Capítulo 36

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Mallu

O mês se passou voando e mal pude notar quando já estava no meu oitavo mês. Trazendo junto minha apreensão e medo do parto. A Cesária já estava marcada para a próxima semana e eu mal podia me conter.

-Amor, senta um pouco. -Liam me chama.

-Eu só estou terminando de arrumar as roupinhas... já vou. -Digo dobrando as últimas peças e logo saio do quarto.

Tomo um banho frio e visto um short e uma blusa, já que estava calor. Coloco uma sandália baixa e vou até Liam, que me esperava na sala.

Nesse mês que havia se passado, alguns homens apareceram com a suspeita de ser meu pai, mas nenhum era de fato.

Hoje iríamos até o escritório do detetive William, para sabermos mais sobre o caso.
Assim que chegamos, o mesmo estava sozinho, enquanto olhava alguns papéis.

-E então? -Pergunto.

-Nós encontramos um Dennis... ele tem quarenta e cinco anos, é loiro e tem olhos claros. -Ele começa. -Quando mostramos a foto da sua mãe, ele a reconheceu.

-Então quer dizer que... -Liam começa mas o interrompo.

-Eu não vou criar expectativas novamente... marca com ele na clínica e depois me avise, por favor.

Saio e vou para a praça que havia em frente ao prédio. Eu não poderia criar expectativas novamente e me decepcionar como eu me decepcionei com os outros oito que passaram por aqui. Então eu iria manter o máximo de distância possível.

-Ele marcou o exame para daqui a uma semana, por que o homem ainda não veio para cá. -Liam diz se sentando ao meu lado.

-Tudo bem... eu não vou criar expectativa para me decepcionar novamente. -Digo e ele concorda.

-Tudo bem, é um direito seu.

-Aí! Aí... -Reclamos após sentir dores no pé da barriga.

-O que foi? -Liam pergunta nervoso. -O que foi, amor?

-Nada... o Bê está agitado hoje... -Dou um sorriso fraco, me sentando novamente.

-Calma filho... Não pode machucar a mamãe. -Liam se abaixa na minha frente, começando a falar com nosso filho. -Sua mãe está muito estressadinha, fala para ela ficar calma.

-Eu estou calma. -Sorrio sentindo a dor aliviar.

-Eu amo você, meu menino! -Liam deposita um beijo em minha barriga e me ajuda a levantar.

Fomos para casa e assim que cheguei, a primeira coisa que fiz foi ir tomar banho.
Estava saindo do banheiro quando sinto um líquido escorrer pelas minhas pernas e uma forte dor no pé da barriga.

-Aí... SOCORRO! -Peço enquanto tentava me apoiar na parede para não cair. -LIAM! ME AJUDA!

-Amor? -Ele parecia confuso mas assim que olhou para o sangue escorrendo por minhas pernas, se desesperou. -AMOR! AÍ MEU DEUS! NOSSO FILHO! FICA CALMA...

-CALMA COISA NENHUMA! EU ESTOU SANGRANDO PELAS PERNAS! -Digo sem paciência.

-Eu vou pegar seus documentos... calma. -Ele diz e percebo que ele não sabia o que fazer.

-Está doendo... aí! -Lágrimas começam a escorrer pela minha face. -Me ajuda amor... está doendo.

-Calma... Calma. -Eu realmente não sei se ele estava falando calma para mim ou para si mesmo. -Vem... consegue ir até o carro?

Assinto e fomos em direção ao hospital da cidade. Assim que chegamos, dei entrada na emergência e me encaminharam para o centro cirúrgico.

-Amor... Não quero ir. -Digo antes de me separarem de Liam.

-Nós teremos que fazer uma cesária de emergência para não comprometer a vida do bebê e assim que ele nascer, levaremos para a cirurgia. -Meu sogro diz. -Vá se trocar... você poderá acompanhar o parto.

Eles me levaram até uma sala toda branca e tiraram minhas vestes, colocando a roupa de hospital. Logo sinto uma dor absurda nas costas, tento me mexer mas não consigo.

-Eu... eu não estou conseguindo mexer minhas pernas. -Digo já entrando em desespero.

-É o efeito da anestesia, fique tranquila. -Uma enfermeira diz.

-Eu estou aqui amor... calma. -Liam aparece ao meu lado.

Eu não estava sentindo absolutamente nada, só escutava o barulho dos meus batimentos cardíacos e a voz de Liam.

-Fica calma, meu amor... Vai dar tudo certo. -Liam sussurrava enquanto passava a mão em meus cabelos. -Nosso menino está vindo.

Eu não conseguia pronunciar nenhuma palavra. Mas meus olhos estavam cheio de lágrimas por medo, alegria, preocupação e outros sentimentos misturados.

-Ele está com o cordão no pescoço! -Escuto alguém dizer.

-Não podemos tira-lo assim... Não podemos correr esse risco. -Outra pessoa diz.

-Nós vamos fazer de tudo que for preciso! É meu neto! -Escuto meu sogro dizer.

Eu tentava pronunciar algumas palavras mas simplesmente não conseguia. Minha boca estava dormente e eu só sentia as lágrimas escorrerem pela minha face.

-Ela não vai aguentar por muito tempo! Está perdendo muito sangue! -Escuto dizerem após eu sentir minhas vistas pesarem.

-Aguenta firme, nosso filho precisa de você... Eu preciso de você! -Liam sussura beijando levemente meus lábios. -Fica aqui comigo.

Tento ao máximo permanecer com os olhos abertos, mas os minutos pareciam levar horas e eu estava cada vez mais exausta.

Eu já estava quase fechando os olhos, quando escutei um choro fino ecoar pelo local, me despertando.

-Nosso menino nasceu amor! Nosso Bernardo! -Liam diz e posso ver lágrimas caindo de seus olhos.

Sinto um peso sob mim e sorrio levemente. Meu menino...

Meu menino estava aqui comigo..

Eu havia conseguido.

Eu consegui.

Passo a mão pelo seu rostinho e sorrio fechando os olhos, e apagando totalmente.

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