Uma Noite De Mentiras

32 Josh

— Sabina tem razão Josh. - Noah me encara por cima do ombro enquanto prepara a mamadeira da pequena que está no meu colo inquieta.  — Vocês vão ficar nessa até quando?

— A gente nem tá junto a tanto tempo assim. - Retruco sentando Nicole na minha perna.

— Vocês estão a quase dois meses nesse enrola e não rola Joshua, é um pedido de namoro, não de casamento. - Olho pra baixo pra não ter que encara-los. — Só pra oficializar. - Sabina completa.

— Não sei gente. - Não é como se eu tivesse dúvidas de que o que eu sentia por Any é real e forte, eu tenho noção disso, eu sinto, sinto de verdade, meu coração faz questão de lembrar quando estou perto dela, só pensar nela já basta.

Mas eu sinto medo, é apavorador como se eu fosse despencar de cima de um penhasco a milhares quilômetros de distância do solo sem equipamento de segurança algum. Eu nunca me entreguei a sentimento como esse, eu nunca senti isso na verdade, um lado meu não queria ter conhecido Any, não por mim mas por ela, Any precisa de alguém melhor. E sem contar que não quero apressar nada, tudo que temos é tempo.

— Vamos Ni? Você toma isso no carro, estamos mais que atrasados. - Noah pega a mochila rosa que estava em cima da cadeira põe nas costas então estica os braços pra pegar Nicole.

— Tá bom papai. - Nicole estica os braços em resposta, mas Noah não se mexe pra pega-la, acho que nem respirar mais está respirando. Nicole balança o corpo impaciente mesmo assim o moreno continua travado.

— Vem campeã o tio Josh e a tia Sabi levam você pra escolinha hoje. - Viro ela de frente pra mim e me levanto.

— Ele vai ficar bem ? - Sabina pergunta tirando a mochila das costas de Noah e pegando a mamadeira de sua mão.

— Quando ele conseguir raciocinar que Nicole o chamou de pai ele vai surtar.

— Isso aqui já não é um surto? - A morena questiona.

— Vai piorar. - Debocho. — Da tchau por papai amor. - Nicole parece entender a situação e acena que não com a cabeça enquanto enfia a cara em meu pescoço envergonhada.

— Diculpa tio Noah. - A pequena fala me agarrando com força e sem olhar pra ninguém.

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Depois da minha última aula passei na W&H pegar as meninas. Nem se quer me atrevo contar do que aconteceu de manhã pra Sina ela surtaria, nem oportunidade eu tive mesmo, minha irmã e Any vieram o caminho todo conversando sobre o trabalho e eu me sinti apenas um chofer que leva as madames de um lado pro outro.

Estramos em casa e as coisas parecem ter voltado ao normal, a risada de Nicole ecoa pelo cômodo enquanto ela corre atrás de Noah que da voltas no sofá.

Paro em frente ao aparador, tem algumas correspondências em cima do móvel, Sina vai atrás da filha e do namorado pra cozinha e braços apertam minha cintura enquanto seu corpo gruda em minhas costas.

A cabeça de Any pousa ao lado do meu braço dando a ela visão do que estava fazendo. Contas, contas e mais contas... um dos envelopes vinha do Canadá. Meu coração deu uma leve acelerada e não pensei duas vezes antes de abri-lo.

Any me solta e para ao meu lado curiosa, espera alguns segundos em silêncio enquanto eu leio, percebo que está inquieta.

— O que é isso? - Ela pergunta por fim.

— Meus testes foram marcados. - Anúncio com meus olhos presos no papel relendo pra ver se não era um sonho. — Em dois meses eu estou embarcando.