Noah
Me virei na cama e Yohanna não estava mais ao meu lado. Queria ter acordado primeiro, adoro vê-la em um sono tranquilo. Vesti só uma calça de moletom e fui no banheiro escovar os dentes, quando saí ouvi um barulho na cozinha. Ela estava de costas pra mim, mexendo na pia, me aproximei devagar memorizando a imagem maravilhosa dela vestida com a minha camisa, a abracei por trás beijando seu pescoço.
— Bom dia! Você fez esse bolo? — peguei um pedaço.
— Sim, assou rápido, é um bolo simples e eu fiz essa calda de limão para ficar diferente — se sentou na cadeira.
— Está uma delícia! Você podia cozinhar pra mim quando eu me mudar pra cá — servi uma xícara de café pra ela e depois pra mim.
— Pensei que gostasse de morar com os seus pais — comentou.
— Eu acho que já estou grandinho demais pra ficar morando com os meus pais, mesmo eu adorando acordar e o café já estar pronto.
— Boa sorte! Morar sozinho não é tão maravilhoso quanto as pessoas dizem, mas você vai ter pessoas trabalhando pra ti, então não será trabalhoso ter que limpar tudo isso ou lavar a louça — disse — Desculpe, se falei demais — sorriu, sem graça.
— Relaxa! Vou contratar alguém pra limpar, mas acho que eu consigo lavar a minha própria louça e fazer um café, só não garanto que vai ficar bom.
— Use a cafeteria elétrica, é a melhor coisa para quem não sabe fazer café muito bem.
— Vou tentar! Dormiu bem?
— Sim e você?
— Também, mas eu queria acordar com você ao meu lado.
— Ei, não se apega! — zombou.
— Eu sinto lhe informar, mas acho que eu já estou me apegando — a encarei séria.
— Então pode tratar de desapegar, sabe que não podemos ter nada, e isso é só coisa de momento, um desejo — se levantou, indo lavar a caneca e pratinho com os talheres.
— Você sabe acabar com as esperanças de um cara, em? — a virei pra mim, passei o braço em sua cintura e a coloquei sentada no balcão, ela soltou um grunhido por conta do granito estar gelado.
— Eu só não crio esperanças do que pode não acontecer, prefiro ter os pés no chão, do que ficar imaginando o nosso futuro juntos.
— Você não tem sentimentos, Yohanna? — apoiei minhas mãos um de cada lado da sua perna.
— Eu tenho, mas é complicado, Noah. Eu preciso ir! — pulou do balcão, indo em direção ao corredor.
— Eu vou ti levar! — avisei.
Suspirei pesado. Ela não deveria me comparar com outro, mas é normal as pessoas fazerem isso, eu também falei pra mim mesmo que não iria ter mais ninguém e agora eu estou querendo ter algo com a minha futura secretaria.
— Yohanna? — a chamei, quando voltei pra sala, já pronto para ir embora.
Meu celular apitou indicando mensagem, o peguei de dentro do bolso e era da Yohanna.
Yohanna: Desculpa ir embora sem me despedir, mas eu recebi uma ligação e precisei sair correndo!
O guardei de volta e fui pra casa, mas tive uma surpresa quando vi Marjorie sentada no sofá conversando com os meus sobrinhos.
— O que faz aqui? — arquei uma sobrancelha.
— Sua mãe me convidou para o almoço, ela não ti disse? — neguei — Eu pensei que soubesse.
— É difícil quando ela me comunica as coisas. Vou pro meu quarto! — me virei, subindo as escadas.
— Oi — encontrei com Alícia no corredor.
— Oi! Como você está?
— Estou bem! Eu fiz as pazes com o Lorenzo, foi tudo um mal entendido, daqui alguns dias vamos nos mudar pra uma casa maior — sorriu.
— Fico feliz, maninha! Mamãe disse à você que havia chamado Marjorie para o almoço? — negou.
— Eu acho que a nossa mãe está achando que pelo fato da Marjorie estar esperando um bebê seu, vocês vão voltar — eu soltei uma risada.
— Se ela estiver esperando isso, é melhor estar sentada para não cansar — revirei os olhos.
— Eu já comentei isso com Rebecca e ela concordou comigo.
— Eu vou trocar de roupa e daqui a pouco desço — avisei.
Minha mãe só pode estar pirando! Eu e Marjorie não vamos voltar, mesmo que ela quisesse, confiança é algo que não temos mais, e um relacionamento precisa disso. O almoço foi tranquilo, Marjorie só falou do bebê quando alguém lhe perguntava sobre o assunto, eu a levei embora e conversamos um pouco sobre os dias da sua consulta.
— Vocês vão jantar aqui também? — olhei pra minha família toda sentada no sofá, as crianças estavam no chão brincando.
— O que tem? A comida da minha sogra é ótima! — Lorenzo elogiou.
— Eu vou embora amanhã, irei levar as minhas coisas pro meu novo apartamento — me sentei.
— Como assim, Noah? — minha mãe me olhou séria.
— Mãe, eu sempre morei sozinho e já está na hora de voltar a rotina de antes, gosto de ter a minha privacidade — expliquei.
— Por que decidiu isso agora? Você está muito estranho, Noah!
— Eu acho que o nosso filho está certo, Elaine! Não podemos o proibir de sair de casa e ele já está grande o suficiente pra tomar as próprias decisões — meu pai falou.
— Eu não gosto desta ideia, Louis! — cruzou os braços.
— Eu venho lhe ver, mamãe, prometo — olhei pra ela.
— Eu posso conhecer aonde você vai morar?
— É claro que sim!
— Podemos ir agora?
— Não, agora não, depois de amanhã vocês podem ir lá — respondi rápido e Lorenzo riu.
— Tudo bem! Você me ajuda com o jantar, Louis? — ele assentiu e os dois foram pra cozinha, meu pai ia ouvir todas as reclamações da minha mãe, se duvidar vai até dizer que eu estou a abandonando.
— Pelo jeito você já estreou o apartamento novo — Lorenzo comentou.
— Não poderia ter sido da melhor forma — desbloqueei a tela do meu celular.
Yohanna não me mandou nenhuma mensagem, será que eu devo mandar ou ligar? Não, vou conversar com ela amanhã no trabalho, talvez esteja em algum lugar que não pode atender, prefiro não incomodar.
— Tio, quando a gente vai encontrar com a tia Hanna de novo? — Analu se sentou ao meu lado.
— Não sei, princesa! A tia Hanna é uma mulher muito ocupada, mas quem sabe a gente não encontra com ela no parque, qualquer dia.
— Podemos ir no sábado?
— O tio vai combinar e ver se ela pode ir, ok? — assentiu, com um sorriso no rosto.
— Quem é tia Hanna? — Rebecca perguntou.
— A tia que tem um cachorrinho, mamãe, eu falei pra você — Analu voltou a se sentar.
— Tia Hanna é a Yohanna — respondi, voltando a mexer no celular.
— Afinal, vocês se conhecem de onde?
— Ela era enfermeira no hospital onde Marjorie faz tratamento.
— É uma mudança bem grande de emprego, mas novas experiências sempre são bem-vindas — concordei com Pierre.
Eu acho que Alícia não contou ao Lorenzo sobre a gravidez, se não, Antonella já estaria sabendo e falando para todos que iria ganhar um irmãozinho, só não entendo o que ela está esperando se tudo foi um mal entendido.
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Desejo Insaciável | Trilogia Amores - Livro II
Roman d'amour(+16) Noah Lamartine é um homem sério que vê sua vida mudar quando sua ex-noiva aparece em sua casa com uma notícia nada agradável, mas que vai mudar muita coisa. Yohanna Smith é enfermeira de um hospital em Paris, mas por problemas acaba sendo demi...