Desejo Insaciável | Trilogia Amores - Livro II

Capitulo 36

Yohanna

Fui esquentar minha comida na cozinha da escola de dança e encontrei com Vitórya, apertei os minutos no monitor do microondas e me sentei na cadeira em sua frente.

— Oi — falei, meio sem graça.

— Oi, tudo bem? — sorriu de lado.

— Sim e você? Eu lhe devo uma explicação, né? — ela negou.

— Você não precisa se explicar, Yohanna, eu só fiquei confusa.

— Posso lhe fazer uma pergunta? Não quero que fique brava, mas eu preciso saber — ela assentiu, o microondas apitou e eu peguei minha comida — Quem é o pai do Julian? — me sentei de volta.

— Por que você quer saber disso?

— O seu filho é igual ao meu ex-namorado que foi morto há alguns anos atrás, eu o amava muito e fui presa na época do assassinato — contei tudo à ela, desde o momento que conheci Leonard até quando sai da prisão.

— Eu conheci o pai do Julian em uma festa, nós nunca nos vimos e a minha primeira vez foi com ele, eu estava sob efeito de drogas e bebida alcoólica, minha adolescência não foi fácil — disse.

— Você sempre morou aqui em Londres? — negou.

— Eu morava em Sydney, Austrália.

— Eu também morava lá, é muita coincidência isso! — falei, espantada — Quer me contar sobre a sua vida? — Vitórya parecia meio receosa.

— Minha infância foi baseada em ser a garotinha perfeita, melhores notas na escola e comportamento exemplar, quando havia confraternizações em casa meus pais me exibiam como um troféu, eu odiava aquilo. Foi na adolescência que virei outra garota, eles só me davam atenção se tivesse alguém em casa, ao contrário só viviam no escritório trabalhando, eles eram advogados muito ocupados. Quando conheci o pai do Julian eu havia brigado com os meus pais, sai de casa sem rumo e parei em uma rua que nunca tinha visto antes, um homem tentou me arrastar para um beco e o garoto me salvou e me levou pra uma pracinha que tinha ali perto, eu estava  com medo dele também, mas ele me tranquilizou dizendo que era do bem e que não faria nada comigo, então nós fomos para uma festa... — passou a mão pelo rosto, limpando uma lágrima que escorreu por sua bochecha.

— Você não precisa continuar, se não quiser — segurei suas mãos, sobre a mesa.

— Eu quero, é bom conversar sobre esse assunto, nunca me senti segura para compartilhar a minha história com alguém. Você tem alguma foto do seu ex-namorado? Eu gostaria de ver!

— Aqui eu não tenho, mas em casa sim, está em uma caixa com coisas antigas em Paris. Minha amiga Raquel vai vir me visitar esse final de semana, eu vou ligar pra ela trazer, ai eu ti mostro a foto — ela concordou — Como foi no dia seguinte?

— Eu acordei em uma casa estranha e me lembrava de poucas coisas da noite passada, no criado-mudo tinha uma bandeja com comida e remédio, havia um bilhete com um recado dizendo que quando eu terminasse de comer era pra ir embora, me senti horrível nesse momento, bebi só o remédio e fui pra casa. Meus pais me deram uma bronca por ter saído sem avisar e voltaram pra sua rotina, quando eu descobri a gravidez eles me expulsaram de casa dizendo que eu era uma vergonha, arrumei uma mochila com as poucas coisas que cabiam dentro dela e fui embora. Fiquei horas em frente a casa que acordei, mas parecia que ninguém morava nela, os dias foram passando e meu dinheiro acabou, eu pensei que seria o meu fim naquele momento porque eu estava morrendo de fome, sede e dor na barriga, pensei até que estava perdendo meu bebê. Eu parei em frente a uma lanchonete e uma senhora estava limpando as meses, ela se aproximou de mim perguntando se eu estava bem, eu disse a ela o que estava acontecendo, Selena foi um anjo na minha vida. Quando estava com cinco meses de gravidez nos mudamos pra Londres e eu estou aqui até hoje, morei em Paris alguns meses também, foi quando eu adotei a Zoe e depois voltei pra cá. Ela me deixou a casa onde moro, pagou todas as despesas que tive com o Julian e também a minha faculdade — deu um sorriso triste.