Capítulo 11

3.5K 320 84
                                    

Mallu

-Então, Mallu... você poderá voltar amanhã? -Senhor Buzanffa repetia pela segunda vez.

-Claro... até mais, senhor. -Me despeço e saio da cafeteria.

Vou caminhando até minha casa em passos lentos. Como pode alguém preferir ficar em qualquer lugar menos na própria casa?

-Você disse que viria para casa? Foi para onde? -Escuto a voz de Pieter assim que entro em casa.

-Agora que você chegou... já vamos indo. -Minha mãe diz e sai de casa acompanhada de Ryan.

-O que você está fazendo aqui? Pensei que não estava disposto a sair de casa hoje. -Dou uma risada sem humor.

-Você mentiu! Disse que viria para casa e foi para outro lugar! -Ele se aproxima segurando meu maxilar fortemente. -Você mentiu, Mallu.

-Pieter.

-Mallu, para de inventar desculpas! Para! Sempre é isso... você querendo controlar tudo! -Ele diz com o rosto vermelho de raiva.

-Amor, me desculpa!

Sinto uma ardência em meu rosto e pelo impacto, cambaleio para trás.
Ele havia me dado um tapa. Pieter, meu namorado, havia me agredido.

-Pieter...

-Amor! Me desculpa... Eu não queria, mas você ficou falando e... me desculpa. -Ele diz me abraçando.

-Você me agrediu! -Digo me afastando e colocando a mão no local onde ardia.

-Eu não queria... mas você praticamente pediu por isto! -Ele diz e eu o olho indignada.

-Pieter! Isso não tem justificativa!

Subo para meu quarto e me jogo na cama. Ele não podia ter feito isso... Ele me agradiu!
Eu não reconheço mais o Pieter. Ele era meu ponto de paz, em meio ao caos da minha vida... e agora, ele está se tornando a pessoa que eu mais quero ficar longe. Eu não estou reconhecendo o meu namorado.

-Mallu? -Escuto Pieter me chamar e o vazio ao meu lado na cama, ser ocupado. -Amor... me desculpa! Eu prometo que não vai se repetir.

-Eu espero mesmo, Pieter. -Me viro para o mesmo. -Eu suporto tudo, menos agressão!

-Me desculpe, amor... Eu amo você.

Me deito em seu peito e pego no sono rapidamente.
Ao acordar, Pieter já não estava mais do meu lado. Me levanto e vou ao banheiro, me despindo e entro debaixo do chuveiro, na expectativa que a água lavasse tudo de ruim que havia na minha vida.

Ao acabar o banho, visto minhas roupas, ainda no banheiro e paro para me olhar no espelho.
Eu havia emagrecido... não estava da forma que eu queria, mas estava mais magra.

Abro a porta do banheiro e paro. Aquela cena que vivi aqui nessa casa ainda me atormenta, e a culpa ainda me invade. A cada passo que eu dou, é como se ele ainda estivesse me tocando. E isso, era uma sensação horrivel.

-Menina! Vai vir jantar ou vai deixar para a próxima vida? -Minha mãe chama, me tirando de meus pensamentos.

-Estou sem fome... -Digo indo em direção ao meu quarto.

-Vai comer agora, antes que passe mal! Não estou com vontade de levar ninguém ao hospital. -Ela diz me puxando para a sala de jantar.

-Ryan? -Me surpreendo ao ve-lo sentado a mesa, no lugar de mamãe.

-Ryan agora passará a morar aqui conosco! -Ela diz se sentando a outra ponta da mesa.

-Mas mãe... não é muito cedo? Vocês se conhecem a pouco tempo e... -Digo sentindo o pavor me consumir.

-Mallu! -Ela me interrompe. -Cuide da sua vida, que eu cuidarei da minha! Agora cale-se e coma a sua comida.

-Alice, está tudo bem. -Ryan sorri para mim. Aquele sorriso que eu tinha pavor. O sorriso que ele dava ao me tocar. -Tenho certeza que eu e Mallu nos daremos muito bem!

-Espero! Ryan agora é o chefe dessa casa e você deverá obedece-lo, estamos entendidas Mallu?

-Sim. -Digo com os olhos cheio de lágrimas, começando a comer minha comida.

-Como anda a escola, Mallu? -Ryan pergunta mas permaneço calada.

-O Ryan te fez uma pergunta, da para responder? -Mamãe diz batendo na mesa.

-Mãe, eu quero ir atrás do meu pai. -Digo e ela gargalha.

-Do seu pai? -Ela diz parando de rir aos poucos. -Você não tem pai, Mallu.

-Eu tenho e eu quero conhece-lo. Eu sempre ouvi a sua versão... agora eu quero ouvir a dele. -Digo terminando de comer meu filé de peixe.

-A minha versão já não basta? Você está sendo muito ingrata, Mallu! Eu sempre te dei de tudo e agora você quer ir atrás daquele demônio? Sem chances. -Ela diz e se levanta, saindo da sala de jantar.

-Mallu, Mallu. -Ryan diz sorrindo. -Depois eu passo no seu quarto para comemorarmos a minha chegada!

Subo para o banheiro e me abaixo na altura do vaso sanitário, coloco meus dedos na boca, até eles chegarem no ponto certo, me fazendo colocar para fora minha única refeição no dia, o jantar.
Volto para o quarto, me trancando no local.

-Olha só... tão branquinha. -Ele diz passando a mão pelo meu corpo. Era visível o volume em suas calças. -Prometo que você vai gostar... e até vai pedir mais

As lembranças daquele monstro invadia minha mente. E agora... eu morava debaixo do mesmo teto que ele.

-Tão bonita... e toda minha. -Ele pega minha mão colocando em seu membro, onde o volume era bem visível.

-Sai. Sai. Sai.

Eu repetia afim de espantar as lembranças da minha mente, mas mas única coisa que conseguia era pensar naquele maldioto.

-Eu sei que você quer... você está pedindo por isso a semanas! -Ele diz e me beija a força.
Eu não correspondi, lógico que não. Mas eu simplesmente não conseguia afasta-lo.

Eu não consegui me afastar dele. Eu não o parei. Eu era tão suja quanto ele.

A Cor dos Teus Olhos Onde histórias criam vida. Descubra agora