Quando acordei já era duas da tarde e me vi sozinha dentro desta casa enorme sem ninguém para conversar, porque agora sim eu não tinha ninguém. Nem marido, nem amigo e nem amiga. Apenas eu mesma, como sempre disse: Nasci sozinha, morrerei sozinha.
Mas está sozinha sem ter ninguém para desabafar ou fofocar é horrível, porém sempre foi a minha realidade. Me joguei no sofá sem ter nada para fazer e olhando para o nada tentando achar uma forma de mete o pé daqui e não ser perseguida.
Poderia me fazer de morta, assim ninguém iria atrás de mim e eu poderia viver minha vida em paz. Mas eu teria que arranjar identidade falsa e pessoas em que eu confiasse para armar um teatro, ou seja, opção descendo de tobogã para o lixo. Poderia dar um perdido, porém a possibilidade de me sequestraram ou me matarem seriam alta, já que eu não tinha planos para sair e mesmo assim sabiam que eu não estava no morro e desprotegida.
Suspirei cansada de tudo e peguei meu celular entrando no Instagram para me distrair da vida, coisa que só me fez ficar ainda mais entediada.
Até a porta ser aberta e passar a pessoa que eu menos queria vê na face da terra. Assim que ela me vê arregala os olhos e dá um passo para trás. Apenas desvio o olhar e continuo vendo meus memes, mas ela continua parada tirando a pouca paciência que tenho.
-Não é porque eu estou te ignorando que eu te queria aqui dentro, Amanda. Aliás, o que você quer aqui?- ela suspirou e me encarou.
-Vim pegar minhas roupas.- deu um meio sorriso e meu cérebro parou de funcionar assim que ouvi suas palavras e a ficha caiu.
Ela morava aqui! Dormia na minha cama com meu marido, usava o meu closet e agora faz sentido um dos quartos sempre estarem fechados pela desculpa de está instável, mas é claro que não era nada disso, é o quarto da Wendy!
-Sim, você saca as coisas rápido.- deu um sorriso triste e só então percebi que falei tudo aqui em voz alta.
Fiquei olhando a mulher na minha frente com vários machucados e manchas roxas, totalmente diferente da que eu conheci, e senti um nó se transformar em minha garganta.
Apenas me levantei e saí da casa para a área da piscina onde me sentei em uma espreguiçadeira.
Como ela pode ser tão falsa? Tão descarada? Querer ser minha amiga quando tinha se apossado de tudo que era meu e ainda conseguiu um filho, quando ele deixou mais que claro para mim que não queria.
Suspiro alto tentando controlar minhas emoções, mas o bolo na minha garganta aumenta cada vez mais.
Perdida nos meus pensamentos e deixando as emoções tomarem conta de mim fazendo lágrimas caírem pelas minhas bochechas, só percebi que o Rafael estava ao meu lado quando o mesmo jogou uma sacola no meu colo e se sentou na espreguiçadeira ao meu lado.
Olhei para a piscina enquanto sentia o olhar dele sobre mim, o que fazia mais lágrimas caírem, mas que merda!
-Essas lágrimas são da TPM ou por ter descoberto mais sobre a Amanda?- foi então que mais lágrimas caíram, ele sabia de tudo e mesmo assim não me falou nada!
-TPM.- falei com a voz fraca e percebendo que realmente estou na fase de TPM, tá aí o porquê de tantas lágrimas! Ele suspirou.
-Qual é Natacha? Eu sei que tem mais coisa.- falou pegando no meu queixo e na fazendo olhar para ele, fazendo todas as minhas barreiras caírem e desabafei de vez.
-Você sabia de tudo Rafael, sabia que ele me traía com sua prima, que ela estava tentando e conseguiu ser minha amiga, que eles me traía bem debaixo do meu nariz e VOCÊ NÃO ME DISSE NADA! ME FEZ DE TROUXA COMO OS OUTROS!- falei apontando o dedo para ele e as lágrimas caindo, me fazendo sentir raiva o que ocasionou mais lágrimas, MAS QUE PORRA!
-Você não sabe como eu me arrependo disso, Naty. Eu quase te disse várias, mas o Felipe tinha me prometido que ia resolver isso tudo, que logo ia ter uma conversa com você e foi justamente por esse motivo que eu não te falei nada, Natacha. Era um assunto de vocês, o Felipe que tinha que te dizer e ele me prometeu que ia fazer isso. Eu não podia fazer muita coisa já que estava dividido no meio, se eu te falasse alguma coisa estaria traindo a confiança que ele têm em mim e desconfiando da palavra dele. Se não falasse iria perder a sua confiança e te magoar, eu não podia simplesmente escolher quando me importo com os dois e justamente por esse motivo que eu me sentia mal por não te dizer nada e ter que pressionar ele, quando na verdade eu sei que ele não age muito bem sob pressão. Tanto que eu me distancie dos dois… não pense que foi fácil para mim, Floquinho, eu amo os dois para simplesmente pensar em um.- respirou fundo e ficou me encarando passando as mãos pelos meus cabelos.- Você sabe que não gosto de te ver triste Floquinho, muito menos ia te magoar de propósito. Me desculpa?
Ele falou da forma mais sincera possível e com esperança nos olhos que deu vontade de desculpa-lo ali mesmo, mas não era tão fácil assim. Não tinha como eu simplesmente apagar da minha mente o que ele fez comigo, eu nem sabia se queria realmente desculpa-lo.
-Não.- falei direta com a voz rouca pelo choro e ele riu baixinho.
-Você é tão previsível.- sorriu mostrando os dentes perfeitamente alinhados e soquei seu braço.
-Não vou te desculpar se continuar assim!- cruzei os braços e quando fui perceber já estava fazendo bico.
ODEIO TPM! Minhas emoções ficam totalmente sensíveis principalmente a tristeza, onde eu choro muito e fico com um comportamento birrento e infantil, além de agir impulso.
-Amo quando você está na TPM, fica muito meu bebê, nem parece ser a piranha que é.
-Cala a boca rato de esgoto! E não fala comigo porque eu não te desculpei!
-Ok.- se levantou e pegou a sacola do meu colo.- Então eu levo isso comigo.- fiz careta e puxei rápido a sacola da mão dele.
-Você já me deu, não pode pegar de volta. Se quiser ir embora já pode.- dei língua para ele e abri a sacola vendo Fini, chocolate e bis. Quase babei e escutei o Rafa gargalhar.- Tu tá muito mesquinho, Rafa, antes tu trazia mais coisas.
-Oxe para que? Vai que tu jogava no lixo? Iria ser só dinheiro gasto sou besta não.
De repente o retardado começou a rir enquanto eu comia o Fini.
-Qual foi?- arquei uma sobrancelha e ele riu mais ainda.
-Só estava lembrando da primeira vez que presenciei sua TPM!- ele mal parou de falar e eu comecei a gargalhar alto lembrando do dia.
-Você ficou todo preocupado e me olhando como se eu fosse louca. Mano tu foi falar com minha mãe para me levar no médico porque achava que eu estava com uma doença séria.- falei entre risos sentindo meu rosto vermelho e vontade de fazer xixi.
-Claro tu estava exatamente como agora, a diferença é que naquela época você veio me bater e porra, tu tinha uma mão pesada para porra mesmo sendo um palito.- parei de rir e fechei a cara cruzando os braços, encarando ele enquanto o mesmo dava passos para trás.
-Olha tu me respeita, ok? Seu ridículo.
-Eita que soltei o dragão!- falou rindo.
-Vai pro inferno Rafael!- indaguei com os dentes trincados e pegando minha chinela que joguei na direção dele, mas o filho da mãe desviou e começou a andar na minha direção soltando algumas risadas.
-Fica longe de mim, fuleiro sem vergonha!
Mas tu escutou? Porque ele não, chegou até mim e me encheu de cócegas me fazendo esquecer de tudo por alguns instantes, principalmente que eu estava com raiva dele.
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Envolvida✔
Roman pour Adolescents+16 Cinco anos haviam se passado desde que Natacha foi presa, e agora o que queria era apenas voltar para casa e para o aconchego de seus familiares; retomar a vida de onde parou ao lado do marido e do melhor amigo. Só não esperava que o mundo tives...