Capítulo 2

7.4K 417 49
                                    

Marjorie veio ao meu encontro, mas eu dei a volta ficando atrás da mesa, eu não queria que ela me tocasse.

— O que você quer? — a encaro.

— Nós precisamos conversar — faço sinal para ela continuar — Eu estou grávida, Noah! — continua.

— É mesmo? Eu pensei que estava carregando uma bola dentro da blusa — ironizo, revirando os olhos.

— O filho é seu, Noah! — dispara e eu acabo rindo.

— Como você tem coragem de vir me procurar depois do que fez? E ainda dizer que está esperando um filho meu?

— Eu sei dos meus erros, mas o bebê é seu, Noah! Eu juro! — se sentou na cadeira.

— E por que eu acreditaria? Você estava trepando com o cara que se dizia meu amigo e na nossa cama, Marjorie! — eu estava me controlando para não gritar com ela.

— Eu estou de sete meses, quando aconteceu aquilo, eu já estava esperando seu filho.

— Para de dizer que o filho é meu! Eu não tenho motivo nenhum para acreditar em você! Já falou para o Thomaz que está esperando um filho dele?

— Ele não é o pai do meu filho, Noah! — fechou os olhos, ela está ficando pálida.

— O que você tem? — pergunto, um pouco preocupado.

— Eu estou passando mal — fala baixo, peguei um copo de água e lhe entreguei.

— Quer que eu ligue para o Thomaz vir lhe buscar?

— Eu não tenho nada com o Thomaz, para... — ela para de falar, seu corpo amoleceu.

— Mãe! A Marjorie desmaiou! O que eu faço? — grito do corredor.

— O que você fez, Noah? — ela chega, desesperada.

— Eu não fiz nada, ela desmaiou de repente.

— Vamos levá-la para o hospital agora! — pegou a bolsa da Marjorie e saiu rápido.

Peguei ela no colo e a coloquei no carro, espero que o bebê e ela esteja bem. Droga! Minha mãe falou um hospital para levar ela, achou um papel na bolsa com o nome, estacionei e pedi ajuda de dois enfermeiros que a levaram para dentro.

— Você deixou ela nervosa, Noah! A gravidez é de risco! — minha mãe me repreende enquanto esperávamos notícias.

— Nossa! Pelo jeito viraram melhores amigas — bufo.

— Fale direito comigo, Noah! Eu sou sua mãe!

— Desculpe! — me sento, passando as mãos no cabelo.

— Senhora Clair? — um homem a chama, era o doutor.

— Sim, doutor! Marjorie está bem? — minha mãe caminha até ele.

— Boa noite! Eu sou o doutor Carter, estou cuidando de Marjorie desde o momento que ela descobriu a gravidez. Bom, ela está bem, mas não pode passar por momentos que a deixe nervosa, a gestação é de risco por conta do quadro de pressão alta.

— Podemos vê-la, doutor? — ele assente.

— Não a deixem nervosa — ele recomenda e informa o número do quarto que ela estava.

— Eu vou ti esperar aqui fora, mãe — aviso.

— Não vai mesmo! Vem, Noah! — ela pega em minha mão, me puxando corredor à fora.

— A senhora está achando que eu tenho quantos anos? — ela me olha brava e entramos no quarto.

— Como se sente, querida? — minha mãe sorriu, ela está achando que o filho da Marjorie é meu, preciso resolver isso antes dela se apegar.

— Estou bem, só foi um susto — abriu um sorriso fraco, parecia cansada.

— Com licença — uma mulher entrou no quarto trombando em mim, era a enfermeira.

— Do que adianta pedir licença se já trombou na pessoa? — junto as sobrancelhas, encarando seus olhos cor de mel escuros.

— Eu pedi licença, mas parece que você não ouviu, e a porta serve para as pessoas passarem e não ficarem paradas nela — disse, óbvio.

— Folgada! — sussurro, revirando os olhos.

— Beba esse remédio e já estará de alta, senhorita Chermont — a enfermeira lhe entrega um copinho com um comprimido e outro com água.

— Obrigada, Yohanna! — Marjorie agradece e a nervosinha sai do quarto, eu saio da porta para não ser pisoteado.

— Aonde você está morando?

— No meu anti... — minha mãe a interrompe.

— Imagina que eu vou deixar você sozinha? Já pensou se passa mal novamente? Hoje você dorme lá em casa! — ela diz.

— Não precisa, senhora Clair! Eu não vou passar mal novamente.

— Eu só vou ficar tranquila se estiver na minha casa! — insiste.

Eu não estava aguentando ouvir minha mãe chamando Marjorie para dormir lá em casa. Ela está colocando a mulher que traiu o filho para dentro do próprio lar! Isso me deixa puto!
Bebo um pouco água no bebedouro que encontrei no corredor e amasso o copo com força. Ergo meu olhar vendo a enfermeira estressada, mas agora ela estava sorrindo para outra mulher, ela é uma morena que chama a atenção e o uniforme ridículo que ela veste a deixa bem sensual, desenhando perfeitamente suas curvas.

— Noah! — Marjorie estala os dedos na minha frente.

— O que é? — jogo o copo no lixo.

— Eu sei que está bravo, mas a sua mãe fica insistindo, não consigo convencê-la a me deixar em minha casa.

— Foda-se, Marjorie! Só fica longe de mim! Não fale e nem respire ao meu lado quando estiver na minha casa! — saio andando, a deixando para trás.

Minha mãe demorou não sei quanto tempo dentro do hospital, ela deve ter ido conversar com o médico. Assim que estacionei o carro na garagem de casa, elas desceram e eu o tranquei, entrei primeiro e já subi direto para o meu quarto. Quando eu penso que a minha vida vai voltar ao normal, o inferno volta para ela.

— Podemos conversar? — meu pai bate na porta do quarto, já entrando.

— Eu não estou com cabeça, pai! — me sento na cama.

— Sua mãe me disse sobre a Marjorie estar grávida de um bebê seu. É possível isso? — arqueou uma sobrancelha.

— Pai, ela me traiu com o outro! — fico de pé, não é possível que ele também esteja acreditando nisso.

— Vamos esquecer essa traição por um momento! Marjorie tomava algum anticoncepcional ou vocês usavam camisinha?

— Isso é constrangedor! — balancei a cabeça.

— Responda, Noah!

— Eu não sei direito, pai! Às vezes eu via a Marjorie tomando remédio e outras não, eu não usava nada, ela nunca pediu.

— O homem deve usar preservativo, Noah! Só pare de usar quando quiser ter filhos!

— Será que podemos parar de ter essa conversa?

— O bebê pode ser seu, Noah!

— Pode ser de qualquer um, isso sim! — constatei.

— Vamos fazer o teste de DNA quando a criança nascer e se ela for sua, você vai ter que cuidar — saiu do meu quarto.

Eu cuidando de um bebê? Nunca me imaginei com filhos, nem mesmo quando estava com a Marjorie! Se essa criança for mesmo minha, eu vou enlouquecer, nem sei cozinhar direito! Imagina trocar fralda? Meu Deus! O que eu fiz de errado? Tudo culpa de um espermatozóide teimoso que resolveu ir para o lugar errado.

Desejo Insaciável | Trilogia Amores - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora