Capítulo 49

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Mallu

-Katherine? -Me surpreendo ao abrir a porta.

-Vim te fazer companhia! -Ela diz animada.

-Entra.

-Sua casa é bonita, mas se fosse tudo preto, ficaria melhor. -Ela aponta para o local.

-Gosto do branco. -Dou de ombros. -Me atraí.

-A morte também me atraí mas eu ainda não morri. -Ela diz como se fosse a coisa mais normal do mundo.

-Seu humor negro acaba comigo. -Me jogo no sofá ao seu lado.

Se passou uma semana desde que voltei do hospital e Katherine se tornou uma ótima amiga. Sabe aquela pessoa que você tem uma conexão inexplicável? Era a minha relação com Kath. Ela me fazia bem.

-Vamos sair comigo? Prometo que vai ser legal! -Ela chama.

-Não... você sabe que não gosto dessas coisas.

-O Henrique vai e eu queria ir...

-Por que você não assume logo que gosta dele? Está escrito na sua testa. -Digo rindo e ela me olha de cara feia.

-Porque eu não gosto! -Disse como se fosse óbvio. -Ele é o meu melhor amigo! Apenas.

-Melhores amigos se beijam? -Provoco.

-Você é chata demais! Por que mesmo ainda sou sua amiga? -Ela diz rindo.

"Nunca é questão de tempo, mas é a pessoa" Essa frase nunca fez tanto sentindo quando se trata de nós duas. Katherine era uma das poucas pessoas que eu sentia que poderia confiar.
E eu sempre irei agradecer. Ela me tirou da escuridão que estava sendo meus dias.

-Vamos... por favor! Por mim, vai...

-Você não vai me convencer com chantagem emocional. -Reviro os olhos.

-Mas quando você quis ir naquele museu chato, eu fui com você...

-Tá bom, Katherine! Eu vou! Agora cala a boca. -A interrompo.

Em poucos minutos Katherine foi embora para que podesse se arrumar.

Me despido e aproveito para olhar meu reflexo no espelho. Era visível que eu havia engordado. Minhas olheiras por causa das noites de sono perdidas, também eram visíveis. Eu estava acabada.

Tomo meu banho rapidamente e lavo meus cabelos. Ao sair, seco-os e faço algumas ondas. Visto um vestido que deveria valorizar minhas curvas... ou melhor, as curvas que já não se encontravam em mim. As gordurinhas eram vistas e os famosos "pneus" apareciam demais, me fazendo desanimar de vestir qualquer roupa.

Retiro ele e visto uma calça jeans com alguma blusa. Por fim, coloco minhas botas. No rosto não faço muita coisa, apenas passo um lápis, que destacava o azul dos meus olhos e passo um batom vermelho sangue.

-Você está linda! -Katherine aparece na porta do meu quarto.

-Você devia parar de entrar na casa dos outros assim.

-Não é a casa dos outros... é a sua casa!

-Não quero mais ir... -Reclamo.

-Mas você vai! Preciso de alguém para me trazer quando eu estiver chapada.

-Vou deixar você lá! -Rimos.

Logo saímos em direção a alguma balada da cidade.

Eu realmente não me lembro a última vez que fui à uma balada ou alguma festa. Talvez no começo do meu relacionamento com Pieter. Eu, uma mulher de vinte e um anos, só fui três vez à uma balada em toda a minha vida.
Eu nunca fui essas meninas que precisavam ir a alguma festa todo fim de semana. Entre uma festa ou ficar em casa, sem dúvidas eu escolheria e escolho a segunda opção.

-Vamos pegar bebida? -Kath me puxa.

-Eu não... -Mal terminei de falar, e Katherine já virou seu pequeno copo na boca.

-Tequila... sua vez. -Ela me entrega outro copo. -Bebe de uma vez... fica melhor.

Fiz o que ela falou e virei o líquido que estava no pequeno copo de uma vez em minha boca. O líquido desceu queimando.

-Isso é ruim... Mas gostei. -Disse rindo.

Ela me puxa da pista de dança e começamos a movimentar o corpo de acordo com o ritmo da música.

Ás duas da manhã, eu já estava bem animadinha. Minha visão estava turva e eu não sabia mais o que estava fazendo.

Estava indo no bar para pegar mais bebida, quando senti um toque em meu braço e me puxarem para trás.

Sinto a pessoa rapidamente aproximar seu rosto ao meu e colar nossos lábios. Eu estava bêbada e mal sabia o que fazia, então me deixei levar.

-Pieter? -Digo assim que paramos o beijo.

-Como vai, Mallu? -Diz dando um sorriso de lado.

-Idiota. -Saio negando e me arrependendo amargamente por ter beijado alguém que acabou com a minha vida, de alguma forma.

-Mallu? O que foi? -Escuto Katherine me chamar mas continuo andando até sair completamente do estabelecimento.

-Que inferno! -Resmungo, vendo a parede se dividir em dois e o chão se afastar de meu alcance.

-Vamos para a casa. -Vejo Katherine ao meu lado, me impedindo de cair.

Assim que cheguei em casa, a primeira coisa que fiz, foi correr para o banheiro e colocar tudo que bebi para fora.

-Vai tomar banho. -Ela diz me ajudando a entrar debaixo do chuveiro.

A água fria me ajudou a ficar mais consciente e sóbria. Saio e visto uma roupa de dormir.

-Quem era aquele homem? -Kath pergunta me entregando uma xícara com café.

-Meu ex namorado.

-O amor da sua vida?

-Longe disso... o meu pesadelo. -Digo desviando o olhar, até que algo chamou minha atenção.

-O que foi?

-Você também tem... -Toco em seu pulso, que havia algumas marcas.

-Eu já passei por muita coisa nessa vida, Mallu.

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