Capítulo 31

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Mallu

-Anda logo, Mallu! Quero chegar ainda hoje! -Liam me apressa.

-Me ajuda a fechar minha sandália aqui. -Peço e ele logo se abaixa, fazendo o que eu pedi.

Hoje iríamos começar a fazer o enxoval do Bê. Meu sétimo mês já estava batendo na porta e decidimos fazer logo o enxoval. Minha barriga estava enorme, e eram poucas as roupas que estavam cabendo no meu corpo, então, aproveitaria para comprar algumas roupas para mim também.

-Amor... eu quero levar tudo! É cada um mais lindo que o outro! -Digo animada após entrarmos na loja.

-Vamos levar esse, olha que lindo! -Ele me mostra um boddy com a frase "Amo meu papai"

-Se fosse "mamãe", seria melhor. -Brinco.

-Será que nosso filho vai vir loiro como você? Com esses olhos intensos? -Liam acaricia minha barriga.

-Lógico que vai! Vai ser bonito igual a mãe. -Me gabo.

-Olha que macacão lindo. -Ele me mostra a peça de roupa na cor azul.

-É lindo... -Digo sorrindo. -Eu não faço a mínima idéia do que um bebê precisa.

-Eu também não, por isso chamei reforços. -Ele aponta para a entrada da loja, onde eu vi Julie e sua mãe entrando.

-Jul? Tia? -Digo surpresa.

-Lógico! Vim te ajudar para o meu neto não passar frio! -Tia Smith me abraça fortemente e acaricia minha barriga.

-Olha que lindo! -Julie diz mostrando uma mini camisa social. Sorrio ao imaginar o Bê usando.

Vou na parte dos sapatinhos e pego variedades. Roupas de criança era um vício, você quer levar tudo, mesmo sabendo que o bebê não vai usar nem a metade.

-Amor... você pode comprar algumas roupas para mim? Depois eu prometo que te pago, é porque a maioria das minhas roupas já não cabe mais... -Peço sem graça. Eu odeio pedir alguma coisa para alguém, principalmente quando envolvia dinheiro. Eu me sentia uma interesseira mercenária.

-Claro! E não tem essa de pagar não... pode escolher o que quiser. -Ele diz entrelaçando nossos dedos.

Fui até uma loja e escolhi bastantes peças de roupas. Variedade em blusas, calças, vestidos, macacões... aproveitei para comprar outros assessórios que iria usar depois da gravidez, como bombinha para tirar leite, chupetas, sutiã para amamentação...

-Você vai levar isso aqui também. -Julie me mostra uma lingerie de renda vermelha. Era... sexy.

-Julie... eu nem tive tempo de te contar... -Digo e ela faz um gesto para que eu continuasse. -Eu e Liam passamos das... é... preliminares.

-Vocês... -Ela deixa a frase no ar e eu concordo. -Aí meu Deus, amiga! Você conseguiu! E como foi?

-Bom... Liam fez com que fosse incrível. -Digo sorrindo ao me lembrar da nossa noite incrível.

-Fico feliz por você... -Ela diz sorrindo. -Eu estou saindo com um cara...

-Quem? -Sorrio maliciosa.

-Gabriel... Um amigo do Liam. -Ela diz sorrindo.

-Desencalhou! -Brinco sorrindo.

-Palhaça. -Ela nega com a cabeça enquanto ria.

...

-Vamos para casa? Meus pés estão doendo. -Peço após passarmos a tarde toda no shopping. -Acho que compramos tudo...

-Vamos.

Colocamos as sacolas no carro e entramos no mesmo. Pelo que fiquei sabendo, Tia Smith e Julie iriam lá para a nossa casa, então iriam no carro atrás de nós.

Logo chegamos no prédio e como as sacolas eram muitas, Liam disse que depois buscava.

Subimos até seu apartamento, e logo estranhei por sua porta estar destrancada. Assim que vi o movimento dentro do apartamento, me surpreendi.

Havia uma grande mesa na sala, com alguns balões azuis e branco. O nome 'Bernardo' se destacava na parede com letras azuis em brilhante.

-Você não achou que ficaria sem um chá de bebê, né? -Sinto Liam me abraçar por trás.

Estavam todos ali. Lia e sua avó, Isabella e seus pais, meu sogro, Tia Smith com Fred e Julie. A minha família. A família que a vida me presenteou.

-Está tudo... tão lindo! -Digo com lágrimas em meus olhos. -Gente muito obrigada!

-O Bê na sua primeira festinha! -A Tia diz.

-Presente para meu sobrinho lindo. -Lia me entrega uma sacola vermelha.

-O neném está para nascer quando? -A mãe de Isabela pergunta.

-Mês que vem. -Digo meio entristecida.

-Vai dar tudo certo, querida! Logo ele estará correndo pela sala. -Ela diz sorrindo.

-Crianças são uma bênção! -A avó de Lia diz sorrindo.

-Lembro-me quando Liam nasceu... Era um menino chorão, mas que logo estava sorrindo. -Meu sogro diz. -O sorriso dele me lembra a Poliana.

-Quem é Poliana? -Pergunto olhando para meu namorado.

-Minha mãe... Ela falesceu quando eu tinha sete anos. -Ele diz.

-Eu sinto muito. -O abraço de lado, passando meus braços pelo seu quadril.

-Os olhos azuis e o cabelo moreno herdou de minha pessoa. -Senhor Lancaster diz todo orgulhoso.

-Licença! -Olho para a porta e me surpreendo com o que vejo.
Eu esperava qualquer um aqui, menos ela.

-Alice. -Digo ríspida. -O que está fazendo aqui? É só para a família.

-Eu sou sua mãe! -Ela diz como se o que eu tinha dito, fosse a coisa mais absurda do mundo.
Quem faz, esquece. Mas quem sofreu, sempre vai lembrar.

-Uma mãe não faz o que você fez com uma filha! Você não deve nem ser considerada um ser humano, Alice! -Tia Smith diz, se levantando e ficando de frente para a loira.

-É advogada dos pobres agora, Olivia? -Alice diz dando uma risada sem humor. -Ou montou um cabaré na própria casa?

-VOCÊ ME RESPEITE! -Tia Smith desfere um tapa no rosto de Alice, que cambaleia para trás. -SAI DAQUI AGORA, ALICE!

-Eu só estou aqui para falar com você! -Ela aponta para mim. -Eu quero que você volte para casa! Com uma condição! Tire essa coisa de você! -Diz apontando para minha barriga.

-Respeite minha mulher e meu filho! -Liam diz antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. -Você não tem direto de exigir nada! Agora saía daqui!

-Sabe, se fosse antes, eu até poderia fazer isso só para te agradar! -Me levanto e digo calmamente. -Mas hoje em dia não... eu não preciso de você, Alice! E tenho pena de quem precise.

-Como você pode falar comigo desde jeito? -Se faz de ofendida.

-Da mesma forma que você pôde me expulsar de casa e ainda me acusar. -Dou uma risada sem humor.

-Você vai se arrepender, Mallu! Escute o que eu estou dizendo. -Ela diz e sai do apartamento.

Eu estava em choque. Não sabia de onde havia tirado forças para enfrenta-la. Mas agora, eu sentia um orgulho enorme crescer dentro de mim mesma. Eu consegui me livrar de algo que me fazia mal. E agora, eu me sentia tranquila por ter falado aquilo. Eu não sentia vontade de chorar, muito menos de gritar. Eu estava bem.

-A cada dia que passa, você me deixa mais orgulhoso! -Liam diz beijando o topo da minha cabeça. -Eu te amo.

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