Uma Noite De Mentiras

52 Josh

Olho pra mão de Any pela quinquagésima vez não acreditando ser verdade mesmo não enxergando nenhum anel de noivado ali, pisquei várias vezes por garantia mas ainda sim preciso de sua confirmação pra ficha cair de vez, não vou insistir não quero ve-la chorar e mais cedo ela deixou bem claro o quanto esse assunto está a machucando. Sinto um peso terrível sobre mim em relação a isso, não posso garantir que se realmente aconteceu foi por minha causa, e se por acaso for não me sinto orgulhoso do feito, mas também não posso dizer que me sinto triste, essa é minha segunda chance, não sei o que fiz pro universo ser tão generoso comigo, mas aqui estou.

Suspiro alto mais vez com medo de que Any esqueça que estou ali, tudo que eu mais quero nesse momento é deslizar até seu lado a abraça-la, mas me mantenho no lado oposto do banco de madeira do parque. Posso ver daqui lágrimas se formarem na linha da água de seus olhos castanhos e rapidamente ela deixa de encarar o lago a nossa frente erguendo a cabeça até deitar no encosto do banco de madeira tomando o céu estrelado como nova visão impedindo assim que as lágrimas escapem.

— Vamos conversar. - Ela apenas solta um riso cínico. — Por favor Any. - Deixa eu te abraçar e tirar toda essa angústia, me deixa te mostrar que você não está sozinha, me deixa mostrar o quanto ainda te amo.

— Você é a última pessoa com quem eu quero conversar no momento, desculpa. - Ela solta isso de forma tão sutil que meu corpo se pergunta o motivo de ter doído tanto ao chegar em mim. Assinto mesmo sabendo que ela não me olha.

— Quer que eu te leve?- Sua cabeça se vira pro meu lado e ela me encara pensativa e apreensiva.

— Tem algum compromisso? Precisa ir? - Sorrio fraco ao ver sua cara reprovação a sua própria pergunta.

— Não. - Respondo quando ela mexe a boca tentando consertar sua frase anterior. — Só achei que não iria querer ficar aqui, comigo. - Any balança a cabeça negativamente algumas vezes.

— Só não quero conversar. Não agora pelo menos.

— Okay. Ficamos aquei em silêncio então. - Ela me lança um breve sorriso de agradecimento.

Apesar da madrugada não estar fria o vento é um pouco incômodo, e se eu sinto isso estando com uma camisa de manga comprida imagino Any que está de vestido, com braços e pernas amostra, penso em abraça-la apenas pra proteger do frio, mas sinto medoq eu ela recue ao meu toque sendo que não quer nem ouvir minha voz.

A morena um tanto quanto hesitante impulsiona o corpo pro lado mas volta a posição normal em segundos arrependida do que quer que fosse fazer, antes que eu possa entender o que ela queria com a movimentação seu corpo é impulsionado mais uma vez da mesma forma, dessa vez sem medo e sem regresso. Me assusto ao pensar que ela pode cair do banco então levo meus braços a protegendo de uma queda e fico totalmente sem reação quando sua cabeça recai sobre meu colo, ela só queria deitar, imediatamente Any fecha os olhos e se aconchega no banco como se o lugar fosse confortável, seu peito sobe e desce descompassado mostrando seu nervosismo. Feliz por sentir seu corpo tocando o meu passo meus dedos sobre seu braço nu sentindo sua pele sedosa e macia que logo se arrepia com meu toque, sorrio quando ela sorri também.

— Acho que agora quero conversar. - Ela sussurra e não consigo conter o riso, a dois minutos atrás ela pedia por silêncio.

— Está bêbada ainda? - Debocho da sua bipolaridade.

— Só um pouquinho. - Sua voz sai fraca porém com humor. — Sobre o que quer falar? - Era eu quem ia perguntar isso,o que faz bem mais sentido.

— Qualquer coisa? - Any assente ainda de olhos fechados e com a cabeça apoiada em minha perna. — Por que? - Seu suspiro alto faz eu me arrepender da pergunta e olha que deixei o questionamento bem vago até mais do que pretendia, tem muitos 'porquês' a serem respondidos.