Capítulo 20

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Acordei com meu celular tocando, peguei o ele com os olhos fechados e apenas atendi sem ver quem era.

-Alô?- falei com a voz rouca pelo sono.

-Alô, Natacha? Por favor né! E você foi dormir de novo, sendo que dormiu toda a viagem?- revirei os olhos quase pegando no sono novamente.- Tô afim de sair, tomar alguma coisas e você pode ser minha guia turística!

Tirei o celular da orelha e semicerrei os olhos para poder ver a hora. Nove e meia, porra! Dormir de mais.

-Não dá, já tenho compromisso, sorry!

-Quê? Que compromisso?

-Baile pra mim, por estar de volta.

E só depois que as palavras saíram da minha boca que eu percebi a burrada, colocando a mão na testa. 

-Como assim vai ter baile para você e a senhorita não diz nada? Que trairagem! Logo eu que você sabe que quero da uma surra na talarica do caralho da Amanda. Qualé?!- arregalei os olhos e parece que me acordei de vez sentando na cama.

Até porque Lucrécia sabe muito bem onde é o morro e para chegar aqui é em questões de segundos.

-Nem pense nisso ok? Aquela puta do caralho é patroa, ela pode fazer o que quiser contigo e tem coisa que o Felipe não pode colocar a mão, como se de alguma forma ele fosse colocar.- revirei os olhos e escutei ela bufar.

-Não sei como você aguentou morar tanto tempo aí do lado do Felipe, porra Naty, pensei que se era esperta. Daqui a pouco chego aí, me espera na barreira que eu sou tímida. Beijos.

E simplesmente desligou na minha cara, quanta audácia. Grunhi de raiva e desbloqueei o celular ligando para o Rafa.

-Fala.- disse assim que atendeu e fiz careta.

-Fala direito, querido. Tem como tu me levar lá na minha antiga casa? Quero pegar minha moto.

-E porque tu não veio aqui em casa, precisava ligar?- me levantei e comecei a abrir as malas.

-Precisava, tô com preguiça rato albino e tenho que guardar minhas energias para mais tarde.

-Olha bem o que tu vai fazer, piranha de esquina, se lembra que tu não é mais a patroa.- revirei os olhos finalmente encontrando uma roupa para ir pro baile.

-Fica mec, aliás, fala para os vapores que vou receber visita e é pra deixar ela passar, a loirinha que veio comigo, tá ligado?

-Fica de olho na loira, porque mesmo tu não sendo mais patroa boa parcela do povo ainda tem respeito por ti. Agora a loira é sangue novo, vai chover em cima dela.- falou sério e eu suspirei, já tinha pensado nisso e relatado para a própria Lucrécia em uma das nossas conversas, mas parece que entre por um ouvido e sai pelo outro.

-Vou me certificar que ela via ficar bem, agora vem me buscar Loiro, dá uma força aí.- desci e fui para a cozinha.

Abri os armários e tudo cheio, maravilha. Peguei um biscoito de chocolate e comecei a comer.

-Preguiça do caralho, essa tua em! Vou passar aí em frente agora, se tu não aparecer meto o pé. 

Ele desligou e ri sabendo que ele falava isso, mas já dei cano pra porra e ele me esperou.

Não demorou muito e o mesmo buzinou. Me levantei do sofá comendo meu biscoito e abri a porta saindo da casa, olhei para ele e o mesmo só estava de bermuda, mostrando o tanquinho maravilhoso. Até porque convenhamos, meu amigo é lindo pra porra.

-Espera aí que, eu vou ali pegar um balde!- fechei a cara e ele riu. Subi na garupa e o mesmo acelerou.

-Tem alguém morando lá?- perguntei enquanto segurava meus cabelos para não encher de nó. 

-Não, desde que tu saiu não mora mais ninguém. Tá fechadona.

Ele parou em frente a casa e me deu a chave da garagem, abri ela e vi minha bebê linda e bela lá. Subi na mesma e liguei saindo da garagem, fechando ela logo após. Joguei a chave para o Rafa e cantei pneu.

-DE NADA, FILHA DA PUTA!- gritou e eu ri descendo para a entrada.

Mas fala pra tu, me arrependi pra porra. Porque a Lucrécia demorou e eu mal parei a moto e começaram as piadinhas de uns vapores novos, os que já me conheciam apenas fizeram um meneio com a cabeça que eu devolvi.

-O que a gostosa tá fazendo aqui?- um deles falaram e vi os veteranos arregalarem os olhos.

Nem rendi para ele e o outro tentou a sorte.

-Qualé gatinha, vamos ali pro beco? Aposto que essa boquinha faz um boquete do caralho!- sorri debochada para ele e desci da moto.

-Quanto tempo os dois tão na função?- Eles me olharam confusos, mas responderam. 

-Nove meses.- disseram em uníssono e meu sorriso debochado só aumentou.

-Por que não pergunta aos veteranos aí, o que aconteceu com os vapores que já jogaram piadinha para mim, ou já falaram merda demais?- dessa vez meu sorriso já tinha ido embora e falava séria e ameaçadora.

-Ui.. a morena além de gostosa é selvagem.- chegou perto demais e em um passo rápido, passou a mão pela minha cintura segurando minha bunda e me roubou um selinho.

Na mesma hora subi meu joelho, pegando em cheio no pau dele e assim que ele me soltou subi a mão para a cara dele, socando com força. Até que ele se recuperou e segurou meus punhos levantando a mão para me bater, mas foi nessa hora que um dos vapores antigo puxou ele para trás e depois o empurrou para longe de mim.

-Rela um dedo nela mais do que já relou que tu se fode na mão do Ret e Loiro. Essa é a Natacha, caraí!

Neguim arregalou os olhos e ficou mais branco que folha de papel, como se tivesse visto um fantasma. Eu só conseguia sorrir debochada e divertida com tudo aquilo.

-Des… desculpa aí mina.- falou se tremendo e o outro que o acompanhou nas piadinhas já estava perdendo a cor também.

Bando de frouxo do caralho.

Subi na minha moto de novo e não demorou nem cinco minutos para a Luh aparecer.

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