Capítulo 6

4.5K 383 93
                                    

Mallu

-Amor? Está aí? -Escuto a voz de mamãe no andar debaixo.

-Salva pelo gongo... -Ele ri. -Se você contar a alguém, eu acabo com você... até porque, você estava pedindo andando pela casa desse jeito.

Ele se afasta e então, solto a respiração que eu nem havia me dado conta que prendia.
Pego minha toalha rapidamente que estava no chão e corro para meu quarto.

O que eu faria agora? Eu não pedi... Não pedir para ser assediada! Eu só esqueci minhas roupas...

Encosto na porta e começo a chorar. Não era possível... Eu deveria ter um carinho por ele né? Por fazer minha mãe feliz... mas a única coisa que consigo sentir é ódio. Ódio dele. Ódio de mim.

Me olho no espelho e sinto nojo de mim, nojo do meu corpo.
Eu permiti que ele me tocasse. Eu poderia ter gritado, mas não... Não consegui.

Eu deixei...

Pego uma lâmina em cima da estante e começo a fazer cortes no meu pulso afim de aliviar a dor que eu sentia naquele momento e por um segundo, consigo.
Sinto minha visão ficar turva e caio na cama.

...

Acordo sentindo cossegas pelo meu corpo. Abro os olhos e tenho a pior visão do mundo.
Ryan passando a mão pelo meu corpo.

-Não me toca! -Tento me encolher na cama.

-Ah menina... nós ainda teremos momentos como este... porém, mais íntimos. -Ele diz passando a mão pela minha coxa.

Por que eu não conseguia me mexer? Por que eu não conseguia gritar? Eu queria sair de perto, queria impedir, mas eu não conseguia. E novamente, eu estava deixando ele me sujar...

-Tão bonita... e toda minha. -Ele pega minha mão colocando em seu membro, onde o volume era bem visível.

-Por favor... para... -Digo tão baixo que pelo visto, ele não escutou. E se escutou, fez questão de ignorar.

-Eu sei que você quer... você está pedindo por isso a semanas! -Ele diz e me beija a força.
Eu não correspondi, lógico que não. Mas eu simplesmente não conseguia afasta-lo.

-Querido... o jantar estar pronto! -Escuto a voz de minha mãe no andar debaixo.

-Salva novamente, pela vadia da sua mãe. -Ele diz sorrindo. -Eu volto.

Ele sai do quarto e é aí que consigo respirar novamente.
Eu devia ter gritado... mas eu simplesmente não consegui. Por que eu deixo ele me tocar? Por que? Eu sou tão vadia ao ponto de trair minha mãe?

Visto uma calça de moletom e um casaco do conjunto. Coloco um tênis, pego meu celular e saio.

Eu não poderia ficar aqui, sabe lá o que aquele maluco seria capaz de fazer. E eu não estava disposta a passar por isso. Não estou. Não de novo.

-Mãe, vou dormir na casa da Julie. -Digo e ela finge não me escutar, continuando a conversa com Ryan.

Caminho lentamente até a casa da Julie. As ruas de Gettysburg nesse horário estavam vazias, e como já era outono, e aqui nessa época do ano fazia bastante frio, as pessoas preferiam ficar em suas casa, em frente a uma lareira, tomando um belo de um chocolate quente ou um chá.

Ao chegar na casa de Julie, sou recebida por sua mãe, que me atende com um sorriso no rosto.

-Senhora Smith, quanto tempo... -Digo.

-Sim... andou sumida. Senti saudades! -Ela me abraça.

-A Julie está? -Pergunto.

-Está sim... íamos jantar agora, quer se a juntar a nós? -Convida sorridente.

-Claro. -Entro e assim que chegamos na sala de jantar, vejo Julie e o irmão, fred, sentados em seus lugares. -Boa noite.

-Boa noite? Aconteceu alguma coisa? -Julie pergunta desconfiada.

-Jul, não seja indelicada, ela é minha convidada para o jantar! -Senhora Smith se aproxima de nós. -Vou buscar mais um prato para você, querida.

-E então? -Jul pergunta ao ver sua mãe se afastar.

-Depois conversamos. -Me sento ao seu lado. -Como vai, Fred? -Comprimento seu irmão de seis anos.

-Bem, Mallu! E você? -Ele diz docemente.

-Estou bem.

Logo a mãe de Jul, volta com meu prato e jantamos em um clima agradável, coisa que não existia na minha casa a muito tempo.

Me impressiono com a união de Julie e a mãe. É de deixar qualquer um impressionado. O pai de Julie e Fred, se divorciou da senhora Smith após o nascimento do caçula, e foi morar na Califórnia. Então era somente os três naquela casa.

Após acabarmos o jantar, ajudo Julie com a louça e depois vamos para seu quarto.

-E então? Vai me contar o que aconteceu? -Jul pergunta se sentando na cama.

Eu não podia contar a ela o que acabará de acontecer. Eu tinha a minha parcela de culpa. Eu deixei que ele me tocasse. Eu não gritei. Não me afastei. Quem cala concente, não é isso o que dizem?

-Eu e Liam nos beijamos. -Digo sorrindo.

-Aí. Meu. Deus. -Ela diz pausadamente. -Esse é o casal que o mundo quer ver! Eu apoio!

-Para Jul... -Digo envergonhada. -Deixa eu terminar.

-Okay... e como foi? -Ela pergunta com um sorriso enorme no rosto.

-Bom... foi algo que eu quis, sabe? Não me senti pressionada como... -Não consigo terminar.

-Como com o Pieter. -Ela completa.

-Ele me elogiou, disse que eu sou incrível e forte... e que ele não aguentaria nem chorando o que eu aguento sorrindo. -Conto com os olhos inundados. -Ele é incrível e... eu não o mereço.

-Não diga isso, Mallu! Você é linda e incrível! -Ela diz colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. -Fora que... Ele gosta de você e isso é perceptível.

-Eu também tenho carinho por ele mas... Eu amo o Pieter. -Lamento.

-Desapegar de alguém é como arrancar um dente. Quando ele é arrancado, você se sente alividado, mas quantas vezes você passa a língua no lugar onde antes o dente estava? Milhares de vezes por dia provavelmente. Só porque parou de te machucar, não significa que você não vai notar. Ele deixou um buraco onde estava, e as vezes você vai se pegar sentindo uma tremenda falta dele. Então você deveria ter mantido o dente? Não, pois ele estava te causando muita dor, portanto, arranque, desapegue. Se dê uma nova chance de ser feliz! -Ela diz e eu sorrio.

-E é por isso que você é a melhor amiga do mundo! -A abraço.

E pela primeira vez em muito tempo, eu consegui dormir em paz. Sem me auto-mutilar ou se provocar meu vômito. Eu só dormi... tranquila.

A Cor dos Teus Olhos Onde histórias criam vida. Descubra agora