45 Any

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Queria poder dizer que Josh estava certo e aquela vez no aeroporto fosse a última vez que eu chorei por ele, mas não foi isso o que aconteceu, eu chorei aquele dia, no outro e no dia consecutivo, chorei na semana seguinte e no mês que sucedeu, no final foram quatro meses deprimentes, chorei tanto a ponto de sentir raiva de mim mesma, raiva por depender tanto assim de alguém, por deixar que sua falta me tirasse o ar e me trouxesse dor, chorei até meus próprios olhos se cansarem e eu não ter mais lágrimas pra derramar. Até que um dia resolvi largar essa dor de lado e voltar a viver, óbvio que não consegui fazer isso da noite pro dia, mas esse nem foi a pior parte, o problema é que pra essa superação acontecer eu precisei mudar, e mudar não é um problema, o problema foi quem eu me tornei, eu não evolui eu apenas dacai, eu deixei de acreditar tanto no amor, deixei a intensidade de lado e me tornei morna, não sou minha versão preferida no momento, sou o que sobrou da minha desilusão, sou o que restou depois dele.

Hoje, três anos depois que vi Josh me dando as costas naquele aeroporto eu não choro mais, não sinto raiva nem desejo que isso fosse diferente, na verdade me sinto indiferente a qualquer assunto que tenha "ELE" envolvido, óbvio que o caminho pra isso foi fingir que ele nunca existiu, apagando assim muita coisa de mim, coisas que eu não queria que se apagassem.

É verdade que pensei várias e várias vezes em ligar, em perguntar como estava sem mim, se aquilo havia o mudado também como aconteceu comigo, se ele ainda seria capaz de amar a pessoa que me tornei, ou se ele ainda pensava em mim, mas invés disso eu criei uma proteção anti-Josh, bloqueei ele por completo. E quando digo por completo não estou brincando, minha armadura não se construiu apenas em bloquea-lo de todas minhas redes sociais e jogar tudo que me lembrava dele fora, eu proibi a sua própria irmã de tocar em seu nome e de me dar qualquer informação do que estivesse acontecendo em sua vida. Claro que ele facilitou muito o processo não vindo atrás de mim, e adivinha? Isso só me quebrou mais ainda.

Mas eu consegui seguir em pedaços, eu sobrevivi, e é ridiculo me ouvir falar assim, ninguém pode ter esse poder avassalador sobre mim, eu sou a única pessoa que tenho direto de fuder com minha vida desse jeito, mas parece que ninguém liga pra isso, nem mesmo meu coração.

Até hoje eu tinha conseguido afastar tudo que fosse dele de mim, tinha conseguido seguir em frente por mim mesma, bom como eu disse, ATÉ HOJE. Maldita segunda feira que cheguei na minha sala no mesmo horário de sempre, tinha tudo pra ser mais um dia normal e tudo que eu queria era abrir a seção de esportes de quaquer jornal de Los Angeles pra encontrar a matéria sobre qual minha mãe havia ligado mais cedo toda empolgada e orgulhosa.

Belinha descobriu um certo dom pra judô a algum tempo, e depois da sua vitória num campeonato nacional ela foi parar na capa de esportes de um jornal famoso, não que eu não de crédito pra minha irmã, ano passado fui um um dos campeonatos, ela é boa, mas fico me perguntando o que fez de tão especial pra ganhar essa visibilidade toda, sua foto está no topo e grande como se fosse o prodígio dos últimos tempos, quem quer que escreveu isso viu muito mais que apenas uma luta da pirralha.

Li a matéria toda com um sorriso no rosto e quando estava pronta pra ligar pra minha irmã mostrar o quão orgulhosa estou meus olhos travaram em um nome, em letras pequenas no canto da folha. "Joshua Kyle Beauchamp", minhas mãos começaram a suar e meu coração aumentou a palpitação, foi ele quem escreveu? Josh virou jornalista? Não me parece tão impossível lembrando que ele fez faculdade de comunicação, era só pra se manter no time, mas mesmo assim se formou e pelo que parece se especializou em jornalismo.

Ele desistiu mesmo do hóquei? Sério? Não pode ser verdade, e por que saber isso me trás tanta tristeza? Chega Any você não tem mais nada haver com isso, você nem se quer o conhece mais.

Respira você só leu seu nome, não é como se ele tivesse aqui parado na sua frente.

— Entra. - Fecho a aba da notícia abrindo meu gmail e encaro a porta ver quem foi que bateu ainda tentando me recuperar do baque. — Matias.

Uma Noite De Mentiras Onde histórias criam vida. Descubra agora