— Caralho mermão — esbravejei para todos que estavam com um rádio. — Eu falei nessa buceta que era pros dez da rua 6 irem para a rua do mercado do seu Luis, qual a porra do problema de vocês? Se esses bota do caralho pegar minha favela vocês vão se fuder na minha mão! Vão logo pra rua a cima antes que eles peguem mais uma!A minha vontade mesmo era entrar no meio desse confronto e matar esses botas filhos da puta, mas aquele perna fina me fez acreditar e prometer que o melhor era eu ficar na base olhando o negócio como um todo e dando as melhores posições ou ordens. O problema era que além de me estressar nessa porra eu não via como poderia ajudar, já que esses arrombados não me escutam. Perdermos cinco ruas por causa da palhaçada deles em decidirem que sabem o que é melhor, só escuto é neguin falando que a polícia tá subindo cada vez mais.
Meu celular apitou com uma notificação e em segundos já tinha ele em mãos, pensando que seria minhas crias, mas era só mais uma notificação do insta. Respirei fundo a milionésima vez, tentando dizer a mim mesma que eles estavam bem, que os ferimentos que ambos conseguiram quando caíram da moto – pois os vermes do caralho resolveram invadir em horário de almoço e meus filhos estavam voltando da escola quando os tiros foram dados. Alan acabou se assustando e perdeu o controle da moto derrubando os dois – não passavam apenas de alguns arranhões leves.
Esses botas rezem que sim, senão eu mesma vou atrás da mandante deles e mato lentamente.
— Derrubaram outro drone, Patroa — olhei incrédula para o homem atrás das telas.
— Puta que pariu, inferno! Já é o segundo. Essas putinhas tão pensando que são baratos? — faltava pouco, muito pouco para eu explodir de vez.
Cheguei mais perto dele vendo duas telas em cinza dos dois, já caídos, drones e olhei para a que ainda estava pegando, observando qual estratégias poderia fazer. Até que meus olhos brilharam quando vi uma oportunidade de matar dez facin.
— Loiro — chamei com o rádio na boca.
— Na escuta — sua voz saiu ofegante e cansada.
O que não era para menos depois de fodidas três horas de confronto.
— Sobe na laje e manda os cinco que estão contigo fazer o mesmo. Depois mirem para o norte, 180º para a direita. Pela viela vão sair dez PM — avisei rapidamente enquanto observava os vermes irem abaixados usado latas de lixos e paredes como escudo.
— Beleza.
Pedi pro Ronaldo mandar o Drone para a parte Sul da favela onde o bagulho estava mais tenso. Fechei os olhos com força e puxei a respiração devagar.
Porra menó, eu sou responsável pelas finanças. Maldita hora que escutei o Rafael.
— PAREM DE DESCER PORRA! — gritei com a paciência indo para a casa do caralho. — RECUEM E PEGUEM POSICIONAMENTO NAS RUAS MAIS A CIMA! — em troca recebi uma enxurrada de xingamentos. — Pé Pequeno, pega os teus e vai pra rua da loja da dona Joana. Tem bota querendo subir pelos escadões.
— Recuaram na rua 5 — alguém falou sobre meus gritos e senti um misero alivio.
— Loiro? — o chamei com os olhos na tela pensando em que poderia ajudar mais.
— Caíram o dez; estamos bem.
— Tamo com a rua 7 de novo — outro falou.
Aos poucos vamos conseguir.
— Pereira estão pegando pelas costas de vocês.
— Entendido, Patroa.
— Leva o drone pra minha casa.
![](https://img.wattpad.com/cover/177229246-288-k663334.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Envolvida✔
Ficção Adolescente+16 Cinco anos haviam se passado desde que Natacha foi presa, e agora o que queria era apenas voltar para casa e para o aconchego de seus familiares; retomar a vida de onde parou ao lado do marido e do melhor amigo. Só não esperava que o mundo tives...