17 - Corra!

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Os dias se passaram. Meu inferno só tinha começado. Eu quase não parava em casa, estava sempre saindo para treinar. Claro que nunca disse isso a minha mãe. Invento sempre uma desculpa diferente a cada vez. "Vou caminhar um pouco"; "Preciso tomar um pouco de ar"; "Vou comprar uns doces e dar um passeio por aí". Mas é claro que, em todo o caso, estou sempre no campo de treinamento.

Cada dia que passa os treinos vão se intensificando, se tornando um nível mais difícil, como num videogame.

Himiko não mede esforços comigo. Faz de tudo o possível para me ver sangrar.
Dabi não pega leve no combate. Suas chamas azuis são intensas e mortais. Não me lembro quantas vezes já fui atingido por elas.
Twice. Apesar de sua personalidade peculiar ele também não perde pontos no quesito "Força". É ágil e sempre consegue me derrubar no chão, mas também é o único em que eu consigo ferir com a faca.

Os dias se tornaram meses. Estava tão concentrado nos treinos que nem havia pensado na escola ou nos outros de lá. A maioria perdeu de ano, claro, já sabia. Já os que passaram – inclusive o Kacchan – estavam preparados para uma grande dose de esforços dali pra frente. Estavam convictos de que entrariam na U.A e se tornariam heróis.

Pobrezinhos... Mal fazem idéia do perigo que os aguardam.

Minha mãe insistiu que eu estudasse por meio do computador. De dois em dois dias um dos professores vinham até nossa casa para me dar aulas. A senhorita Inko não confiava mais em mim para ir e voltar por aquele caminho. Nem mesmo andar sozinho por aqueles cantos. Ela sabia que eu não tinha amigos pra me acompanhar até em casa então decidiu se previnir.
Me sinto mal por ter de enganá-la desse jeito mas tudo isso é para sua própria proteção.

Os treinos eram pesados. As vezes eu saía a noite para treinar na praia com Himiko, Dabi e Twice. Aqueles três pareciam nunca se cansar, em hipótese alguma. Era como se eles fossem feitos de obsidia ou algo assim. Algo inquebrável.

Foi realmente duro, difícil, torturante, confesso. Mas o resultado de tudo isso estava me aparecendo aos poucos e agora me sinto preparado para tudo.

Meu poder. Aquele que me foi dado pelo alguém mais inconveniente possível: All For One, agora, meu chefe. Já estava quase conseguindo controlá-lo por completo. Quase... Se não fosse por eu me machucar muito com os golpes. Ainda não sei do que se trata exatamente mas parece ser do tipo que aumenta sua força, agilidade, velocidade, sua potência, etc. Coisas que normalmente os seres humanos adquirem com treinamento máximo só que 1.000 vezes mais poderoso. Na primeira vez que usei esse poder não me machuquei tanto. Acho que acertei a regulagem do poder. Só tenho que fazer de novo. Mas não será tão fácil, tenho certeza.

Estava eu em casa, dentro do meu quarto, escrevendo algumas anotações no meu caderno quando ouvi minha mãe me chamar do andar de baixo.

— Izuku! Venha! O jantar está pronto!

— Hai! Já vou! — Respondi de volta e me levantei.

Desci as escadas e me encontrei com ela arrumando a mesa.

— Pode me ajudar aqui, querido?

— Claro.

— Ponha os talheres e os copos, onegainee. *Por favor* — pediu ela.

Fiz como me foi pedido. Arrumei tudo como um bom garoto. Essas coisas normalmente compensavam o fato de eu estar sempre saindo de casa. Mesmo assim, sinto que ela não deve estar se sentindo confortável em me deixar sair sempre.

Tenham medo... Porque estou aqui [VILLAIN DEKU]Onde histórias criam vida. Descubra agora