Dois dias depois
Atendi uma ligação de um número desconhecido e era senhor Clair me convidando para o encontrar na parte da tarde na cafeteira, eu achei estranho, mas fui já que talvez fosse uma oportunidade de me acertar com a família do meu noivo.
— Boa tarde, senhorita Smith! — se levantou da mesa e puxou uma cadeira para que eu me sentasse.
— Obrigada! Boa tarde, senhor Clair! Fiquei surpresa de receber uma ligação sua — uma garçonete se aproximou e eu fiz meu pedido, quando se afastou ele começou a falar.
— Por que se aproximou do Noah? Como se conheceram? Eu quero a verdade! — assenti.
— Nos conhecemos no hospital durante o pré-natal da Marjorie, eu era enfermeira e aos poucos fomos nos tornando conhecidos e quando me demitiram minha amiga Raquel mandou meu currículo pra B&B Cosmétiques sem que eu soubesse e quando fui contratada me tornei secretaria dele... — ele me interrompeu.
— Vocês já tinham se envolvido nessa época? Dormido juntos? — neguei.
— Tinha acontecido só um beijo quando fui contratada — agradeci a moça que trouxe o meu pedido.
— E quando se envolveram intimamente?
— Por que o senhor está fazendo perguntas tão íntimas? — mordi um pedaço do meu croissant.
— Só responda essa pergunta e pronto.
— No mesmo dia quando fui contratada. Minha amiga me convidou para ir com ela em um barzinho que estava sendo inaugurado e Andrew convidou o Noah, mas eu encontrei meu irmão lá e resolvi voltar pra casa, mas seu filho insistiu que fôssemos pra cobertura dele e eu fui, mas com nenhuma segunda intenção — respondi, um pouco constrangida.
— Sei... — me olhou desconfiado — Você conhece Lola Laurent?
— Não.
— Como não conhece? Você trabalhava pra ela!
— Eu? Acho que o senhor está enganado.
— Para de se fazer de desentendida, senhorita Smith! — disse, bravo.
— Eu não estou mentindo, senhor Clair! — falei a verdade.
— O que você quer com a minha menina, Louis? — ouvi uma voz conhecida e me virei.
— Madame... — sussurrei, ela se aproximou olhando séria pra ele.
— Ninguém chamou você aqui, Lola!
— Lola? — ela assentiu, sorrindo pra mim.
— Fora da Mansion eu sou Lola Laurent — respondeu.
— Você não sabia o nome verdadeiro dela? — neguei.
— Eu já disse que Yohanna não tem nada haver com o que a sua mulher está inventando, Louis! Eu nunca envolveria as minhas meninas na nossa história! — se sentou.
— Não existe nossa história, Lola!
— Como não? Nós namoramos por anos, tivemos um filho e depois que ele morreu você me abandonou para ficar com a Elaine. Você podia ter conversado comigo e dizer que não me amava mais, só que preferiu ir embora sem dizer nada, me deixando sozinha com a ferida da perda que nunca vai cicatrizar — olhou em seus olhos.
— Eu também sofri com a morte do nosso filho — passou a mão no rosto e ela riu.
— Você preferiu sofrer nos braços daquela que era minha melhor amiga, se é que ela gostava da minha amizade mesmo, com certeza ela já o queria bem antes de se aproximar de mim. Se Alexander não tivesse segurado minha mão em todos os momentos que me vi no fundo do poço, com vontade de desistir, eu não estaria mais aqui hoje. Ele foi um amigo de verdade! — cuspiu as palavras na cara dele — Eu te odeio, Louis! Nunca vou conseguir lhe perdoar por isso! Mesmo que eu tente muito! Não suporto nem olhar na sua cara!
— Elaine me consolou enquanto você ficava trancada naquele quarto o dia todo chorando por um bebê que não ia mais voltar!
— Eu chorava pelo bebê que não estava em meus braços e chorava porquê eu não ia mais poder lhe dar nenhum filho. Você não se importou com a minha dor! Aquela maldita ia lhe consolar mesmo, ela viu o quanto eu estava frágil e sem forças para lutar por alguém — engoliu em seco, seus olhos estavam cheios de água, mas ela não deixou nenhuma lágrima cair.
— Você só pensou em si e me deixou de lado, teríamos tentado curar a nossa dor juntos — ela soltou uma risada amarga.
— Está querendo me por como culpada da história, Louis? Você e aquela mulher se merecem! — saiu da cafeteria, e eu fui atrás dela.
— Calma! Eu estou aqui! — abracei ela quando a encontrei na rua, curvada chorando.
— Ele acha que eu estava me vingando quando você começou a se envolver com o Noah — disse entre soluços.
— Ele sabia que eu trabalhava na Mansion? — assentiu.
— Louis a viu entrando na Mansion e quando foi procurar saber o que fazia lá dentro me encontrou, eu sempre morei em Paris, mas nunca nos reencontramos porque eu tentava não ir nos mesmos lugares que frequentava, por um lado foi bom ele ser rico porque nunca o encontrei. O vi apenas uma vez quando falei que eu ia me vingar pelo que fez comigo, mas eu nunca teria coragem de fazer isso, vingança não entra na minha vida — a levei até um banquinho de madeira para nos sentarmos.
— Eu sinto tanto pelo seu filho, Madame — afaguei seus cabelos.
— Obrigada, querida.
— A senhora quer que eu a leve até a Mansion? — ela assentiu me entregando a chave do seu carro.
Ela apontou onde estava seu veículo e seguimos para a Mansion, mas tivemos uma surpresa quando chegamos lá e vimos senhora Clair nos esperando na porta.
— Cadê o meu marido? — pegou Lola pelo braço quando ela saiu do carro.
— Me deixa em paz, sua merda! — ela se soltou dela e saiu andando na frente.
— Seu marido estava na cafeteira comigo, senhora Clair — respondi e ela me encarou com raiva.
— O que você estava fazendo com ele?
— Senhor Clair me chamou para conversar.
— Eu não acredito que ele foi lhe procurar depois que eu pedi que fizesse o contrário — negou com a cabeça, desacreditada.
— Yohanna não está em nenhuma vingança contra a sua família, Elaine. Você tem que parar de inventar as coisas e se fazer de santa o tempo todo, você está ficando louca — Madame disse.
— A única louca aqui é você! Colocou essa mulher na vida no meu filho para se vingar por Louis ter ficado comigo e agora voltou só para atrapalhar a minha vida!
— Eu não voltei! Continuei morando aqui em Paris, mas quando comprei esse estabelecimento e o transformei na Mansion, eu só sai poucas vezes, era difícil me verem na rua.
— Você chama essa espelunca de estabelecimento? — olhou com desdém para a fachada da Mansion.
— Quer entrar para conhecer a minha espelunca? — Madame a provocou.
— Deus me livre! Eu nunca que entraria em um posto de prostituição! — foi para perto do meio fio.
— Mais respeito com as minhas meninas! Aqui não tem nenhuma prostituta! — Madame vociferou, com raiva.
— Você criou esse lugar só para juntar essas meninas e tratá-las como filhas, já que nunca vai ter um de sangue!
— Já chega, senhora Clair! — olhei séria para ela.
— Não se meta! Os dias desse seu relacionamento com o Noah estão contados! Eu vou contar para o meu filho tudo o que vocês duas planejaram e mostrar pra ele a vagabunda que você é! — esbravejou.
Ela se virou pra sair na rua e tudo aconteceu rapidamente, o carro em alta velocidade entrou na contramão e em segundos seu corpo foi lançado contra o chão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desejo Insaciável | Trilogia Amores - Livro II
Roman d'amour(+16) Noah Lamartine é um homem sério que vê sua vida mudar quando sua ex-noiva aparece em sua casa com uma notícia nada agradável, mas que vai mudar muita coisa. Yohanna Smith é enfermeira de um hospital em Paris, mas por problemas acaba sendo demi...