Capítulo 41

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Meus olhos estavam brigando comigo hoje, mas preciso acordar. Deixei um bilhete para o Noah avisando que eu fui até a B&B Cosmétiques junto com meu irmão para uma reunião que o senhor Beaumont marcou, assim que entrei na sala com David atrás de mim, todos os olhares se voltaram pra nós, senhora Clair me olhava com raiva.

— Bom dia! — saudei, me sentando o mais longe possível deles, senhor Beaumont não havia chegado ainda.

— Essa empresa já teve sócios melhores — a mãe do meu noivo alfinetou.

— Eu concordo plenamente, senhora Clair. A senhora é chata pra caramba! Com todo o respeito, é claro — meu irmão ajeitou o distintivo, fechando um botão do paletó.

— David, por favor — supliquei em um sussurro.

— Você é da polícia? — Alícia perguntou.

— Sim, sou delegado — respondeu sendo um pouco mais simpático.

— Aqui não vale de nada esse distintivo —  Pierre falou.

— Eu não me lembro de falar que valia, acho que está ouvindo demais — o marido de Rebecca revirou os olhos ao ouvir a resposta.

— Senhor Beaumont vai demorar? — olhei pra Alícia.

— Ele disse que chega em vinte minutos, acabou se atrasando — assenti, torcendo para não haver nenhuma briga.

— Como é ser irmã de uma mulher que ensina uma dança tão vulgar? Deve ser difícil, né? — senhor Clair olhou feio para a esposa, ele também parecia não gostar do rumo das provocações.

— Sinceramente eu não sei porque se preocupa tanto com a vida da minha irmã. Por acaso a senhora está interessada nas aulas? — Alícia tampou a boca, acho que ela queria rir.

— Deus me livre!

— Então deve amar muito a Yohanna ou não tem uma vida própria, essa é uma boa explicação já que cuida tanto da vida dos outros — Senhor Beaumont entrou pela porta e quase ergui as mãos para o céu, em agradecimento.

— Bom dia! Desculpe o atraso! — se sentou na cadeira em frente da mesa.

— Eu não acredito ainda que aceitou essa mulherzinha para ser sócia de uma empresa tão renomada, Jean — ela olhou séria para ele.

— A senhorita Smith já faz parte da empresa e ninguém vai mudar isso, eu ainda mando aqui e se está tão incomodada, pode desistir da sociedade — falou cada palavra calmamente.

— Como pode falar assim? Já somos sócios há anos! — ela estava furiosa.

— Pelo menos ele não é como os filhos, que são manipulados pela sogra — meu irmão falou baixo, mas acho que nem tanto.

— Por que está dizendo isso, senhor Becker? — Jean Beaumont o encarou curioso, Lorenzo arregalou um pouco dos olhos.

— Não é por nada, senhor Beaumont, pode prosseguir com a reunião — ele concordou, mas não pareceu satisfeito com a resposta.

— Como são novos aqui, eu fiz esse documento com tudo que precisam saber da B&B Cosmétiques — nos entregou uma pasta com várias folhas — No mês que vem vamos lançar a nossa linha de produtos para todos os tipos de cabelo — informou anotando algumas coisas no seu caderninho.

— Esse são o designer dos novos produtos — Alícia mostrou as imagens na televisão e o sogro virou a cadeira para ver — Nós estamos pensando em fazer refis para que as pessoas não precisem comprar sempre a embalagem e assim só coloca o produto dentro do pote, o custo será menor e o meio ambiente agradeceria — finalizou.

— Eu gosto disso! — senhor Beaumont sorriu para a nora, orgulhoso.

— Os lucros serão menores e isso será menos dinheiro para a empresa — a mãe reclamou.

— Eu não acho! Nós devemos pensar que com essa iniciativa da empresa as pessoas vão gostar ainda mais dos produtos, nem sempre nós temos dinheiro para comprar o produto com a embalagem que será jogada no lixo, mas com o refil o valor será menor e todos poderão adquirir — falei.

— Obrigada! — minha cunhada loira sorriu.

— Você não tem nada que dar opinião, acabou de chegar.

— Só um minuto — meu irmão colocou o celular na orelha depois que atendeu a ligação — Eu já estou indo, Andrew! — bufou se levantando — Ouve uma emergência na delegacia, eu preciso ir. Me perdoa por deixá-la aqui com essa cobra! — sussurrou no meu ouvido, bem baixinho — Desculpe, senhor Beaumont, mas é caso de vida e morte — se explicou.

— Sem problemas, senhor Becker! — ele assentiu e David saiu rapidamente.

— Então está decidido, todas embalagens terão refil — Senhor Beaumont confirmou.

Ele deu continuação falando de outros lançamentos que vamos ter e Alícia mostrou todos os cálculos dos gastos, a mãe disse que em alguns poderia caprichar mais nos detalhes para entenderem melhor e a filha pareceu não gostar muito das provocações, seu semblante era de chateação.

— Eu não sei se vou sobreviver — murmurei assim que entrei no apartamento do Noah, Mate veio pulando em mim e eu o peguei — Ôh, meu bebê! Mamãe sente tanta a sua falta, você seria uma bela companhia em Londres — passei a mão em seus pêlos macios e cheirosos.

— Oi, amor! — Noah sorriu assim que entrei na cozinha, Anne estava sentada no cadeirão e deu um grito quando me olhou — Anne não gosta que peguem o cachorro dela — comentou.

— O Mate é meu, Noah! — olhei séria pra ele.

— Infelizmente a Anne o adotou sem comunicar você, sinto muito — ela estava com as mãozinhas erguidas, como se quisesse pegar o Mate.

— Eu não acredito nisso! — neguei com a cabeça — Preciso ir! Se não vou me atrasar! Ainda mais porque tenho que chegar uma hora antes do embarque! — coloquei meu cachorro no chão e ele foi para perto da bebê que gargalhou quando ele a cherou.

— Ninguém merece você trabalhar até quinta, pensei que já fosse ficar aqui até ano que vem — passou o braço na minha cintura.

— Sexta já estou de volta e Vitórya vem comigo junto com a Zoe, Julian vem segunda — expliquei, lhe dando um beijo.

— Linda! — sussurrou contra minha boca, apertando minha bunda.

— Mesmo que você tenha roubado meu cachorro, a tia Hanna te ama — dei um beijinho na testa da Anne — Cuida do papai pra mim — sorri falando baixinho pra ela como se fosse entender alguma coisa.

— Te amo! — Noah me deu mais um beijo antes que eu entrasse no elevador.

Ele acenou enquanto as portas se fechavam, mandei muitos beijos e sorri. Ergui a alça da minha mala de rodinhas enquanto andei pela calçada até ver um táxi, fiz sinal e pedi para me levar até Gare du Nord onde pego o trem para chegar em Londres. Para me distrair tirei várias fotos da estação porque é linda demais, pego um livro na bolsa e li até ir para o trem, depois eu só aprecio a paisagem maravilhosa pelas janelas.

— Olá! — cumprimento as professoras enquanto vou para minha sala empurrando minha mala, vim direto.

— Pensei que fosse ficar em Paris de uma vez, já que vive mais lá do que aqui — Suzi, professora de tango, me provoca e eu me viro para encará-la.

— Pelo amor de Deus! Eu não estou com tempo e nem paciência para aguentar as provocações de vocês, então, com licença — revirei os olhos, dei meia volta e fui pra onde eu estava indo.

Me sentei sobre a mesa e comi o lanche que comprei quando cheguei, hoje não vai dar tempo de almoçar e não posso ficar sem comer nada, na aula faço muito esforço físico e estômago vazio não ajuda em nada.

Desejo Insaciável | Trilogia Amores - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora