35 Josh

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— Quer me matar do coração menino ? São três da madrugada. - Não consigo deixar de rir quando vejo minha mãe descendo as escadas com um abajur nas mãos, pronta pra atacar em alguem. — Pensei que estivessem assaltando a casa Joshua.

— E você ia ser a heroina com seu poderoso abajur ?

— Eu só não te bato porque seria extremamente vergonhoso ter que dar uma surra num moleque de vinte e quatro anos.

— Vem cá mãe. - Espero ela descer o último degrau então a levo até o sofá puxando sua mão, a faço sentar de frente pra mim.

— Você está tão lindo filho. - Ela passa a mão pelo meu terno preto, porém seus olhos estão vidrados nos meus. — Mas então, o que aconteceu pra você vir aqui ? De madrugada ainda por cima.

A algumas horas atrás eu estava sentado numa mesa acompanhando a cerimônia de um bando de jovens se formando, mas apenas uma delas tinha minha atenção. Apesar da distância e da quantidade de pessoas Any se destacava fácil em meio a todos, seu brilho vinha muito além do seu vestido dourado, vinha dela mesma, do seu sorriso, dos seus olhos, do seu interior. Ela é tão linda a ponto de tirar meu folego, e hoje ela vestiu seu melhor sorriso e não o tirou por nenhum segundo se quer da noite, estava simplesmete encantadora, meu maior problema foi ter que dividir sua atenção com seus pais durante todo o jantar, mas sem problema ela tinha toda a minha pra ela.

Tirando a parte que Heitor Soares me levou até o lado de fora do salão e tivemos aquela bela conversa de "Qual são suas intenções com minha filha?" "Eu te mato se você machucar ela" e "Sexo só depois do casamento" não posso negar que quase morri pra não rir na última. Mas assenti tudo como o ótimo genro que sou.

Depois de horas comemorando a aprovação de Any fui obrigado a deixa-la em casa com seus pais e sua irmã, depois vim direto pra cá.

Mesmo sabendo do horário, mesmo sabendo que atrapalharia o sono dela, mas eu precisa vir e contar como estou tão feliz, dizer que ela estava certa quando dizia que eu precisava me abrir, que eu precisava deixar meu coração comandar um pouco.

Eu precisava mostrar que o filho dela perdeu o medo e se entregou pra um sentimento tão grande, intenso e avassalador como esse que estou sentindo a um bom tempo, precisava dizer que ela já pode sentir orgulho de mim. E mostrar o quão rendido estou pela minha garota.

— Mãe. - Minha voz embargada e meus olhos cheios de lágrimas parece que são o suficiente pra que ela me entenda.

— Ei meu garoto. - Um sorriso brota em seu rosto mesmo com a feição cansada, ela me puxa e não hesito em deitar minha cabeça em seu colo, recebendo logo seu carinho. — Bem vindo ao mundo do amor, tão incerto e cheio de vida.

— É ela mãe, entende?

— Entendo meu filho, eu entendo.

Não me pergunte em que momento eu descobri isso, nem como tenho tanta certeza, não me pergunte como pude me apegar a alguem tão rápido nem como meu medo de me relacionar se tornou em medo de perde-la, eu simplesmente não sei a resposta, e nem preciso.

— É isso que você sente pelo papai ? - Um suspiro pesado vem de dona Úrsula.

— Okay, senta a gente precisa conversar. - Me sento imediatamente e ao encara-la ela parece estar sufocada.

— Mãe o que foi?

— Seu pai está dormindo no quarto de hóspedes. - Demoro um tempo pra entender o que ela quis dizer. — A um bom tempo já. - Com isso confirmo o que passava pela minha cabeça.

— Calma, vocês brigaram? O que é isso?

— Seu pai mudou Josh, você sabe disso, a anos que ele vem ficando mais frio, não é mais o cara por quem eu me apaixonei.

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