27 Josh

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Okay fui precipitado e abrupto, as duas palavras são sinonimos eu sei só quero mostrar a intensidade do que estou sentindo agora. Preciso apertar o volante com medo da minha mão deslizar com o quanto estou suando.

Eu nem se quer tenho motivo pra estar tão nervoso desse jeito, sou um amigo acompanhado um amiga num final de semana na casa de seus pais, já fiz isso várias vezes na casa dos Hidalgo a grande diferença é que eu nunca declarei estar apaixonado pela filha deles.

— Você está quieto. - Any continua encarando a janela do mesmo jeito desde que saimos de Los Angeles.

— Não ouvir nenhuma palavra sair da sua boca também. - Saiu mais estúpido do que eu esperava. — Tem alguma coisa te incomodando? - Suavizo minha fala anterior.

Any aperta a mão seu pulso até a ponta de seus dedos ficarem brancos sem circulação e suspira, queria poder ver sua feição agora, tenho a impressão de que ela quer chorar, se já não está, mas preciso prestar atenção na avenida.

— A gente pode parar um pouco? - Estamos numa rodovia, onde o acostamento não tem nada mais que árvores e placas, mesmo assim dou sinal que vou entrar e paro o carro ela prontamente tira o cinto e abre a porta ao mesmo tempo como se o carro fosse explodir a qualquer momento e precisasse correr.

Any sai do carro meio desjeitada e se abaixa encostando a testa no banco, ela precisa de ar e espaço por isso pediu pra eu parar, mas não posso evitar de dar volta no carro e me posicionar atrás dela passando a mão em suas costas.

— Você está bem ? - Any apenas balança a cabeça positivamente, ambos sabemos que é mentira, mas essa foi sua forma sutil de de dizer "Me deixa".

Ficamos ali por alguns minutos até Any se desequilibrar pra trás e jogar seu corpo contra o meu. Caimos ambos sentandos no chão e ela aproveita pra deitar a cabeça em meu ombro, passo meu braço em volta da sua cintura e apoio meu queixo no topo da sua cabeça.

Alguns ciclistas que passam pelo acostamento nos encaram estranhando mas nem ligo, provavelmente não seja a melhor escolha ficarmos sentados na beira de uma rodovia, mas não é nisso que penso agora.

— Any. Fala comigo.

— U-um.

— Ei. - Inclino a cabeça pro lado e ela faz o mesmo até conseguirmos nos olhar. — Quer voltar pra casa ?

Any encara o carro depois a estrada, está pensativa, considerando minha ideia, mas então ela suspira mais uma vez se apoia no meu joelho e para em pé.

— Vamos continuar. - Estica sua mão em minha direção me ajudando a levantar .

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Fica cada vez mais difícil entender porque Any não queria vir, minha teoria sobre a familia Soares ser um bando de imbecis é falsa, assim que chegamos fomos recebidos extremamente bem, minha inquietação acabou assim que fui tratado como se já me conhececem a anos. Oposto dos Beauchamp aqui todo mundo sorri pra todo mundo e não ficam de fofocas em grupo separados, é tipo a familia dos sonhos, não conheço ninguém e me sinto quase parte disso aqui.

Tem no minimo trinta pessoas espalhadas por essa casa, me perdi de Any a uma meia hora já quando ela foi ajudar sua irmã a terminar de se arrumar e sua mãe me arrastou pra cozinha experimentar como estava o molho que iria na moqueca. Lembro de como ri do seu desespero "Ai meu Deus, você não é alérgico a salmão, é ? " Quase me fez cuspir a colherada pensando que minha resposta seria sim.

Fui conduzido até a pequena varanda do primeiro andar e colocado sentando com mais sete pessoas pra completar um jogo de cartas inventado por eles mesmos. Nego a segunda garrafa de cerveja que o pai de Any me oferece entendendo seu jogo de testar minha responsabilidade, sou eu quem vou levar sua menina pra casa mais tarde, então ele quer ver até onde vou.

Uma Noite De Mentiras Onde histórias criam vida. Descubra agora