30 Any

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A estúpida aqui está indo trabalhar com uma dor de cabeça enorme, sem falar nas olheiras que nem a maquiagem conseguiu dar conta, óbvio, depois de passar a noite acordada esperando Joshua Kyle Beauchamp aparecer na minha porta, o que não aconteceu, eu já devia imaginar que ficaria assim.

Josh não é do tipo que se apaixona de verdade fui trouxa em pensar que comigo seria diferente, ele não dá a minima.

Assino alguns papéis na portaria do prédio antes de subir, então vou direto pra minha sala, apenas com a bolsa e sacola da farmácia cheia de remédios na mão.

— Me diz que o Josh passou a noite na sua casa. - Sina vem correndo atrás de mim.

— Não.

— Merda. Ele não voltou pra casa ontem.

— Deve ter passado a noite com uma vadia qualquer como sempre. Não se preocupa.

— Não acho que tenha sido isso.

— Sina, eu não dou a mínima pra onde Josh passou a noite, ele é bem grandinho, sabe se cuidar sozinho. - Seguro seu ombro e a empurro pra fora de minha sala, depois fecho a porta e tranco por garantia, não a quero me incomodando. Sento na frente da minha mesa, ligo o computador e me afundo em trabalho.

Meu almoço acabou sendo uma xícara de café e algumas balinhas que sempre deixo em um potinho de vidro em cima da minha mesa, depois disso foquei novamente em digitar e as horas se evaporaram.

Só percebo que passou tanto tempo quando sou obrigada a levantar do meu lugar pra abrir a porta pra alguém e perceber que o resto do escritório estava vazio e a maioria das luzes apagadas.

— Fazendo hora extra Any ? - Olho pra jenela já estava escurecendo, quanto tempo fiquei aqui.

— Não faço ideia de que horas são.

— Pouco mais de Sete. - Krystian termina de entrar e se senta na cadeira em frente a minha mesa. - Viu a critica que Stolnes postou sobre nosso músical? - Ele passa o I-pad com a página da resenha já aberta, mas eu não pego, já havia lido três vezes o texto.

— "Retorno de som ruim" foi o maior argumento deles. - Debocho.

— Vamos revidar Any. Toma. - Krys me entrega dois ingressos de uma peça.

— O que eu vou precisar fazer ? - Suspiro preocupada, as presepadas de Krystian as vezes se tornavam bem perigosas.

— Bom você vai assistir a peça deles e vai escrever sobre.

— Não, o espetaculo deles está sendo muito elogiado, você sabe quem está dirigindo. Não vou mentir numa publicação.

— Não quero que você minta, quero que veja a peça e faça uma critica coerente com o que viu. - Olho pra ele tentando entender onde estava o "troco". - Não me olhe assim Soares, sei o que tá pensando, então escute bem, a W&H não chegou onde estamos detonando outras companhias, eu sou diferente deles, vamos elegiar o trabalho deles que está realmente bom e mostrar que esses ataques são ridículos, isso aqui que eles inventaram não abaixou em nada nossa bilheteria, só vamos mostrar pra eles como se trabalha.

Krystian me deixa sozinha sem dizer mais nada. Eu escolhi trabalhar pro cara certo.

Guardo os ingressos na gaveta de cima, desligo o computador, junto minhas coisas e desço até o térreo.

Peço pro porteito chamar um táxi e fico esperando do lado de fora, em poucos minutos estou em casa, jogando meus sapatos pro ar e me sentando no sofá com uma taça de vinho na mão. Estou totalmente sozinha e pretendo aproveitar muito bem minha própria companhia, o cansaço é grande e minha cabeça está a mil não para por nada, então estar sozinha aqui é tudo que eu quer. As batidas que começaram a dar na minha porta mostram que não vai ser bem como imaginei.

Uma Noite De Mentiras Onde histórias criam vida. Descubra agora