Capítulo 18

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Mallu

-Não foi trabalhar, de novo? -Minha mãe pergunta e eu nego. -Vai perder o emprego.

Eu havia acabado de chegar em casa, e encontrei minha mãe fazendo comida. Diferente dos outros dias, ela estava com um sorriso no rosto. Ela estava feliz.

-Mãe... precisamos conversar. -Digo e ela me olha estranhando, mas assente. Nos sentamos no balcão da cozinha.

-E então? -Suspiro tentando criar coragem. Eu sabia que iria acabar com a alegria dela.

-Eu estou grávida. -Digo de uma vez.

-Como é? Mallu, eu sempre soube que você era irresponsável mas não a esse ponto! -Ela diz passando a mão em seus cabelos loiros em gesto de nervosismo. -O Pieter já sabe?

-Não...

-E por que não? Ele vai assumir essa criança porque eu não vou...

-Porque ele não é o pai! -A interrompo já com os olhos cheio de lágrimas.

-Como não? Mallu, não me diz que você foi vadia ao ponto de trai-lo?

-Claro que não, mãe! -Sinto minhas lágrimas escorrerem e minhas pernas perderem as forças. -Porque o filho é do Ryan.

Vejo as penas da minha mãe fraquejarem e ela cair sentada na cadeira. Seus olhos ficam vermelhos, e não demora nada para a primeira lágrima cair.

-Como... como você... -Ela tenta dizer mas não consegue. -Você traiu a sua própria mãe.

-Claro que não, mãe! Eu nunca seria capaz! -Digo segurando sua mão. -Ele me estuprou! Pela primeira vez no dia do meu aniversário e tem feito isso nas últimas duas semanas.

-É MENTIRA! PARA DE MENTIR, SUA VADIA! -Ela me da um tapa no rosto. -ELE NUNCA FARIA ISSO COMIGO! DIFERENTE DO QUE ACONTECE COM VOCÊ, O RYAN ME AMA!

-MÃE, ELE ME ESTUPROU E TE AMEAÇOU SE EU CONTASSE PARA ALGUÉM! -Digo tentando me aproximar mas ela me empurra.

-PARA DE MENTIR! VOCÊ DEVE TER PROCURADO! ELE É HOMEM! -Ela grita se sentando no chão enquanto chorava. -VOCÊ SEMPRE TEVE INVEJA DE MIM PORQUE EU FUI MISS E VOCÊ NÃO! VOCÊ QUERIA MEU TÍTULO, ASSIM COMO QUIS MEU NAMORADO! ELE NÃO TE QUIS E AGORA VOCÊ ESTÁ MENTINDO!

-Mãe acredita em mim, por favor... Eu nunca faria isso. Eu nunca faria isso com você!

-O que está acontecendo aqui? -Ryan aparece se abaixando na altura de minha mãe.

-A Mallu está indo embora. Pega as suas coisas e fora da minha casa! Eu não quero te ver nunca mais! -Ela diz abraçando o Ryan.

-Mãe...

-Não me chame disso! Você não é minha filha! Uma filha, não faz o que você fez com uma mãe! -Ela diz saindo da cozinha.

-Vadia! -Ryan pronuncia e vai atrás de Mamãe... ou melhor, da Alice Mary.

Subo para meu quarto e começo a arrumar minhas coisas. Pego somente o básico, já que eu não sabia onde iria ficar.

Eu não acredito que a minha própria mãe não acreditou em mim. Ela preferiu aquele monstro que conheceu a poucos meses, do que a própria filha.

Pego minhas malas e vou para a porta de entrada. Paro na porta, com esperança de que ela mude de idéia e me peça para ficar. Que ao invés de eu sair por essa porta, o Ryan saia. Eu ainda tinha esperanças que minha mãe acreditasse em mim.

-O que ainda está fazendo aqui? -Mamãe diz descendo as escadas. -Sai daqui! Agora! Não quero que minha casa seja contaminada.

Tinha nojo e desprezo na sua voz. O brilho que havia mais cedo em seus olhos, também havia sumido. Eu havia decepcionado ela.

Pego minhas malas e saio dali. Antes de virar para ir para rua, olho para trás. Escorria lágrimas pelo rosto de Mamãe... eu nunca tinha visto ela chorar. Alice fecha a porta e com isso, me deixou ali. Desabrigada e perdida. Sem ter a menor idéia de onde eu poderia ir.

O primeiro lugar que vem a minha mente, é a casa de Julie. E assim vou até a mesma. Eu realmente não sei como cheguei viva e no lugar certo. Eu estava tão devastada, que não sabia o que estava fazendo.

-Mallu? -Senhora Smith diz assim que abre a porta. -O que aconteceu, minha querida?

Eu simplesmente não consigo falar nada. Me jogo nos braços da mãe Jul e já caio no choro.

-Minha filha... -Ela acaricia meus cabelos. -Entre...
Entro e me sento no sofá da sala de estar, e logo Jul aparece.

-Amiga. -Julie vem até mim e me abraça forte. -Você contou para a sua mãe?

-Contei... -Ela faz um gesto para que eu continuasse. -Ela não acreditou em mim, Jul! Minha própria mãe não acreditou em mim.

-Mallu...

-Nós temos que ir na polícia, Mallu! -A mãe de Jul aparece com um copo de água com açúcar. -Eu já sei de tudo o que aconteceu...

-Desculpa amiga! -Julie pede e eu assinto.

-Tudo bem... senhora Smith, eu não posso... Ele ameaçou a acabar com a minha mãe, e mesmo depois de tudo... Ela ainda é sangue do meu sangue!

-Eu sei, minha querida. -Senhora Smith me entrega o copo d'água. -Nada vai acontecer com a sua mãe... nós temos que confiar na justiça e deixa-la agir.

-Tudo bem... Vocês conhecem alguma pousada ou algo do tipo? Eu tenho umas economias e...

-Nada disso! -Julie me interrompe.

-Você irá ficar conosco! Eu prometo que irá dar tudo certo, Mallu. -Senhora Smith diz e eu concordo. Mesmo duvidando que tudo irá dar certo.

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