sofri com a sua ausência? -Digo deixando minhas lágrimas escorrerem por meu rosto. -Por tantas vezes no meu aniversário, eu esperava por você... esperava que você aparecesse e dissesse o quanto me amava, ou que me telefonasse me desejando "Feliz aniversário"... Ou que nas festinhas de dia dos pais na escola, você estivesse lá! Eu esperei por você a minha vida toda! E sabe mais? Você nunca apareceu! Eu sempre disse que não ligava para a sua ausência, mas só eu sei, o quanto queria você ao meu lado! Mesmo que fosse para brigar comigo ou para implicar com meu namorado! Eu queria você ao meu lado, mesmo que fosse para me deixar de castigo... Sabe por que? Porque eu só queria você ali... eu só queria falar para minhas amigas o quanto eu amava o meu pai! Mas ao invés disso, sempre falei "Meu pai morreu"... porque para mim, você já havia morrido!

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