Capítulo 34

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Mallu

-Amor, a grade fica desse lado. -Digo terminando de comer meu pacote de salgadinhos.

-Você disse que era desse... -Liam diz com a voz exausta.

-Espera... olha no manual, eu não sei! -Digo me virando de costas e voltando a dobrar as roupinhas.

Meu sétimo mês finalmente havia chegado e nós decidimos montar o quanto do Bernardo, já que a reta final da minha gravidez se tornou de risco e qualquer momento posso ir parar no hospital.

-Acho que acabei. -Escuto Liam dizer. -Diz que está bom, pelo amor de Deus! Não aguento mais!

-Está ótimo, meu bem! -Digo sorrindo. -Obrigada... agora trás o móvel que está lá na sala.

-'Tá' de sacanagem! -Ele revira os olhos.

Começo a arrumar o protetor de berço, que era na cor bege e branco, com alguns detalhes marrom, e sorrio ao imaginar que daqui a um mês, o Bê já estaria aqui conosco.

-Ele vai amar! -Liam diz parecendo adivinhar meus pensamentos.

-Sim... está tudo tão lindo. -Digo olhando em volta.

-Não acha melhor descansar um pouco? Você está em pé desde cedo. -Ele diz passando a mão em meus cabelos e fecho os olhos sentindo seu carinho.

-Tudo bem... vou tomar um banho. -Digo e ele assente.

Vou para o banheiro, me despindo e entrando debaixo d'água. Aproveito para lavar meus cabelos, fazer tal ato me acalma.

Ao sair, visto um short e uma blusa. Já que era verão na Pensilvânia, eu estava longe de sentir frio.
Passo meu perfume adocicado, suavizando tudo.

-Mallu, o detetive ligou e quer nos encontar... marquei para hoje a tarde, tudo bem?

-Ótimo... será que ele trouxe alguma novidade?

-Espero que sim...

Voltamos para o quarto do Bernardo e terminamos de arrumar o que estava pendente.
O quarto ficou a coisa mais linda. As paredes eram branca, combinando com os móveis e o berço que também eram da mesma cor.
Optamos por não colocar muita cor no quarto, deixamos algo mais delicado, para quando o Bê estiver maiorzinho, decidir sua cor favorita para colocarmos no quarto. Então, o local se limitava entre o branco e o beje. Lógico que, em algo ou outro, coloquei algo colorido, como o protetor de berço, que tinham alguns detalhes em azul. E as almofadas no pequeno sofá, que também eram azul e acompanhado, tinha alguns detalhes em marrom. E alguns ursos na cor amarela e verde.

Logo deu o horário para irmos encontrar o detetive William.
Tomei um banho rapidamente e vesti um vestido florido, que combinava com a atual estação.

Quando chegamos ao escritório do tal, não o encontramos sozinho, mas sim, acompanhado de um senhor.

-Mallu. -Ele acena para mim. -Liam.

-Enfim... se sentem! -Ele aponta para duas cadeiras a sua frente. -Esse é meu parceiro, Clark!

-Como vai? -O cumprimento brevemente.

-Então, nós fizemos de tudo para encontrar alguém, que batesse com as informações passadas e...

-E então? -O interrompo ansiosa.

-Então, nós encontramos um senhor, muito gentil por sinal. Não acredito que ele seja seu pai, pois ele não se parece nem um pouco com você, mas por via das dúvidas...

-E onde eu posso encontra-lo? Você tem o endereço dele? -Pergunto ansiosa.

-Como disse, ele é muito gentil, e mesmo tendo certeza que não teve nenhuma filha fora do casamento... Ele aceitou vir conosco. -Ele diz e eu sorrio abertamente. -Ele está em um hotel aqui perto... se quiser lhe passo o endereço.

-Por favor... -Sorrio. -Quero ve-lo antes de fazer qualquer exame.

. . .

-Eu acho que é aqui... -Liam diz olhando para o papel com o endereço. -Vamos?

-Eu... estou nervosa. -Digo sentindo minhas mãos gélidas suarem. -Será que é uma boa idéia?

-Amor... calma! -Ele entrelaça nossas mãos. -Eu vou estar com você e... só iremos saber se é a coisa certa a se fazer se formos até lá.

-Tem razão...

Entramos no prédio e deixamos nossa identificação na recepção.
Subimos até o andar indicado e logo achamos o quarto certo.

-308... é aqui. -Liam diz batendo na porta.

Um homem de aparentemente cinquenta anos abre a porta.
Eu não sei o que senti no momento... uma certa decepção.
O homem a minha frente não tinha qualquer semelhança a mim.

-Você deve ser o senhor Dennilson... certo? -Liam pergunta por mim, já que eu estava parada enquanto olhava para o homem.

-Sou eu sim... e você deve ser a Mallu. -O homem diz olhando para mim com um sorriso no rosto.

-Sou eu sim... -Sussurro.

-Entrem por favor! -Ele nos da passagem para entrar.

O quarto era simples, mas muito aconchegante. Nos sentamos em um pequeno sofá e o homem a nossa frente.

-Então... -O tal Dennilson começa após alguns minutos de silêncio. -Eu sinto em lhe dizer mas tenho certeza que não sou seu pai.

-Eu sei... -Digo sentindo meus olhos marejarem. -Eu sinto isso... mas por via das dúvidas...

-Claro! Iremos fazer um exame só para termos certeza. -Ele diz sorrindo.

-Como o senhor tem tanta certeza que não é pai da Mallu? -Liam pergunta e eu aperto sua mão o repreendendo.

-Liam... -Sussurro.

-Não tem problema. -O senhor diz sorrindo. -Sabe meu filho... eu tenho vinte anos de casamento e posso te garantir que nesse tempo todo, eu nunca trai a minha esposa.

Eu senti firmeza em sua frase. Ele falava com orgulho e eu sabia que era verdade. Ele não era meu pai. Eu sabia disso, mas lá no fundo, eu ainda tinha esperanças, então decidimos fazer o exame.

O senhor Dennis era muito simpático, não se incomodou em nenhum momento em nos ter ali.
Pelo fim da tarde fomos em bora. Permaneci todo o caminho calada.

Será que ainda valia a pena continuar nessa busca que parecia não ter fim? E se acontecesse mais encontro como este? Eu não quero me decepcionar mais...

E fora que talvez seja melhor eu manter uma boa impressão do meu pai, do que me decepcionar mais ainda após conhece-lo...

-Amor, eu não sei se quero continuar as buscas. -Digo me deitando ao lado de Liam.

-Por que? -Ele pergunta me puxando para seu colo.

-Eu não quero perder minhas esperanças a cada dia mais, como aconteceu hoje! -Digo com meus olhos marejados. -Fora que talvez seja melhor assim... do que eu encontra-lo e me decepcionar.

-Mallu, para! -Ele diz ríspido. -Cresce, Mallu! Você é forte o suficiente para passar por isso tudo! Você já passou por coisas piores e está com medo disso? Por favor, Mallu! A vida é assim! Você se decepciona, quebra a cara, e não é por isso que vai morrer! Fora que você só vai saber disso se tentar... continuou tentando até aqui por que vai parar agora?

-Okay... -Digo saindo de seu colo e me deitando.

-Olha... -Ele suspira me abraçado, após alguns minutos de silêncio. -Desculpa...

-Tudo bem, você tem razão... eu já passei por tanta coisa, não posso desistir agora. -Digo o abraçando. -Mas não fala mais comigo daquela maneira.

-Tudo bem, amor... eu estou com a cabeça cheia... teve problemas no trabalho e amanhã tenho que ir cedo resolver. -Ele diz e eu o encaro.

-Mas amanhã é o dia que vamos fazer o teste de D.N.A.

-Eu sei, Mallu.. Me desculpa, mas você vai ter que enfrentar essa sozinha. -Ele diz apertando mais meu corpo sob o seu. -Você consegue.

-Tudo bem... eu consigo.

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