19 Josh

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Eu não sei por que vim pra cá, pensei em um lugar seguro e quando vi meu carro estava estacionado na rua aqui da frente, a parte de mim que não está angustiada está feliz de estar aqui.

A primeira coisa que fiz ao chegar foi me jogar de bruços nesse sofá com a cabeça no colo de Any uma das minhas mãos caiu pra fora quase tocando o chão e eu deixei.

Vim sem aviso e até agora não falei uma palavra se quer, a morena nem se quer questionou ou brigou, apenas  arcou seu corpo por cima de mim até conseguir colocar a xicara que estava na sua mão em cima da mesinha de vidro que fica um pouco mais a frente do sofá.

— A conversa foi tão ruim assim ? - Any passa uma mão em meu cabelo enquanto a outra se apoia nas minhas costas.

— Meu pai surtou. - Sai como um suspiro da minha boca. — Mamãe também não gostou nada, chorou, gritou e até atacou algumas almofadas no chão e em nós, mas depois abraçou Sina e falou que estaria com ela sempre. Já Sina chorou o tempo todo e eu fui a mistura perfeita de tudo que eles fizeram. Nem pra ser autêntico apenas imitei todo mundo. ‐ Any ri e eu acompanho.

A conversa que adiamos por três dias até eu e Sina tomarmos coragem aconteceu, agora entendo porquê ela escondeu , saimos todos frustados dessa história, nunca vi mamãe tão furiosa e por mais que eu quisesse poupar Sina disso eu entendia dona Úrsula, ela sempre foi uma mãe incrível pra nós dois, daquelas que todos sonham em ter, e ai a presença de uma neta é escondida dela, ela se sentiu traída. Meu pai pela primeira vez na vida gritou com a mais velha, ele foi estúpido ao nível máximo e desse eu a defendi o deixando mais irritado ainda.

O velho cortou todas as contas de Sina e disse que ela pode dar um jeito de se virar sozinha. Já que não quer compartilhar sua vida com ele, ele também não compartilha o dinheiro, palavras do próprio, não minhas. Sina chorou tanto não pela grana, tudo que ela tinha do papai era carinho, sempre foi estremamente mimada por ele, o ver desse jeito a assustou. Mamãe no final das contas passou pro nosso lado e até insultou seu marido, já tinha visto ela enfrenta-lo algumas vezes pra me defender mas nada tão ousado como hoje. Vi que a coisa não ia pra frente então tirei Sina de lá, ela veio o caminho todo apertando meu braço e as lágrimas chegavam a secar em seu rosto, não queria deixa-la sozinha mas a situação tava me sufocando, espero que Noah de conta, por algumas horas pelo menos.

— Sina vai voltar pra casa?  - Meus olhos se fecham aproveitando o carinho que estou recebendo.

— Agora sem o dinheiro que meus pais mandam pra ela não sei se ela consegue se manter lá, nem se quer tem mais razão ela ficar lá. Elas ficarem. - Me corrijo.

— Conheceu a pequena ? - Um sorriso se forma no meu rosto e mais um pouco da angústia vai embora. Sempre soube que Sina seria mãe antes de eu ser pai o que era um sonho de ambos, mas depois que nos afastamos pensei que quando isso acontecesse eu ia ser o tio odiado já que Sina inventaria dez mil histórias sobre como eu era mal. Mas pelo contrário Nicole sabe sobre mim, todas as ligações de final de semana eram pra poder contar pra pequena como eu estava. Segundo Sina ela me ama mesmo me conhecendo por histórias e fotos, tem até um ursinho de pelúcia com meu nome.

— Vi algumas fotos e vídeos, ela é tão linda.

— Vindo da família que veio não tenho dúvida. - Levanto a cabeça e apoio a mão em sua perna pra conseguir virar de costas e encara-la.

— Tá dizendo que me acha bonito Gabrielly? - Any ri alto sem vergonha alguma.

— Tô Beauchamp, mas não se acha. - Paramos os dois e ficamos nos encarando, de forma alguma se torna algo constrangedor. — Josh.

— Oi.

— Obrigada por ter cuidado de mim aquele dia. - Sua mão desliza da minha testa até seu colo levando meus fios pra trás.

Uma Noite De Mentiras Onde histórias criam vida. Descubra agora