Capítulo 29: Parte 2

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Cheguei no apartamento o mais rápido possível com o coração doendo de preocupação. Girei a maçaneta e agradeci por esta destrancada, assim que entrei escutei o chorinho da pequena e a voz do Sammy.

Andei na direção das vozes e encontrei os dois no quarto da Mia, que estava toda encolhida nos braços do Samuel. Olhei sério para ele, mas logo desviei o meu olhar para a loirinha abrindo os braços para mim.

-Tá doendo muito, titia!- falou entre soluços e eu peguei ela no colo.

-Vai ficar tudo bem meu amor, a titia vai te levar no médico para ele cuidar de você. Tudo bem?- ela descansou a cabeça no meu ombro e fungou. 

-Ele vai fazer parar?- murmurei um sim 

-Pega os documentos dela.- pedi e ele assentiu enquanto eu tentava acalmar a pequena nos meus braços.

Não demorou muito e ele apareceu com uma bolsa, logo saímos do apê.

Entrei no carro, coloquei ela na cadeira e meu coração se apertou quando vi a pequena se encolher todinha e fazendo careta de dor. Me sentei no banco do motorista e o Sammy ao meu lado.

-O que acontece com ela?- perguntei sem olhar para cara dele.

-Não sei, ela estava comendo sorvete e de repente começou a reclamar que a barriga estava doendo.- apenas assenti e acelerei quando o choro dela ficou mais alto.

Onde você se meteu, Lucrécia? E o que aconteceu para você sumir assim? Suspirei cansada de tudo o que está acontecendo, muita coisa ao mesmo tempo para uma pessoa só.

Depois de alguns minutos chegamos na clínica e tirei a Mia da cadeira pegando ela no colo e entrando no estabelecimento. O Samuel foi resolver na recepção a ficha dela e não demorou muito para a gente passar na triagem.

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-Abre o bico e diz o que tu fez!- acusei fazendo ele arquear uma sobrancelha.

A Mia já tinha sido atendida e no momento está tomando soro. O médico falou que era vermes e passou um pá de remédio.

-Tô te falando que eu não fiz nada, literalmente, já para não machucar ela.- olhei interrogativa para ele que suspirou e se encostou no beiral da porta.- Eu estava putasso com uns problemas do trabalho, tanto que quando saí dele e fui da uma volta, portanto cheguei em casa mais tarde. Foi quando Lucrécia veio encher meu saco falando que eu precisa avisar quando fosse chegar tarde porque ela ficava preocupada, depois veio com um arrepiei da porra para eu ajeitar minhas roupas no roupeiro e ainda veio tocar no nome do Ricardo. Então eu fiz o melhor para o dois: deixei ela conversando sozinha.- arregalei os olhos na mesma hora e passei a mão nos cabelos nervosa.

-Samuel, você não fez o melhor pra ela, pelo contrário se não a magoou você a deixou extremamente triste. Antes você tivesse gritado e discutido com ela.- ele me olhou sem entender e desviei o olhar para a Mia que estava dormindo calmamente.- Lucrécia tem traumas com isso, Sammy. Na infância e principalmente na adolescência dela os pais fingiam que ela não existia, não importava qual pergunta ou assunto que ela tocasse eles simplesmente dava as costas pra ela e com isso ela desenvolveu traumas e medos.- respirei fundo tentando controlar minhas lágrimas, ela não deve estar nem um pouco bem e o pior de tudo é que não sabemos aonde ela está.

-Eu… eu… não queria fazer isso.- ele passou a mão no rosto se sentindo culpado.

Quando abri a boca meu celular começou a tocar e eu o peguei o mais rápido possível pensando que era a Luh, mas era apenas o Rafa.

-Já resolvesse o que tinha que resolver?

-Não, por quê?

-Porque aquele tua amiga tá aqui na goma depois de quase levar um tiro, e não quer abrir a boca.- suspirei aliviada, mas logo meu corpo entrou em alerta.

-Como assim quase levou um tiro?- Samuel olhou interessado para mim e eu franzi minhas sobrancelhas.

-Ela estava escondida lá naquela árvore, tá ligada? Um vapor passou por lá e pensou que era X-9, quase que atirou.

-Tô colando aí.- me despedi dele e olhei para o Sammy.

-Fica aí com ela que Lucrécia tá lá em casa.

Nem esperei resposta, só dei meia volta e sai da clínica entrando no carro e cantando pneu para o morro.

Quando cheguei em casa encontrei a Luh no sofá olhando para o nada e o Rafa na cozinha. Fui até minha amiga e a abracei, na mesma hora ela retribuiu e descansou a cabeça no meu ombro com as lágrimas descendo.

-Ele… ele…- tentou dizer, mas a interrompi.

-Shii, eu já sei meu amor. Vai ficar tudo bem.

E depois disso ela não falou uma palavra sequer, apenas se aconchegou em meus braços e deixou tudo sair com soluços altos.

Caralho Samuel! Eu sei que você não fez por mal, mas não consigo não culpá-lo!

Ficamos naquela posição por longos minutos até que ela dormiu e agradeci mentalmente por não ter deixado nenhum lágrima teimosa cair. Ajeitei ela no sofá, o que não foi uma tarefa muito fácil e assim que fiquei em pé senti o Rafa me abraçar me fazendo relaxar o corpo. Deitei minha cabeça no peito dele fechando os olhos e respirei fundo enquanto o Loiro massacrada minha cintura com a ponta dos dedos me deixando menos tensa.

-É muita coisa, Rafa.- sussurrei.

-Eu sei meu amor, mas a gente vai passar por tudo isso juntos.- fiz um leve aceno concordando e ele continuou.- Agora vamos comer que eu sei que você não comeu nada e temos que manter esse corpinho gostoso.- sussurrou no meu ouvido e um sorriso acabou saindo dos meus lábios.

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