-Não estão acreditando nisso, Ret! Eu queria ir para o baile!- coloquei as mãos na cintura e olhei indignada para ele.
-Acalma o cu, que vai ter baile amanhã, pensei que tu ia querer descascar, fuleira.- revirei os olhos e comecei andar em direção a porta da entrada, mas ele me segurou pela cintura cheirando meu pescoço.
-Vai pra onde surtada?
-Me respeita. Vou nas lojinhas do morro né meu amor, você não comprou uma roupa que prestasse.- o filho da puta mordeu meu pescoço com força.
-É uma mal agradecida mesmo. Quero vê eu comprar qualquer coisa mais pra ti.- me virei para ele e segurei o queixo dele dando um selinho.
-Claro que você compra. Agora se me der licença tenho compras para fazer.
Sai da casa e já vi dois seguranças a uns cinco metros de mim, revirei os olhos e continue descendo bem plena o morro. Gosto de caminhar é bom para o corpo e consigo ver melhor o que tá acontecendo. Fui o caminho inteiro cumprimentando os moradores e virando a cara para as putas. Desço do salto por qualquer piadinha não fi, confio no meu taco.
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Fala pra tu, estorei a porra do limite do cartão, sorte que tenho dinheiro guardado e vou logo arrumar um emprego, nunca fui sustentada por homem para ser agora. Sabe o melhor de ter segurança? Porque eu faço eles de gato e sapato, por exemplo, agora mesmo eles estão carregando todas as mil sacolas com minhas roupas, ok não é pra tanto, mas foda-se.
-Aê, tu é uma filha da puta mesmo!- dei até um pulo com o susto.
-Brotou de Nárnia foi? Vai assustar o cão.- o Rafa deu um sorriso divertido.
-Acabei de fazer isso.- parei de andar e olhei serinha para ele, lascando um tapa no braço do mesmo.
-Me respeita, dragão. Tu não tinha que tá trabalhando não?
-E quem te falou que eu não tô? Estou fazendo ronda, fuleira!- e teve a audácia de da um peteleco no meu nariz.
-Ai, seu viado!
-Só não te mostro o viado, porque tu já tem macho.
-E no cu?- ele me olhou sem entender.
-Quê?
-Já tomou?- ele revirou os olhos.
-Maturidade mandou lembrança.- nem rendi quando vi um carrinho de sorvete, meti a mão no bolso da bermuda dele e fui pegando em cheio a carteira.
Nem pensei duas vezes, meti o pé enquanto abria a carteira e pegava uma nota de dez.
-Aê tio, me vê dois sorvete de pedacinho do céu.- falei apressada entregando o dinheiro ao senhor e o Rafa colou no meu lado puxando a carteira.
-Ôh sua rapariga de Platão, puta de bordel, vai roubar dinheiro do teu macho!- falou mó putinho e o senhor arregalou os olhos. Eu só conseguia rir da cara dele.
-Mas o corno ficou bravo? Só peguei dez conto, deixa de ser mão de vaca, pow.- ele me olhou cético e foi conferir o dinheiro.- Qualê? Tá me chamando me mentirosa?- ele sorriu de lado me provocando.
-Vai saber? Cincos anos sem conviver contigo, podem ter mexido com teu psicológico.- arquei uma sobrancelha e peguei os sorvetes de o senhor me deu e já fui lambendo os dois mesmo, para ele não me pedir.
-Legal, agora tá me chamando de doida? Vai te fuder, velho!- e continue andando plena até em casa com o embusquete de lado.
Cheguei na goma e estava tudo em silêncio, provavelmente o Lipe tá na boca. Tá aí mais um motivo para eu querer um emprego, não suporto ficar sozinha muito tempo. Me dá uma agonia tio! Tanto que eu começo a gritar feito louca, dançar, falar sozinha e quando tô de bom humor vou no YouTube atrás de alguma receita.
Não beninas, não tenho amigas. Já tive uma aí, mas a filha da puta só estava comigo pelo o que eu tinha a dar a ela, mas vida que segue.
Aproveitei o tempo vago e fui ajeitar minhas roupas, tirando as outras e guardando em uma caixa. Talvez eu doe para quem precisa.
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Quando terminei de ajeitar tudo já era de tardezinha, bem eu acho né, já que o sol está quase se pondo, olhei a hora no celular que o Lipe me deu e vi que já era quase seis.
Desci para a cozinha e abri os armários vendo que praticamente não tinha porra nenhuma, além de lanches. A alimentação do Felipe deve estar ótima.
Fui até a porta da entrada e chamei um vapor.
-Aê, o Ret deixou dinheiro contigo, não deixou?- ele assentiu.- Então vai lá no mercado e compra um quilo de macarrão e de salsicha, um creme de leite, Knorr de galinha e maionese. Tu acha que se lembra de tudo.- ele assentiu de novo e eu estreitei os olhos.- O Ret proibiu vocês de falar comigo, não foi não?- ele assentiu de novo e eu trinquei os dentes.- Beleza, vai lá comprar o que te pedi.
Só esperei ele dá as costas e bati a porta com força.
FILHO DA PUTA!
Pensei que a gente já tinha passado da fase de ciúmes besta e comportamento possessivo, mas vou nem me estressar, tá tarde já.
Voltei para a cozinha e coloquei água na panela e depois no fogo, junto com óleo e sal.
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Já era quase oito da noite e eu estava linda e bela comendo minha macarronada maravilhosa e olhando as fofocas no instagram. Fala pra tu, me garanto na comida.
Quando coloquei o prato na pia, escutei a porta sendo aberta com brutalidade e sabia muito bem de quem se tratava. Sai da cozinha aos pulinhos até a sala, porque agora ele vai me explicar direitinho essa história de vapor não poder falar comigo. Porém recuei meus passos quando encarei os olhos dele e vi vermelhos, com certeza crack. Posso deixar essa conversa para amanhã, sei que o Felipe não relaria um dedo em mim, mas estamos falando de um Felipe totalmente drogado e murro de homem deve doer né?
Ele olhou para mim e depois virou o rosto subindo as escadas, entrei na cozinha de novo e lavei meu prato. Coloquei o macarrão que sobrou na geladeira e subi para o quarto. Preciso de um banho e dormir, tô cansada pra porra, Felipe estava certo, se tivesse feito o baile eu não ia aproveitar porra nenhuma.
Entrei no quarto e ele estava sentado em uma cadeira na varanda fumando um verdinho. Revirei os olhos e fui até ele tirando o baseado da mão dele e jogando varanda a fora. Ele me olhou sério pra porra e quase arreguei.
-Já chega, Felipe. Tu já se drogou demais, chega por hoje.- falei calma, para não piorar as coisas, mas minha paciência sumiu quando eu olhei para a mão esquerda dele e não vi a aliança.
Fiquei encarando a mão dele por alguns instantes, sentindo meu sangue ferveu e me virei indo em direção ao banheiro.
Já falei tá tarde para eu me estressar.
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Envolvida✔
Teen Fiction+16 Cinco anos haviam se passado desde que Natacha foi presa, e agora o que queria era apenas voltar para casa e para o aconchego de seus familiares; retomar a vida de onde parou ao lado do marido e do melhor amigo. Só não esperava que o mundo tives...