Capítulo 26

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Yohanna me encarava confusa e surpresa por eu ter a encontrado aqui, soltei seu braço e ela soltou um suspiro nervosa.

— Relaxa! Parece que está vendo um fantasma! — revirei os olhos.

— O que está fazendo aqui? Você só vem nos finais de semana! — engoliu em seco.

— Mudar a rotina é bom! Estou confuso por encontrar você aqui! — cruzei os braços.

— Eu só estava passando por aqui e você me viu — disse.

— Por que está mentindo? — arquei uma sobrancelha.

— Não estou mentindo.

— Yohanna — uma garota a chamou na porta dos fundos, percebi que ela ficou tensa.

— Talvez eu ti veja no palco — sussurrei em seu ouvido, me virei saindo andando.

Ela acha que eu não sei sobre a Mansion. Vê-la depois de algumas semanas é difícil e eu queria perguntar à ela se sente a minha falta como eu sinto a dela. Será que só eu que estava gostando no tempo que passamos juntos? Não, não é possível isso!

— Andrew? O que está fazendo aqui? — olhei para o meu amigo sentado em uma cadeira, a garrafa de uísque sobre a mesa estava pela metade e o copo em sua mão quase vazio.

— Precisava me distrair — respondeu com a voz arrastada.

— Brigou com a Raquel? — me juntei à ele e pedi um copo para a moça que passou com uma bandeja.

— Eu não sei se estou preparado para um relacionamentos sério, mas dessa vez eu quero e ela está complicando, fica dizendo que só estamos nos conhecendo e não namorando — bebeu o resto do líquido do copo.

— Nem todas as mulheres gostam de relacionamentos sérios, elas são livres para fazer suas escolhas e você não pode obrigar Raquel a namorar contigo.

— Não estou obrigando, mas eu sei que com ela é diferente, é como se as outras mulheres não fossem mais atraentes pra mim.

— Eu ti entendo — bati no seu ombro.

— Você deveria me aconselhar e não dizer que me entende.

— Você pelo menos ainda pode pedir desculpas para Raquel e voltar com ela, eu já nem isso posso, não sei nem o que aconteceu para ficar sem a Yohanna.

— Vocês dois são muito confusos, nem consigo ti ajudar — encheu o copo.

Eu não precisava virar meu rosto para saber que estava sendo observado por um par de olhos castanhos caramelados, dei um sorrisinho e bebi um gole do meu uísque. Tenho que falar com ela, preciso parar de ser complicado e saber o motivo dela terminar o que estávamos tendo, mas como faço isso sem que Yohanna fuja? Pensa, Noah!

— Eu acho que estou passando mal — Andrew murmurou fazendo careta.

— E o que você quer que eu faça? — deixei meu copo sobre a mesa.

— Me leva embora.

— Fala sério, Andrew! O show nem começou e você já está bêbado porquê não sabe beber moderadamente — revirei os olhos.

— Tudo bem, eu vou pra casa de táxi e se eu morrer a culpa vai ser sua — dramatizou.

— Se está tão ruim assim, vou ti levar para o hospital e não pra casa — me levantei e o ajudei a ficar de pé.

— Não é preciso tanto — balbuciou as palavras com um pouco de dificuldade.

— O que aconteceu? — Yohanna se aproximou, preocupada.

— A criança não sabe beber — fui andando com Andrew para fora da Mansion.

— Está o levando pra onde? — veio atrás de nós.

— Pra casa.

— Quando chegar o coloque debaixo do chuveiro frio, ele vai melhorar um pouco.

— Eu não vou fazer isso não — peguei a chave do carro no bolso.

— Por que, Noah? Você tem que o ajudar.

— Já que está tão preocupada, faz você.

— Ok, então eu vou junto — entrou no banco de trás, já que o Andrew estava no da frente.

Andrew vai me pagar por isso! Durante o caminho eu espiava Yohanna pelo retrovisor, ela estava séria e os braços cruzados realçavam o maldito decote da blusa, deixando seus seios maiores. Parei em frente ao prédio, demoramos um pouco para subir as escadas, mas deu tudo certo, fomos direto pro banheiro do apartamento e Yohanna me encarou.

— Eu não vou tirar a roupa dele — falei, antes que ela dissesse alguma coisa.

— Você quer que eu tire? — deu um sorrisinho, provocando.

— Não vai mesmo — abri o chuveiro colocando no frio e coloquei ele debaixo.

— Porra! Me tira daqui! — quis sair do box.

— Da próxima você bebe menos! — o empurrei de volta, mesmo sendo chingado de todos os nomes possíveis.

— Veste essa roupa, Andrew — Yohanna deixou sobre o armário do lavabo.

— Acho que consigo me vestir sozinho — me encarou sério.

— Nem se pagasse eu ti ajudaria — sai do banheiro e do quarto indo pra sala, vendo Yohanna enchendo uma garrafinha de água —  Não acha que se preocupa demais com os outros?

— Não, o Andrew é o meu amigo e eu sei que ele me ajudaria da mesma forma se ficasse bêbada — levou a água e logo voltou depois de se despedir.

— Vai pra casa? — saímos do apartamento, ela colocou a chave por baixo da porta.

— Sim, não tenho mais nada para fazer hoje — respondeu.

Seus olhos me encaram, como se ela quisesse dizer alguma coisa, mas não conseguisse. Yohanna deu um passo na minha direção, eu não me afastei, gostava de tê-la perto de mim. Seus braços envolveram minha cintura, me abraçando, retribui seu gesto beijando seus cabelos inalando o perfume adocicado que vinha deles.

— Fui fraca naquele dia. Eu não estava bem. A dor de perde-la era e é tão forte que não conseguia pensar direito, mas foi ainda pior quando a perdi e você não estava lá para me abraçar e dizer que tudo ia ficar bem — sussurrou, as suas lágrimas estavam molhando minha camisa.

— Estou aqui agora e não vou lhe deixar mais, meu amor, mesmo você querendo que eu vá embora.

— Não podemos ficar juntos.

— Por que?

— Vou para Londres daqui três semanas — respondeu.

— O que vai fazer lá?

— Recebi uma proposta de emprego e resolvi aceitar, vou dar aula de pole dance em uma escola de dança, sinto que preciso conhecer novos lugares — se afastou um pouco.

— Estou muito orgulhoso, amor — segurei seu rosto com as mãos.

— Você deveria ficar triste já que não vamos conseguir ficar juntos.

— Será que a gente pode discutir isso dentro do seu apartamento, no seu quarto e de preferência na sua cama? — a encurralei na parede.

— Noah — suspirou, quando distribui beijos por seu rosto.

Ela abriu a porta e entramos indo direto para onde sugeri, ergui Yohanna, a fazendo entrelaçar as pernas no meu quadril e a beijei com urgência. Eu não queria conversar, somente matar a saudade que estou e talvez amanhã conversaremos.

Desejo Insaciável | Trilogia Amores - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora