Capítulo 22: Parte 3

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Assim que tranquei a porta do quarto a maçaneta se mexeu e logo o Rafa começou a bater e falar.

-Qual foi o caô? Parecia que eu estava te queimando!- a voz dele parecia preocupada.

Respirei fundo diversas vezes tentando me acalmar, mas minha mente estava uma confusão, eu não conseguia entender o que foi aquilo só via como uma coisa muito errada e me sentia péssima.

-Abre essa porra, Natacha!- ele estava começando a ficar irritado, e eu irritada com ele por está me perturbando.

-Vai abusar outro caralho!- as palavras saíram da minha boca que eu nem dei conta, é isso que acontece quando estou nervosa e sob pressão.

Respirei fundo diversas vezes tentando me acalmar e aos poucos consegui, isso nunca falha. Depois de horas trancada nesse quarto sem conseguir nenhuma conclusão plausível e morrendo de fome, decidi descer para comer. Assim que cheguei na cozinha dei de cara com a Alexandra e o Rafa comendo, o último olhou para mim e na mesma hora desviei o olhar para indo colocar minha comida.

-Tudo bem, Natacha?- a morena perguntou acabando com o silêncio desconfortável, pelo menos para mim, e respondi sem olhar para ela focada em colocar minha comida.

-Tô sim minha linda e você, dormiu bem? 

-Uhum!

Coloquei minha comida e me sentei na cadeira sentindo o olhar do Rafa em mim, assim que coloquei a primeira garfada na boca, ele abriu o bico.

-O que foi aquilo mais cedo?

-Nada.

-Quem nada é peixe, vai me dizer o que aconteceu ou não?- neguei e ele apenas concordou frustrado e colocou o prato na pia, saindo de casa logo em seguida.

A Alexandra olhou para mim interrogativa e eu apenas dei de ombros.

-O que aconteceu entre vocês?- comecei a ficar apreensiva. Será que ela percebeu alguma coisa?

-Nada, por quê?- perguntei fazendo a Cláudia, mas o coração estava a mil.

-Sei lá, tu entrou aí na cozinha não olhou pra ele e ficou toda vermelha, depois nem conseguiu olhar pra cara dele direito. Além do mais que é bem visível que ele gosta de você.

Ela mal calou a boca e eu me engasguei virando a cabeça rápido para ela, com os olhos arregalados.

-Quê? Claro que ele gosta, mas como amigo.- falei depois de conseguir para de tossir. 

Ela negou e parecia bem divertida com a situação.

-Colfoi? Tá praticamente escrito na testa dele: "Sou amarradão em tu!". Só você que não vê, porque enquanto você estava no hospital ele não saiu do teu lado, ficou mó puto quando não deixaram ele entrar no quarto onde você estava e só faltou chorar quando você estava demorando para acordar. Nem preciso falar de quando a gente chegou no morro né? Além da maneira que ele te olha. E acho que você gosta dele também, hein!?- brincou na última parte e eu nem consegui dizer nada.

Minha mente estava perdida em tudo que ela acabou de dizer, uma verdadeira bagunça, não conseguia digerir aquilo.

-Não, Alex, você deve está enganada.- minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.

-Olha, eu já vi o mesmo olhar que ele te olha e posse te dizer de certeza que ele gosta de você sim e as atitudes dele só confirmam. Pensava que você pelo menos já tinha uma noção sobre isso.- neguei com a cabeça olhando para o meu prato.

Isso não pode ser verdade, ele já teria me dito algo coisa, conhecendo o Rafa como eu conheço ele já tinha me dito, é claro que sim! A Sandra deve está ficando louca, isso é coisa da cabeça dela, tem que ser. São catorze anos de amizade, sempre foi e não podem ser jogados no lixo assim, porque ninguém venha me dizer que não muda a amizade, porque muda sim!

A porta foi aberta e o Rafa apareceu atrás dela. Dessa vez não consegui desviar o olhar procurando alguma coisa no rosto dele que comprovasse o que a Alexandra disse, ou não. Mas não consegui ver nada além daqueles lábios rosados e os olhos negros.

-Toma os remédios que tá na hora.- falou sério sem olhar para mim, parecia até um pouco chateado e irritado, depois se virou indo embora.

É claro, porque quando o Rafael ficava irritado ele se isolava, falava que era melhor para todo mundo porque ele explodia e terminava falando coisas que não devia.

Eu conheço ele demais e por isso saberia se ele sentisse alguma coisa por mim. Isso não fazia sentido a Alexandra com certeza se enganou, e pronto!

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Já estava de noite, dez horas para ser exata e o Rafael ainda não deu as caras, nem mandou a porra de uma mensagem. Tô tão preocupada que até ligar para o Felipe perguntando por ele eu liguei, mas o imprestável também não sabia de nada. O que me deixou mais apreensiva, já que as últimas vezes que ele saiu e demorou para volta ser avisar nada, só deu em merda.

Ah Rafael, eu vou te dá uma surra quando tu aparecer, filho da puta. Quem já viu deixar uma estrela como eu preocupada e esperando? Já rói boa parte das minhas unhas e a piranha da Sandra só saber rir da minha cara e dizer que estou me preocupado a toa.

Só que ela não sabe o que eu sei e só em pensar nisso já tenho vontade de chorar. Respirei fundo mais uma vez e tentei me acalmar enquanto tentava distrair minha mente com o filme que, a Alexandra colocou, mas não faço a menor ideia do que seja.

A porta abriu e minha cabeça automaticamente se virou para ela e vi o vagabundo passando. Me levantei na mesma hora e fui em cima dele, dando vários socos ou pelo menos tentando já que ele segurou meus punhos. 

Senti como se um peso tivesse saído de cima de mim e um alívio passou pelo meu corpo, fazendo lágrimas descerem pelas minha bochechas, só em ver que ele estava bem.

-Ei calma! Por que tu tá chorando, albina?

-Seu imbecil! Custava ter me mandado uma mensagem, caraí? Foda-se se você estava chateado comigo ou com raiva, era pra te mando otário!- ele pareceu lembrar e seu semblante mudou, me puxando para seus braços e me abraçando.

-Foi mal, Floquinho, eu precisava espairecer e acabei me esquecendo de avisar.

-Só não faz mais isso.- indaguei deitando a cabeça no peito dele o abraçando com força, o que fez ele apertar minha cintura, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar. Porém liguei o foda-se, porque o mais importante agora era que ele estava bem.

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