51 Any

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Você espera que aos vinte e cinco anos de idade já conheça todo tipo de sentimentos e saiba controla-los. Bom pelo menos eu esperava isso, no entanto, nesse momento essa conclusão totalmente errada que tomei é a única coisa que me faz rir, não é engraçado eu sei, mas eu rio por perceber quão ingênua sou ainda mesmo querendo me pagar de "adulta madura". Um adulta que chorou os dois últimos dias inteiros igualzinho um nenê.

Eu nunca estive presa em dois extremos da forma como estou agora, isso me quebra cada vez mais e nem sei mais da onde está vindo minhas forças. Acabei com parte bem pequena da minha angústia quando Liam partiu com o incrível presente de natal que dei a ele, um chute na bunda, é até hipocrisia da minha parte pensar que mesmo fazendo o que é certo eu me sentiria bem, eu terminei com um noivado porra, não é como se eu tivesse me arrependido de comprar uma roupa por impulso, eu ia me casar, por Deus o que eu tinha na cabeça?

Por um fim nisso foi certo, eu sei, mesmo não me parabenizem por pelo feito, eu apenas consertei um erro que cometi, o qual deixei ir longe até demais, mas em minha defesa não fazia ideia do que estava fazendo, minha intensão nunca foi nos machucar. Não justifica eu sei. Será que Liam um dia vai me perdoar? Do fundo do meu coração espero que sim, não que eu imagine a gente sendo amigos ou algo do tipo, apenas quero ter certeza de que ele não fique praguejando o resto da minha vida, mas não vou ser exigente por enquanto aceito ele me odiar, eu estou me odiando então ele tem esse diteito.

— Por Deus Any! - Heyoon reclama brava colocando as duas mãos no joelho com o corpo curvado recuperando o fôlego. — Chega, eu vou morrer.

— Qual é Heyoon? Nos corremos apenas alguns quarteirões.

— Alguns quarteirões? - Ela pergunta num tom irritado. — Estamos correndo a uma hora! - Tiro meu celular que estava preso no cós da calça conferir se sua informação estava certa, não pode ser verdade, eu nunca prático exercício fisico algum, a última vez que fui a uma academia foi pra buscar Noah que tinha torcido o tornolezo a uns sete meses atrás, de jeito nenhum eu seria capaz de correr por uma hora sem desmaiar no meio do caminho.

Uou estamos correndo a uma hora.

— Vamos pra casa por favor. ‐ Heyoon usa sua voz de choro e chega a fazer um bico pra me convencer. Assinto rindo, já a obriguei acordar as cinco e meia da manhã e vir comigo sendo que eu era a única que não conseguia de maneira alguma continuar na cama depois de me revirar a madrugada toda, não posso exigir demais dela se não quiser perder minha melhor amiga. — Sei que você não quer falar sobre, mas... caraca nem sei por onde começar a perguntar.

— Acho que nem tenho as respostas pras suas perguntas. - Bufo frustrada e sincera, porra a palvra 'confusa' nunca se fez tão presente na minha vida.

— É você parece mais confusa que eu mesmo. - Heyoon debocha. — Noite das garotas hoje o que acha? Relembrar os velhos tempos.

— Encher a cara parece uma boa opção. - Dou os ombros não muito animada com a ideia, mas afinal não tinha nada a peder nem nada melhor pra fazer e com certeza preciso de uma distração.

— Ótimo. - Heyoon comemora um tanto quanto aliviada, talvez seu medo fosse que eu estragasse sua noite querendo que ela ficasse comigo jogada no sofá lamentando a bagunça toda que eu causei.

Voltamos caminhando pra casa sentindo o cansaço começar a bater, quase arrebentamos a porta da casa ao entrar correndo ver quem conseguia o chuveiro primeiro, subimos as escadas uma puxando a outra, tropeçando degrau após degrau e ignorando completamente a chance de passarmos o ano novo no hospital, com algum hematoma no corpo ou um braço quebrado.

— Droga! - Soco a porta que acabou de ser fechada na minha cara. Escuto a gargalhada vitoriosa de Heyoon ao outro lado e logo o som do chuveiro despejando água, sabendo como ela adora demorar nos seus banhos e nos seus cuidados de pele e cabelo logo após, saio do quarto batendo o pé um tanto quanto marrenta, eu só queria um banho, estou grudando de tanto suor.

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