Dois anos depois
Mallu
-Já estou indo. -Digo me levantando da cama.
-Até a próxima. -Ele resmunga voltando a dormir.
-Não terá uma próxima. -Me visto saindo do quarto rapidamente.
Esses anos que se passaram foram resumidos nisso. Eu continuo trabalhando na mesma cafeteria, mas hoje em dia, estou empregada como gerente.
Hoje em dia, eu passei a aproveitar mais a minha vida. Saio sempre que da e pela manhã, mal sei o nome do homem com que me deitei.-Alô? -Coloco meu celular perto do ouvido.
-Amiga... eu estou na sua casa... pode vir aqui? -Escuto a voz de choro de Katherine.
-O que aconteceu, Kath?
-Vem aqui ... Por favor. -Pede em um murmuro.
-Estou indo. -Encerro a chamada, pegando um táxi e indo em direção ao meu apartamento.
Durante esses anos que se passaram, eu perdi o contato de todos de Gettysburg. Mas não pense que foi por querer, eu perdi meu celular e assim... Meus contatos foram junto.
-Katherine? -Chamo adentrando no meu apartamento.
Nesse tempo eu e Katherine nos aproximamos de uma forma inexplicável.
-Estou aqui! -Escuto ela dizer e vou em direção ao meu quarto, vendo ela deitada na minha cama.
-Você está em casa, por um acaso? -Brinco.
-Estou. -Ela funga. -Adivinha quem está grávida?
-Não me diga que é você. -Brinco já sabendo que a suposição é quase impossível.
-Acertou... -Murmura e eu acabo caindo da cama por causa do susto.
-Como é? -Apoio minhas mãos na cama me levantando. -Você? Grávida?
-É... -Ela diz com os olhos marejados. -Eu não posso ter esse bebê.
-Katherine... -Abraço ela, que desaba em meu ombro.
-Eu vou viajar e... vou interromper. -Ela diz limpando as lágrimas. -Eu não posso... Não tenho condições psicológicas de criar uma criança... vai ser melhor assim.
-Eu vou te apoiar em qualquer decisão que você possa tomar.
-Obrigada... Não só por isso, mas por tudo... eu nunca vou ter palavras para agradecer.
-Olha ela está sensível. -Brinco e recebo um tapa dela. -Doeu!
-Se não fosse para doer, eu faria carinho. -Revira os olhos.
-Verdade seja dita, nem nos meus melhores sonhos eu imaginei que teria alguém como você do meu lado. Você é a companhia que não cansa, a ajuda que eu preciso, a palavra que eu escuto, e principalmente a risada que me alegra. A gente se entende, a gente briga, discute e se defende até o fim. Você se tornou a minha base, o meu porto seguro, a minha corda.
Eu não sei o futuro, não sei o que vai ser de mim. Os sonhos vão mudar, o tempo não vai parar. Mas eu sei, que aconteça o que acontecer, você vai estar lá... então não, eu é quem tem que agradecer. -Suspiro. -Você me salvou de mim mesma.-Para que eu estou sensível!
Não demorou muito para Kath ir embora, dizendo que iria arrumar as malas, porque iria para o Uruguai para poder fazer o procedimento de interrupção.
Sinto meu estômago roncar e pego minha garrafa de whisky, colocando certa quantidade em um copo e bebendo.
Durante esse anos, eu fiz de tudo para emagrecer. E novamente, a forma que escolhi não era nada saudável. De alguma forma, passei a beber no lugar de comer.
-Pieter? -Abro a porta de certa forma, surpresa. -Entra.
-Trouxe para você. -Ele diz balançando um pequeno pacote com um pó branco.
-Estava precisando! -Abro um sorriso, me aproximando, mas antes que eu pudesse pegar o pacote, ele se afastou.
-Mas antes... -Ele me agarra pela cintura beijando meu pescoço.
-Vai logo com isso. -Peço impaciente, já retirando minha roupa.
Não me chamem de vadia, puta, oferecida ou suja. Não me julguem. Eu passei por muita coisa que só eu sei, e acabei encontrando uma forma de "aliviar" o estresse.
-Toda vez que fazemos sexo, você parece não querer. -Ele diz ofegante.
-E não quero... mas preciso disso. -Me visto indo em direção a mesa, pegando meu pacotinho.
Faço uma fileira com o pó, e pego uma nota na minha carteira. Posiciono em meu nariz, inalando tudo.
Jogo minha cabeça para trás, aproveitando a sensação.-Nós poderíamos...
-Já conseguimos o que queríamos... estamos todos satisfeitos, agora você já pode ir. -Digo impaciente.
-Achei que...
-Achou errado. -O interrompo. -Você já conhece o caminho de saída.
Continuei aproveitando até acabar.
No fim do dia, Katherine chegou, para se despedir, pois viajaria de madrugada.-Já comeu hoje? -Ela pergunta tragando o cigarro e soltado a fumaça em seguida.
-Não gosto desse cheiro. -Digo após espirrar. Eu realmente não gostava do cheiro de cigarro.
-Não fuja do assunto, você já comeu? -Ela repete a pergunta.
-Já. -Desvio o olhar. Eu odiava mentir para Katherine, nós éramos tão parecidas em diversas coisas, que ela me conhecia mais do que eu mesma.
-Está mentindo. -Diz jogando o cigarro fora. -Vou fazer macarrão com queijo.
-Eu não quero, Katherine! Macarrão engorda e...
-Não me importo! Você vai comer. -Ela diz indo para a cozinha.
Em poucos minutos, Kath colocou um prato de comida para mim e fez questão de ficar comigo na mesa, até que eu comesse o último fio do macarrão.
-Não estava ruim, estava? -Ela pergunta após eu acabar de comer.
-Não... -Murmuro sentindo meu estômago embrulhar.
A comida não estava ruim, mas eu simplesmente não conseguia comer nada. Meu organismo já havia se acostumado, e nada descia.
-Eu já vou... -Ela diz pegando a mala.
-Boa sorte, amiga... eu queria ir mas você sabe que meu chefe não iria liberar. -A abraço.
-Eu sei... Obrigada! Até mais!
A observo entrar no elevador e e asism que a perco de minhas vistas. Corro para o banheiro, colocando para fora, tudo que eu havia comido.
-Esforça-te, porque é você por você mesma. -Digo colocando um pouco de vodca em uma copo, e virando tudo na boca de uma vez.
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A Cor dos Teus Olhos
Teen FictionAqui vocês irão ver a história de Mallu. Uma jovem que vive um relacionamento extremamente abusivo, mas que se nega a acreditar que é abusada psicológicamente pela pessoa que mais ama na vida. "-Ele está te matando aos poucos, você não vê? Se olha...