As lágrimas desciam pelo meu rosto enquanto eu passava pela saída de emergência. O que eu fiz para merecer isso tudo? Nunca tive amigas, quando tenho uma que parece valer a pena ela pega meu marido. Meu melhor amigo que achava que fechava dez e dez comigo mentia para mim, ou melhor omitia, e meu marido me traiu bem debaixo do meu nariz.
Esse é o preço por entrar no tráfico? Porque se for, estou pronto para meter o pé, não quero terminar como meu pai. Não tem mais um porque de está lá, só tem gente falsa ao meu redor!
Passo a mão no rosto para secar as lágrimas e assim que olho novamente para a estrada um carro buzina em minha direção e logo as luzes do farol chegam a minha visão. Sinto meu coração bater mais rápido e puxo o volante para o outro lado, já sentido que era minha hora e fecho meus olhos com força por alguns segundos. Quando os abro novamente percebo que estou com o pé no freio, o carro está parado no meio do asfalto e o carro que quase bateu em mim já está longe e o motorista grita algo que não consigo entender. Meu peito subia e descia rápido, enquanto meus dedos apertavam o volante com força. Minha respiração estava curta e rápida.
-Merda Natacha! Você está muito nova para morrer!- falei com mais lágrimas descendo.
Respirei fundo tentando voltar ao normal e depois de alguns segundos consegui ligar o carro e voltar a andar, preciso encontrar um hotel para dormir.
Estava tudo bem, até que olhei pelo retrovisor e vi um carro atrás de mim. Peguei meu celular e vi que era dez e meia, respirei fundo tentando não entrar em pânico porque estou sem arma alguma e não sou piloto de fuga. Entrei em uma rua aleatória e o carro veio atrás de mim, fazendo meu coração bater mais forte. Entrei em outra e o carro me seguiu, levantei o vidro da janela o mais rápido possível e acelerei. Peguei meu celular e desbloqueei ligando para o Felipe logo após, mas caiu na caixa postal e o carro atrás de mim também acelerou me deixando em pânico.
Liguei mais uma vez para o Felipe e nada.
-Felipe pelo amor de Deus, se isso for um tipo de vingança já pode parar.- falei com a voz embargada e desesperada deixando a mensagem no correio de voz.
Comecei a vê as coisas embaçadas por causa das lágrimas e meu desespero começou a ficar maior. Meu celular tocou mostrando o nome do Felipe e o peguei, na mesma hora em que um tiro foi dado, onde me assustei com o vidro traseiro se quebrando e derrubei o celular nos meus pés ao mesmo tempo que soltei um grito.
-Não, não, não por favor não!- falei com as lágrimas descendo e sentido o celular nos meus pés.
Olhei pelo retrovisor e vi o carro se aproximando cada vez mais, fazendo meu coração bater forte e fiz uma curva arriscada entrando em uma rua que nunca vi. Olhei para o retrovisor novamente e eles soltaram mais um tiro, me fazendo encolher no banco e comecei a rezar baixinho enquanto tentava puxar o celular, manter a mão no volante e os olhos na estrada. Até que em um ato impulsivo me abaixei tirando os olhos da estrada e peguei meu celular, me ajeitando rapidamente e desviando de uma árvore.
A chamada tinha caído e eu esperava ansiosa para retornar enquanto mais tiros eram dados, porém era perceptível que eles não queriam me machucar, já que tentava mais acertar algum dos pneus do que a mim. Assim que senti o celular vibrando na minha mão atendi na mesma hora e coloquei no viva-voz deixando no painel.
-Felipe por favor, me ajuda!- pedi aos prantos, sabendo que mais tarde me arrependeria por isso.
-O que aconteceu Natacha? Você está bem?- perguntou preocupado e ali estava meu velho Felipe.
-Estão me persegui… AAAAH!- gritei sentindo uma dor forte no meu ombro e quando olhei para o mesmo vejo o sangue descendo.- Atiraram em mim!
-Onde atiraram?- perguntou em desespero, mas não consegui falar.- Natacha, por favor me escuta, tá meu amor?- assenti mesmo que ele pudesse me ver e mordi meu lábio com força quando começou a latejar.
Tentei manter minha concentração na estrada- que nem sabia para onde estava dirigindo-, nos perseguidores e na voz do meu Felipe.
-Natacha? Você está aí?- a preocupação era mais que visível na sua voz, mas isso não diminuiu meu pânico, apenas aumentou.
-Natacha?- a voz do Rafael chegou até meus ouvidos e parecia mais concentrada e firme.- Está me escutando?
-Sim.- só consegui dizer isso.
-Qual sua localização?- tentei falar, dizer que não sabia, mas as palavras não saiam pareciam ser grandes demais e complexas demais para o momento. Escutei um suspiro de frustração e logo depois a voz dele.- Só me responda com sim ou não, sim?- ele não esperou minha resposta e já foi fazendo outra pergunta.- Você sabe onde está?
-Não.- falei baixinho.
Minhas forças estavam indo embora e eu me sentia fraca e tonta, além do meu ombro latejar muito e sair muito sangue.
-A localização do celular era ligada?- a voz dele continuava firme, mas agora eu conseguia ver a preocupação.
-Sim.
-Eles estão muito perto?- olhei pelo retrovisor e arregalei os olhos quando vi o carro muito perto de mim.
-Sim!- gritei em puro desespero e ouvi um suspiro de preocupação.
-Vai caralho! Acha a localização dela!- agora era o Felipe.
-Não… aguentar… muito.
Minhas pálpebras estavam pesadas e manter meus olhos estava difícil. Maldita hora que não levei a Wendy para ter uma janta decente!
-Aguenta só mais um pouquinho, Floquinho.- a voz do Rafa está mais rouca agora e eu conseguia ouvir o Felipe fungar.
-Ela tá perto do Vidigal.- escutei ao fundo e olhei ao redor reconhecendo as ruas, fiz uma curva e logo vi a barreira.
Acelerei mais vendo os desgraçados diminuir a velocidade quando viram para onde eu estava indo e fiz o sinal para os vapores abrirem a barreira.
Assim que passei por ela tudo ficou preto e a última coisa que ouvi foi a voz do Rafael e Felipe perguntando se eu estava escutando.
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Envolvida✔
Novela Juvenil+16 Cinco anos haviam se passado desde que Natacha foi presa, e agora o que queria era apenas voltar para casa e para o aconchego de seus familiares; retomar a vida de onde parou ao lado do marido e do melhor amigo. Só não esperava que o mundo tives...