47 - DollHouse

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Deku On
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Terminei de fazer os curativos em seus braços e me levantei para guardar a caixa de primeiros socorros de volta na gaveta abaixo do guarda roupas.
Achei que ele não gostasse de manter contato visual com as pessoas – e deve não gostar mesmo – mas, no momento, ele não tirava os olhos de mim.

— Por que...? — disse quase sussurrando o maior.

— Nani?

— Por que... Esta me ajudando tanto assim?

— Digamos... Que eu também tenha alguns problemas com certos super heróis. — respondi omitindo meus pensamentos.

— Você?

— Todoroki, qual o herói que você mais admira? — questionei ainda de costas para ele.

— Herói...? Acho que... All Might. — respondeu sem hesitação.

De início senti uma pontada de nervosismo ao ouvir esse nome. Não podia culpá-lo. Ele já sofria sendo filho de um herói super abusivo. Acho que não merecia saber da verdade sobre o símbolo da paz... Não agora.

— Jura? O meu também! — disse sorrindo para ele — Ele é incrível, não é?

— Hm. — consentiu ele — Eu o admiro desde criança.

— Entendi. Ele já falou com você alguma vez?

— Acho que aquilo não contou como uma conversa. Foi mais pra uma parabenização por eu ter sido recomendado a U.A. Mas ele é mil vezes melhor que aquele... monstro...

Apenas esqueça isso. Você está seguro agora. Não vou deixar nada disso acontecer de novo, eu prometo. — sorri docemente para o bicolor.

Não consegui ver direito pois ele virou o rosto rapidamente para o lado, mas acho que estava vermelho.

— Então... Qual foi o seu problema com esse tal herói? — questionou ele mudando de assunto — Disse que também tinha...

— Ah, sim, bem. Naturalmente eu sei o nome de todos os heróis existentes mas... Não me lembro muito desse. Só lembro que ele... — parei pra pensar numa forma de omitir a verdade — ...ele... Não gostava muito de mim por eu ser, digamos, diferente.

Ele percebe minha dificuldade em contar essa história e acaba por finalizá-la.

— Pois bem, com o tempo tudo vai se ajeitar... Eu espero. Acho que podemos dormir agora.

— Hai.

Ele se deitou no colchão e eu em minha cama para dormírmos.
Não demorou muito tempo para que ele pegasse no sono. A chuva fria que caia lá fora embarcava a janela de vidro por dentro do quarto deixando o ar mais húmido e gélido. Para alguém com poderes de gelo ele é bem sensível a esse tipo de frio. Estava coberto dos pés ao pescoço com o cobertor e, mesmo com o barulho incessante das gotas caindo no chão da rua, pude ouvir o som de sua respiração, agora mais tranquila e regular.
Parecia que eu havia tirado um grande peso de sua mente e lhe oferecido uma boa noite de sono – coisa que ele tão tinha faz tempo, assim como eu.

Me peguei observando o maior dormir de forma serena ao lado da cama. Ele estava virado de costas para mim, um pouco encolhido em seu colchão. Olhando assim, parece ser apenas um adolescente normal e com muito sono. Mal sabendo eles que este pobre garoto tem um passado e vida tão sombrios quanto ele, por isso está tão cansado.
Tudo isso que ele vive... É tudo falso. O pai abusivo que finge ser um bom herói; a mãe carinhosa que acabou lhe causando muita dor física e psicológica; irmãos assustados que fingem levar uma vida normal e... Sem amigos. Ele carrega isso em sua alma sem demonstrar sentimento algum. É quase como se ele estivesse em uma casinha de bonecas... onde, aos olhos de fora, é tudo perfeito... Mas, por dentro... é podre. Ainda assim, não pode fingir pra si mesmo que está tudo bem. Ele QUER se vingar, e vai, com a minha ajuda.

Se bem que... Todoroki... Você daria um belo de um vilão e agente duplo de uma liga de vilões...
Vendo você assim, me me lembra a mim mesmo a alguns tempos atrás. Mente fraca, facilmente manipulável, revoltado e com ânsia de vingança. Você tem tudo para ser o que pensa!

— ...Hmm... — ele se vira para minha direção e eu fecho os olhos rapidamente.

Ele não acordou.
O bicolor parecia até um anjo dormindo. Aparentemente ele não dormia faz meses.
Ao se virar, acabou tirando o cobertor de seus braços e logo começou a tremer de frio. Não esperei mais para, bem devagar, cobrí-lo novamente com o cobertor. Eu o vi deixar um pequeno sorriso involuntário escapar por seus lábios, o que me fez sorrir também, sem querer.

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QuEbRa De TeMpO
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Depois de, como sempre, muitas horas sem conseguir pegar no sono eu ouvi o despertador soar algo como uma gralha. Eu esfreguei os olhos e me levantei sentando na cama. A chuva havia parado. O clima ainda estava úmido mas o sol pairava do lado de fora, e pequenos raios solares passavam pelas frestas da janela, algumas caindo sob o rosto pálido do garoto bicolor. Ele ainda não havia acordado, e eu não iria fazer isso, então...

Me levantei de vez da cama e, ainda sonolento, caminhei em direção a porta. A abri, saí e a fechei novamente. Fui até o banheiro do andar de baixo e fiz minha higienes diárias. Logo fui preparar o café.

Acho que vou fazer panquecas. Acordei com uma disposição que não sei de onde veio, mas estou.
Peguei os ingredientes na geladeira: Ovos, mel, leite, farinha e algumas amoras. Primeiro de tudo, fiz um suco de laranja pois era o mais fácil.

Não estou fazendo isso por ele... Estou? É o que eu faria com ou sem ele aqui! Não é...?

Enquanto cozinhava escutei uns sons vindos de detrás da casa e um arrepio me subiu a espinha.

— Ah, não. — resmunguei irritado e andei a passos leves, porém apressados, até o galpão no canto interno da casa.

Meus olhos aflitos e desesperados procuravam detectar quaisquer movimentos que ali aparecessem trás da janela. Esperei. Nada aconteceu.

Dei as costas não convencido de que estava seguro.

*Outro barulho*

Corri de volta para a janela e...














Como sempre, parando na melhor parte pq eu amo vcs 💖💖💖🥰um beijo, dois queijos e até a próxima little angels 😇💕💕

Tenham medo... Porque estou aqui [VILLAIN DEKU]Onde histórias criam vida. Descubra agora