44 Any

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Cada novo ciclo da nossa vida exige de nós uma nova versão, é esperado que desfrutemos sem medo toda experiência que o destino nos proporciona. A verdade é que mudanças nos assutam, sair da zona de conforto é arriscado, mesmo assim mudar é sempre nossa melhor opção, não estou dizendo que sempre dá certo ou que isso não pode nos machucar, só estou dizendo que é necessário, é preciso evoluir, seguir em frente e buscar sempre ser feliz.

Mudança nos trazem um caminhão de euforia, mas depois esse "novo" se torna o nosso comum, e ai mudamos novamente, e a vida segue assim infinitas vezes com infinitas mudanças.

Deixamos pra trás dores e alegrias, precisamos abrir mão de muitas coisas pra seguir, até mesmo coisas que não queriamos largar.

Noah por exemplo, largou sua banda sem hesitar porque ele acredita que sua felicidade está em Sina e Nicole. Sina largou pela segunda vez a familia, bom uma parte pelo menos, deixou de compartilhar momentos cotidianos com eles em busca de mais felicidade, a mesma escolha que fiz a anos atrás quando vim pra L.A e a mesma que fiz agora indo pra Nova York. Claro que antes dentro de uma hora eu poderia estar nos braços da minha mãe e agora isso não vai ser mais possível.

Mas eu abri mão, não só pelo emprego, mas pela experiência, pela curiosidade de ver até onde sou capaz de ir por mim mesma, não que eu não precise de ninguém, mas no final será eu por eu mesma não é?

— Caraca eu estou prestes a chorar de novo. - Me viro pro lado da porta e vejo Heyoon encostada na mesma e seus olhos vermelhos tremendo pra não deixar a primeira lágrima rolar.

— Eu nem se quer parei. - Aponto pro meu rosto inteiro molhado.

— Eu vou sentir tanto sua falta.

— Eu também. - Heyoon se tornou uma irmã pra mim durante os últimos anos, sempre fomos tão diferentes e iguais ao mesmo tempo, não tenho medo de perde-la simplesmente porque não existe a possibilidade disso acontecer, nem se nos afastarmos ou pararmos de nos falar, sempre vamos ter uma a outra, queria sentir a mesma coisa relacionada a outra certa pessoa.

Ontem a noite quando deitei a cabeça no travesseiro resolvi voltar no tempo e me vi nessa mesma casa quando conheci Josh, babaca, foi minha primeira opinião sobre ele, mal sabia eu que esse babaca se tornaria meu melhor amigo e que eu me apaixonaria por ele.

Fingir ser namorada do Josh a meses atrás foi fácil, o problema foi quando meu coração começou a desejar que essa mentira se tornasse verdade.

Ontem depois que ele foi embora me senti culpada e errada, senti que fui precipitada em jogar tudo pro ar, mas eu só queria cessar essa angustia toda.

E agora eu só agradeço por essa mania de acreditar que amanhã vai ser melhor, que um próximo amor vira e a aflição vai passar. 

— Acho que chegaram. - Suspiro ao ouvir o som da buzina.

— É acho que sim. - Ela desiste de segurar o choro. — Vem cá. - Apesar de ser mais baixa que eu Heyoon me aperta contra seu corpo como se fosse uma mãe protegendo o filhote. — Ligação no mininmo três vezes por semana, e quero tudo em detalhes.

— E você vai tomar cuidado com quem trás pra essa casa, e quando alguém conseguir segurar esse coração eu preciso ser a primeira a saber.

— Isso não vai acontecer Any, eu sou de todo mundo. - Eu apenas rio.

— Fica bem, okay.

— Você também. E não é porque Shivani vai se mudar pra cá que meu lugar vai ser tomado entendeu?

— Nunca Any.

Descemos as escadas, suspiro uma última vez ao ver as malas alinhadas uma ao lado da outra, sorrio empolgada e as levo pro lado de fora.

— Pronta? - Noah pergunta já com o porta-malas aberto me esperando.

— Pronta. - Enquanto Noah guarda minhas coisas abraço mais uma vez Heyoon que me seguiu até aqui descalço e de roupão então entro na porta traseira ao lado de Nicole já apagada na cadeirinha. Heyoon abraça Noah e enquanto ele dá a volta pra entrar ela se apoia na janela da frente se despedindo de Sina.

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— Três horas no mínimo. - Diz a moça após ser questionada quanto tempo mais vai atrasar, um senhor de terno parece não gostar nada da informação e começa a bater boca com a mulher, se eu soubesse que adiantaria alguma coisa daria maior apoio ao engravatado, mas sabendo que não vai dar em nada eu e Sina voltamos pra Junto de Noah e sua filha.

— Não vamos sair daqui tão cedo vamos ? - Noah pergunta vendo nossa cara de desânimo já estavamos ali a mais de uma hora, apenas balanço a cabeça e ele suspira deitando a cabeça pra trás no encosto da cadeira.

— Preciso de café, mais alguém quer? - Me animo com a ideia de Sina e Noah nem se move, ela me dá os ombros e saimos as duas pelo aeroporto em busca de uma cafeteria. — Josh é assunto proibido? - Pergunta meio receosa.

— Vamos dizer que só não seria meu assunto preferido no momento.

— Eu só queria dizer que sinto muito por como tudo terminou.

— Ele te contou?

— Não, mas a forma como voltou pra casa aquela noite e não ter se despedido de você hoje já foi o suficiente pra eu entender.

— Sabe eu não sou de desistir não mesmo, mas eu não vou insistir em alguem que larga tudo tão fácil, eu só não sinto que Josh consegue lidar com os próprios sentimentos agora, como vai lidar com os nossos?com a minha ida? com a distância? é muito pra ele, não me leve a mal, eu amo seu irmão, só é muita coisa pra lidar.

— Eu entendo Any, de verdade. - Ela sorri e só agora percebo que estamos paradas na fila do Starbucks.

— Eu queria pelo menos ter me despedido direito. - Sinto meu olhos arderem, quero chorar novamente. — Um abraço que fosse.

— Então acho que você vai ficar feliz em saber Josh está parado logo ali. - Sina segura meus ombros me obrigando a virar no sentido oposto que estavamos, por um momento penso que ela está brincando com minha cara, tudo que eu vejo são pessoas desconhecidas andando de um lado pro outro, mas em poucos segundos quando o fluxo diminui consigo ver Josh parado a alguns metros de distância de nós, seus olhos vermelhos como possivelmente estão os meus, ombros baixo sem postura nenhuma como se estivesse fraco demais pra se erguer.

Não me movo nem ele, pessoas passam entre nós mas nossos olhares se encontram sem esforço a cada intervalo, minha mão formiga e meu corpo pede por contato.

— Vai Any. - Sina me empurra fazendo eu dar o primeiro passo o segundo vem ainda pelo seu impulso e só então crio coragem pra continuar, Josh não faz questão nem de piscar e fico pensando se é por mim mesmo que ele está ali, se ele queria me ver, mas como não recua eu continuo.

Paro bem a sua frente o mais próximo possível sem toca-lo, não tenho o que dizer, já andei até aqui, ele precisa dizer algo, por favor diga algo.

Josh me pede um ÚLTIMO abraço, e quando eu o abracei, eu desabei em seus braços, chorei de soluçar e usei todas minhas forças pra agarra-lo, ele ficou fazendo carinho em meu cabelo, me deu um beijo na testa, e com um sorriso fraco quase inexistente me disse:

— Essa é a última vez que te faço chorar. - E lá se foi o cara por quem estou apaixonada, a pessoa que toma a maior parte do meu coração nesse momento, lá se foi meu amor.

Não quero acreditar que pra sempre, mas mesmo pensando que um dia voltarei pro seus braços me dói pensar que agora não o tenho mais.

Uma Noite De Mentiras Onde histórias criam vida. Descubra agora