Virei as costas do papel umas cinco vezes mesmo tendo a plena certeza que não tem nada escrito no verso.
É em momentos como esses que as palavaras do meu pai sobre meu futuro ecoam na minha cabeça fazendo latejar sem esforço, "Quem nasce na Califórnia não escolhe hóquei como profissão", eu sabia desde o começo como seria difícil, mas mesmo assim arrisquei me matriculei na única universidade daqui que tinha prática esportiva remunerada, não faço pelo dinheiro mas preciso dele, eu poderia ter me mudado pra Boston quando tive a oportunidade, o que me faltou foi a bendita da grana, tentei a todo custo mas bancos negam financiamento pra "jovens imaturos".
Qual é agora? Sou chamado pra ir jogar em Oregon, e tenho que tomar a decisão dentro de uma semana, não estou desprezando os jogadores de la nem nada do tipo, mas o time nem se quer joga frozen four, eu ganharia mais do que aqui, mas são a porra de um contrato de dois anos e meio sendo que em menos de um ano eu posso ir pro Canadá jogar pelo Oilers, não tenho nada certo ainda e se eu não conseguir? vão ser duas oportunidades jogadas no lixo.
— Merda. Merda e merda. - Bato varias vezes no volante do carro estacionado no campus mas paro o showzinho ao peeceber que há plateia.
Tenho mais uma aula hoje, mas não to com cabeça pra isso, vou direto pra casa.
Abro a porta e fico parado, ninguém notou minha chegada.
Sina anda de um lado pro outro da sala enquanto quase arranca os cabelos com as mãos. Noah parece que foi paralisado por alguma injeção, seu corpo sobre o sofá totalmente inclinado pra frente quase encostando o peito nos joelhos enquanto sua cabeça está erguida, ainda não consegui entender se ele encara Any que está apoiada com a bunda no móvel da tv com as pernas esticadas até o chão, ou se é pra ver Sina quando ela passa em sua frente.
Fecho a porta de vagar e anúncio minha presença.
— Tá tudo bem por aqui? - Eles sabem que estou aqui só estou sendo ignorado.— Sina, você voltou? Que bom. - Estou começando a me irritar, me sinto um fantasma.
— Aham. - É tudo que sai da boca da loira.
— Eu nem sei porquê estou aqui okay Não faço ideia. - Any diz como se estivesse e justificando. Aconteceu alguma coisa.
— Tá aqui porque foi você que fez o Noah ir no aeroporto, eu me senti pressionada. - Sina diz com a voz embargada brigando com a morena.
— Gente alguém me diz o que tá acontecendo. - O tom da minha voz sobe e desçe como um garoto na puberdade na minha falha tentativa de parecer calmo. — Por favor.
— A Any conta. - Sina vai afundar o chão de madeira a qualquer instante. Me aproximo de Noah e passo a mão na frente de seus olhos, ele nem pisca, então foco nas duas que são as unicas capazes de explicar.
-—Eu? Por que? Não tenho absolutamente nada haver com isso, não entendi até agora. Que merda. Eu. To. Fazendo. Aqui. - Any vai travando a voz nervosa e quase grita, eu acabo rindo.
— Any eu não consigo.
— Então não conta! - Agora a morena grita. — Que merda Sina.
— Any, por favor, é sua culpa. - Any olha incrédula pra Sina, como se a loira a tivesse acusado de um assassinato. — Se você não fosse tão metida eu tava em casa já e ninguém tinha descoberto.
— Você tem um sobrinho. - As palavras de Any chagam ao meu ouvido mas não me atingem por não fazerem sentido algum. Sina para no meio da sala. Seu corpo fica de lado pra mim então ela se vira lentamente. — Satisfeita ? - Any completa encarando brava minha irmã.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Noite De Mentiras
FanfictionEssa história é original do wattpad, se você está lendo em qualquer outra plataforma é plágio e você corre o risco de perder seus dados. "-Isso acontece quando há uma noite da mentira." Você finge ser namorada do seu melhor amigo por uma única noite...