Felipe saiu a mais de duas horas e eu simplesmente não consigo dormir. É sempre a mesma coisa, fico preocupada demais com ele que me falta sono e fome. O pior é o fato de não ter ninguém para conversar, o que me deixa mais ansiosa.
Até que vejo que o Rafa postou um status a cinco minutos, o que significa que ele está acordado, então mandei uma mensagem.
"Fala aí cachorro."
"Minha moral deve estar muito baixa. Pra ti é Loiro ou sub."
"KAKAKA Sonha bebê, te chamo do que quiser perna fina."
"Falou a rata branca.
Por que tu tá acordada mesmo? Cadê teu macho?"Arqueei uma sobrancelha observando atentamente e relendo umas trinta mil vezes.
"Ué? Não ia ter uma missão?"
Ele digitou e enviou a mensagem "Missão?" Mas apagou logo em seguida e saiu do Whatsapp. Mandei três interrogações, mas apenas chegou e ele não visualizou, me deixando mais nervosa e paranóica.
Terminou que não consegui dormir e o Felipe chegou às cinco da manhã na conta do pé. Liguei o abajur e olhei para ele com uma sobrancelha arqueada e os braços cruzados.
-Achei que estava dormindo.- jogou a blusa no chão e tirou os sapatos de sentando na cama.
-Tu estava aonde mesmo, Felipe?- ele me olhou confuso.
-Qual foi? Te falei que ia para uma missão, tá com amnésia fiota?- falou brincando, mas continuei séria.
-Qual era a missão?- ele arqueou uma sobrancelha.
-Já te falei que não vou dizer, te quero longe disso.- respirei fundo, porque está cedo para minha pessoa se estressar.
-Quem estava contigo, Felipe?- perguntei já impaciente e ele começou a se irritar.
-Colfoi? Qualé dessas perguntas, tá duvidando de mim?- eu bem plena afirmei com a cabeça e vi ele começar a ficar vermelhinho com raiva.- E como mesmo que tu chegou a essa conclusão?
-Primeiro, você não me diz com quem foi para essa missão e nem onde. Segundo, eu mando mensagem para o Rafa e aparentemente ele não sabia de nada dessa missão, sendo que você falou que ele estava enchendo a tua cabeça, então como ele não ia saber?- ele passou a mão no rosto frustrado e com raiva.
-Te falei que o Rafael estava enchendo minha mente, não falei com o que. E já te expliquei o porquê de não falar dos meus bagulhos, mas se tu que saber liga aí pro parceiro do Vidigal e pergunta onde eu estava!- falou apontando o dedo para mim e com a voz alterada. Jogou o celular dele ao meu lado na cama e se levantou da mesma com brutalidade, olhando para mim e negando com a cabeça.- Pensava que a base do nosso relacionamento era a confiança, mas tô vendo que mudou.- ele apenas se virou e entrou no banheiro, me deixando sem saber o que falar e com cara de besta.
Mordi o lábio inferior e olhei para o celular ao meu lado, se eu pegar essa bosta só vou está dando mais motivos para ele falar sobre a confiança entre nós, mas as paranóias não saem da minha cabeça.
Por que o Rafa ia apagar a mensagem e não me responder mais? Qual seria a necessidade disso? Nenhuma, e isso me deixa nervosa e paranóica.
Olhei para o celular dele mais uma vez e peguei, fiquei olhando para a tela e mordendo o interior das minhas bochechas. Até que o joguei na cama com força e bufei alto, me levantei e fui até a varanda me deitando na rede e puxando o lençol para mim.
A vista estava maravilhosa, com o sol aparecendo entre as nuvens e a brisa fria batendo em meu rosto. Porém não conseguia prestar atenção nesta paisagem bela, meus pensamentos estavam em outro lugar e totalmente bagunçados.
Por que o Felipe não falou nada para o Rafa? Se ambos são tão grudados?!
Por que o Rafael agiu daquela forma?
O Lipe mentiria para mim ou quebraria minha confiança?
O Rafa me contaria se alguma coisa estivesse acontecendo?
Ou meu próprio marido?
Interrogações, apenas isso que eu tenho e nenhuma solução. Fiquei pensando sobre isso por algum tempo, até que o cansaço junto com o sono me pegaram e senti minhas pálpebras pesadas.
●●●
Acordei deitada na cama com as cortinas fechadas e o ar ligado. Olhei para o lado e o Felipe não estava, suspirei e peguei meu celular vendo que já se passava das duas da tarde. Ok, dormir demais, porém não era para menos. Me levantei e tomei um banho rápido, vesti uma blusinha e um short jeans. Calcei minhas havaianas e desci a escada indo para a cozinha. Abri o armário e peguei um pippo's de cebola com salsa, fui até a geladeira pegando uma pitchulinha de coca. Abri o pacote e comecei a comer enquanto saia de casa, vou da uma volta para clarear a mente e quem sabe não dou uma passadinha na boca?
Fui descendo o morro enquanto comia e algumas pessoas me olhavam de uma maneira que me deixava desconfortável, enquanto outras me cumprimentavam e me davam sorrisos simpáticos. Já as putas com um deboche fora do normal.
Quando cheguei na boca principal tive que aguentar as piadinhas nojentas dos vapor e sinceramente, se eu não tivesse uma maturidade boa ou um psicológico "saudável" eu me sentiria culpada e nojenta, sendo que os únicos que deveriam sentir isso era eles mesmos. As vezes sinto vontade de matar todos eles, mas não iria adiantar muito.
Suspiro e paro em frente a porta do Lipe quando escuto os gritos do Rafa.
-RET, ISSO NÃO VAI DÁ CERTO!- falou com raiva.
-PRIMEIRO NÃO GRITA! Segundo…- ele baixa a voz e chego mais perto da porta.
-Qualé patroa, tá fazendo o que aqui?- dou um pulinho de susto e coloco a mão no peito olhando para o vapor com um fuzil nas costas.- Devendo?- ele riu e eu abri um sorriso envergonhado.
Neguei com a cabeça e abri a porta recebendo dois pares de olhos e rostos preocupados. Em cima da mesa tinha um mapa e um monte de papel, arquei uma sobrancelha para ele e comi o que restava do pippos.
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Envolvida✔
Novela Juvenil+16 Cinco anos haviam se passado desde que Natacha foi presa, e agora o que queria era apenas voltar para casa e para o aconchego de seus familiares; retomar a vida de onde parou ao lado do marido e do melhor amigo. Só não esperava que o mundo tives...