Capítulo 11

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Dei um último olhar para os dois traidores a minha frente, que se olhavam com o maior amor do mundo. Ele pedido com o olhar perdão pelo o que tinha acontecido e ela respondendo que não era culpa dele. Aquilo só fazia meu coração se apertar cada vez mais, e as lágrimas quererem descer, mas não posso deixar isso acontecer porque provavelmente não ia conseguir parar mais.

Quando levantei minha cabeça, meu olhar foi pescado pelo de Rafael, que eu tratei de desviar o olhar no segundo seguinte. Doía muito saber que ele estava no meio disso tudo, se já doía com o Felipe com o Rafael era mais. Foi o único amigo que eu tive a mais de 14 anos e o que ele faz? Me trai!

Praticamente corri para o carro e acelerei para casa, preciso ferrar o Felipe agora, não como eu queria, mas já é um começo.

Assim que cheguei em casa os vapores da segurança me olhavam com respeito e pena, me deixando mais triste ainda. Respirei diversas vezes até conseguir controlar minhas emoções por enquanto. Peguei meu celular e liguei para uns dos chefes do CV, no terceiro toque ele atende.

-Identificação e código.- uma voz séria e grossa falou do outro lado.

-Natacha Oliveira Carvalho, fiel de Felipe Nogueira Carvalho, vulgo Ret. CVRL e PJL.- esperei um pouco, sabia exatamente como isso acontecia.

Eles ia fazer um reconhecimento de voz e abrir minha fixa e a do Ret. Depois de alguns minutos escutei a voz dele novamente.

-Qual é a denúncia?- respirei fundo sem fazer barulho e comecei a falar.

-Quero denunciar Felipe Nogueira Carvalho por pilantragem.

-Que tipo de pilantragem?

-Traição e falsidade com alguém que esteve com ele 100%, no caso eu mesma. Pode olhar na minha fixa o que já fiz com por ele e o CV.- ele ficou em silêncio por alguns minutos até voltar a falar. Sabia que ele estava inspecionando minha fixa.

-Já serviu como isca diversas vezes, descobriu envolvimento de roubo de drogas e armas, já foi presa e outras coisas, mesmo não estando realmente dentro do comando na atividade. Preciso das provas e se realmente for dado com pilantragem ele será intimado.

-Ok, enviarei as provas pelo e-mail. Obrigada!

-Sempre a disposição.- e desligou.

Fui logo enviando tudo o que tinha em minhas mãos e sabia muito bem que só demoraria algumas horas, até ele ser intimado. Eu podia não está na atividade no comando e nem ter sido batizada, mas eu já ajudei muito eles. Eles me devem favores, mesmo que eu não seja estúpida o bastante para pedir. Estamos falando do tráfico, não se um negócio com os playboy.

Depois recebi um e-mail com respostas robótica confiando que estava tudo certo. Coloquei meu celular no bolso da calça e fui para a garagem, subi na moto e acelerei com tudo para o topo do morro. Entrei em uma trilha de terra pequena e não demorou muito para a árvore que sempre amei chegar a minha visão, meu refúgio.

Estacionei a moto por perto e limpei as lágrimas que desciam, mas não adiantou nada já que mais correntes chegavam. A árvore era grande e larga, seus galhos se dobravam e as folhas quase tocavam o chão formando um ângulo de 180° e na parte de dentro era oca, deixando o lugar um bom esconderijo. Meu esconderijo, meu refúgio, meu mundo!

Quem me mostrou essa árvore foi meu pai, na primeira vez que minha melhor amiga deixou de ser. Eu tinha 12 anos e fiquei arrasada, quase não saia do quarto ou comia, além de chorar muito. Até que meu pai me mostrou essa árvore, a árvore onde ele e minha mãe se encontram escondidos e tinha suas iniciais.

Passei por seus galhos e folhas chegando ao seu interior depois de mais de cinco anos. Olhei para o tronco dela e minha vontade de chorar só aumentou quando eu vi as iniciais dos meus pais e me lembrei que nenhum dos dois estava aqui. Eu estava sozinha, não tinha mais ninguém comigo. Não tinha meus pais ou amigas, meu marido me traiu bem debaixo do meu nariz e a pessoa que eu considerava mais confiável, que estaria comigo para sempre, meu amigo irmão, ME TRAIU!

Toquei as letras com a ponta dos meus dedos e só senti meu coração doer mais, minha respiração ficar mais pesada, o nó da minha garganta aumentar. Eu me sentia fraca e indesejada, um verdadeiro lixo.

Sentei com as costas na árvore e trouxe meus joelhos para meu peito, me abraçando com força. Querendo de todo o coração que nada disso tivesse acontecido… queria estar na cadeia, presa em uma cela mínima com outras mulheres sem ver o sol do que descobrir tudo isso.

Estava em uma bolha tão dolorosa e triste que não percebi que tinha companhia.

-O que você está fazendo aqui?- perguntei em meio aos soluços e com a voz rouca, sem conseguir parar de chorar.

Ele sorriu triste e andou até mim, se abaixou sentando do meu lado na mesma posição que a minha.

- Vai embora, Rafael. Por favor, vai embora!- falei com a voz embargada, sentindo a dor do meu peito aumentar.

E sem nem mais ou menos ele baixou as pernas e me puxou contra ele, me abraçando com força. Na mesma hora me ajoelhei sentindo raiva da cara de pau dele e comecei a empurrar o mesmo, até ele me soltar.

-Não toca em mim, seu desgraçado! VOCÊ É IGUALZINHO A ELE! VOCÊ MENTIU PARA MIM, ME TRAIU!- gritei socando meus punhos no peito dele com toda a força que tinha, ele não falou nada apenas me olhava com preocupação e culpa.

Até que mais lágrimas começaram a descer quando voltei a lembrar de tudo e meus socos ficaram lentos e leves. Onde ele aproveitou para passar os braços pelas minhas costas e me abraçar com força.

Já estava tão fraca que me deixei sentir seu abraço e escondi meu rosto em seu peito, molhando toda a sua camisa.

-Chora minha menina, coloca tudo para fora.- falou com aquela voz rouca cheia de carinho e ao mesmo tempo dor, só fazendo meu peito doer mais e meu corpo tremer.

-Por que você fez isso comigo?- perguntei em uma faísca de voz.- Por que mentiu para mim?- sentir seus braços me apertarem mais enquanto uma mão estava nos meus cabelos os acariciando.

-Nunca menti para você, Floquinho. Eu te jurei que nunca ia fazer isso, você apenas me fez as perguntas erradas.- funguei e soquei seu peitoral, sentindo mais raiva dele.

-Você poderia ter me dito! Porém preferiu que eu fosse feita de trouxa!- senti ele ficar tenso, mas logo relaxou, voltando a acariciar meus cabelos.

-Não vou discutir com você nesse estado, Floquinho, mas lhe respondendo eu sou amigos dos dois. Os dois são importante para mim eu não podia simplesmente sair dedurando um ao outro. Tanto que não te contei nada, porque você fez as perguntas erradas, e nunca ajudei ele, nunca dei minha opinião, a não ser para dizer que era uma má ideia. Eu nunca menti para você!

Não falei nada, não conseguia raciocinar direito. Meus pensamentos estão uma bagunça, tudo o que eu quero agora é chorar e ter um ombro para isso.

Envolvida✔Onde histórias criam vida. Descubra agora